O vice-governador Matheus Simões (PSD) disse, nessa terça-feira (23/12), que o estado não pretende, inicialmente, federalizar a Companhia de Energia de Minas Gerais (Cemig) e a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), e que isso só será feito se a União exigir.
Segundo ele, o Executivo mineiro acredita que os ativos oferecidos pelo estado para abater parte do débito com a União serão suficientes para reduzir cerca de 20% do saldo devedor e com isso diminuir os juros. Essa é uma das exigência do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag), que vai refinanciar os débitos dos estados com a União em melhores condições.
“Estamos segurando Cemig e Codemig. Só vamos entregar essas duas se o governo federal exigir. Elas não estão na nossa oferta principal”, disse o vice-governador durante evento natalino promovido pelo Serviços Voluntário de Assistência Social (Servas), dirigido por sua esposa, Christiana Renault, no Palácio da Liberdade, na capital mineira.
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Simões afirmou ainda que espera que a União aceite os ativos que o governo ofereceu para abater parte do saldo da dívida com a União, dentro do Propag. Na última segunda-feira (22/12), o Ministério da Fazenda publicou despacho aceitando o pedido de saída de Minas Gerais do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e sua migração para o Propag, que vai oferecer condições melhores de pagamento da dívida, hoje na casa dos R$ 180 bilhões.
Em julho de 2024, Minas aderiu ao RRF, programa de refinanciamento das dívidas dos estados, aprovado durante o governo Michel Temer (2016/2018), antes da aprovação do Propag em dezembro passado.
De acordo com Simões o estado aguarda somente esta resposta para assinar de vez o contrato de refinanciamento dos débitos. Com isso, segundo ele, Minas vai “entrar em um refinanciamento de 30 anos, ao fim dos quais a dívida acabou. Do jeito que vínhamos, a gente ia passar 30 anos pagando e no final ainda teria restos a pagar".
Segundo o vice-governador, na oferta de ativos dentro do Propag, foram oferecidos para o governo federal créditos que o estado tem com a Previdência Social, com fundos nacionais, entre eles o recém-criado Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR), além de royalties da mineração.
Créditos
“Nós oferecemos esses créditos para tentar segurar as empresas. O governo federal tem a opção de recusar os créditos e exigir às empresas. E aí as empresas que estão oferecidas são Cemig em primeiro lugar, e Codemig e Codemge (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) em segundo lugar e, por fim, MGI (Minas Gerais Investimentos)”, afirmou.
Segundo ele, a única empresa que o estado pretende vender é a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), cuja privatização foi aprovada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na semana passada. A lei autorizando a venda foi sancionada nesta semana pelo governador Romeu Zema (Novo).
“A única empresa que já está decidida que será vendida e não federalizada é a Copasa, porque a gente tem que cumprir as obrigações acessórias do Propag com os investimentos ao longo dos próximos anos”, destacou o vice-governador. Uma outra exigência do Propag para alongar o prazo do pagamento da dívida e reduzir os juros é que o estado faça investimentos em áreas estratégicas como saúde, educação e segurança pública.
Sucessão presidencial e Havaianas
Simões também comentou sobre os boatos de que estaria em curso uma articulação para que Zema seja o candidato a vice-presidente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que lançou seu nome para a sucessão presidencial no começo deste mês. De acordo com ele, o “ambiente nacional ainda está muito aberto”, mas hoje, em sua avaliação, tem quatro nomes da direita colocados no páreo.
“O governador Romeu Zema, o governador Ratinho Júnior (PR), o governador Ronaldo Caiado (GO) e Flávio Bolsonaro. É um cenário em que talvez haja uma unificação, mas, neste momento, o que me parece lógico, é que o governador Romeu Zema leve até o final o seu nome como candidato à Presidência da República”, defendeu.
Segundo ele, Zema comanda o segundo maior colégio eleitoral do país e tem uma gestão aprovada por cerca de 65% da população. “Então, não vejo, nesse momento ainda, um motivo de unificação. Mas estamos longe ainda da eleição, pode ser que aconteça no cenário nacional”, avaliou.
Simões também comentou a polêmica envolvendo o comercial das sandálias Havaianas, cuja fábrica está localizada em Montes Claros, no Norte de Minas,
Questionando se também iria aderir ao boicote às sandálias, liderado pela extrema-direita, ele disse lamentar que as empresas tentem passar “mensagens políticas”. “Eu lamento que o Brasil tenha se transformado em um lugar em que até uma empresa desse tamanho use o momento de final de ano para tentar passar mensagem política. Vamos deixar a política com os políticos. As empresas podem se recolher à sua atividade comercial. Elas ficam melhores lá”, afirmou.
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A extrema-direita acusa a tradicional fábrica mineira de chinelos Havaianas de fazer campanha pró-esquerda em função de um comercial onde a atriz Fernanda Torres propõe aos brasileiros que não comecem “2026 com o pé direito”. “O que eu desejo é que você comece o Ano Novo com os dois pés. Os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser”, diz um trecho do comercial das Havaianas, que vem gerando debates, principalmente nas redes sociais.
