Tarcísio diz a aliados que decisão de Bolsonaro não surpreende, mas grupo crê em mudança
Governador de São Paulo disse que não deve participar de articulações por Flávio junto ao mercado financeiro nos próximos dias, em razão da reação negativa
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse a interlocutores nesta terça-feira (9/12) que a decisão de Jair Bolsonaro (PL) de indicar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência não o surpreendeu e que sua intenção é permanecer no Governo de São Paulo. Apesar disso, aliados próximos afirmam nos bastidores que ainda veem espaço para uma eventual mudança que o leve à disputa nacional.
O governador realizou um evento no Palácio dos Bandeirantes que, segundo a organização, reuniu mais de 200 prefeitos do interior. As eleições de 2026 dominaram os grupos de conversas. Tarcísio fez um discurso centrado em sua gestão e nos investimentos do estado, posou para fotos, conversou com prefeitos e afirmou, em uma das rodas, que conhece Bolsonaro e que o movimento em direção a Flávio era esperado.
Ele também disse que não deve participar de articulações pelo senador junto ao mercado financeiro nos próximos dias, em razão das reações negativas de gestores à decisão do ex-presidente.
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Até a última semana, o governador vinha participando de eventos nos quais abordava temas nacionais e era tratado como presidenciável.
Apesar disso, afirmou a interlocutores após a escolha de Flávio que não tem perfil de articulador político e citou, como exemplo, que no fim de semana, sua preocupação foi acompanhar o Flamengo, seu time, que se sagrou campeão brasileiro deste ano, e a rodada do campeonato.
O governador mencionou que ao menos três secretários devem deixar o governo para disputar as eleições e citou entregas previstas para 2025, como o trecho norte do Rodoanel e as linhas 17-Ouro e 6-Laranja do metrô.
Ele foi abordado por jornalistas no evento desta terça, mas preferiu não conceder entrevistas. Na segunda-feira (8), em Diadema (ABC), ele havia dito que apoiará Flávio, mas que a direita deveria apresentar outros nomes à disputa presidencial.
No entorno de Tarcísio, a decisão de Bolsonaro provocou desorganização entre seus principais aliados, que estavam coesos ao redor da campanha presidencial do governador.
Membros do PL avaliam que a candidatura de Flávio é um fato consolidado, mas reversível, e que o foco no estado passou a ser a definição do nome do vice na chapa de reeleição de Tarcísio. O atual vice-governador, Felício Ramuth (PSD), ocupa o cargo, mas o PL pretende reivindicá-lo.
"A gente vai esperar essa consolidação [da candidatura de Flávio]. Aí sim, permanecendo a candidatura do nosso governador Tarcísio de Freitas à reeleição, os partidos que fazem parte da base dele vão sentar e discutir a sucessão, a vice, as duas vagas do Senado", disse o presidente da Alesp, André do Prado (PL), cotado para o governo caso Tarcísio se lançasse à Presidência.
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Um dirigente do PSD afirmou que a candidatura do senador tende a se inviabilizar por falta de apoios antes do período eleitoral e que Tarcísio continua no páreo. Para outro aliado, que falou sob reserva, ao se lançar Flávio assumiu sozinho a articulação da candidatura, tarefa que antes era conduzida de forma compartilhada entre lideranças da centro-direita.
Outro integrante do entorno avaliou que a decisão pode incentivar o centrão a aprovar a anistia, oferecendo liberdade ao ex-presidente em troca da retirada da candidatura de Flávio.
Em Brasília, porém, como a Folha informou, partidos do centrão ameaçam isolar a candidatura do senador e rejeitam a pressão por aprovação do projeto de anistia. Em contrapartida, o presidente da Câmara decidiu colocar em pauta o projeto de lei que reduz penas de condenados por golpismo.