A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que investiga desvios em aposentadorias do INSS aprovou nesta quinta-feira (4) a convocação do governador Romeu Zema (Novo).

A justificativa é o fato de a Zema Financeira, empresa da família do governador, ter sido uma das beneficiadas por uma medida provisória do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que autorizou a realização de empréstimos consignados sobre valores do Auxílio Brasil, hoje rebatizado com seu nome original de Bolsa Família, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). 

O pedido de convocação foi apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). De acordo com o deputado, o consignado para beneficiários do BPC e do antigo Auxílio Brasil foi autorizado no governo Bolsonaro e beneficiou apenas 12 instituições que receberam autorização para operar, entre elas a Zema Financeira. O parlamentar também solicitou a quebra de sigilo da empresa, no entanto, não foi aprovado. 

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A convocação foi aprovada com o apoio do Novo e da oposição, que votaram a favor afirmando que Zema não tem o que esconder. 

Antes da aprovação, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos), leu um comunicado do governador endereçado à comissão, no qual ele informou que ele não participa, desde 2018, da administração da Zema Crédito, Financiamento e Investimento S.A. O governador de Minas Gerais afirmou ainda que “não tem esclarecimentos acerca das atividades da Zema Crédito, os quais podem e devem ser prestados pela diretoria da companhia".

No ofício de 54 páginas enviado a CPMI, Zema disse que “a iniciativa (de sua convocação) está revestida de nítido e incontornável propósito político eleitoral incompatível com a imprescindível apuração dos gravíssimos fatos revelados mediante investigação rigorosa e imparcial, exatamente nos moldes que vêm sendo conferidos por essa douta comissão parlamentar”

Durante a reunião da CPMI, a última deste ano, Correia negou que a convocação seja "uma perseguição política". Segundo o parlamentar, o governador ainda mantém 16,41% das ações da Zema Financeira. “Exatamente na data de 2018 que ele saiu da financeira, foi que ele recebeu do governo Bolsonaro a tarefa de fazer consignados do BPC, os mais pobres de Minas Gerais”, afirmou Correia. 

Zema não se manifestou sobre a convocação. 

A CPMI iniciou seus trabalhos em agosto com o objetivo de apurar descontos associativos irregulares da aposentadoria de beneficiários do INSS e também empréstimos consignados fraudulentos.

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