FOLHAPRESS - Integrantes do centrão criticaram a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste sábado (22/11), afirmando que enxergam exageros na medida e que ela não se justifica juridicamente.
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A Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente Bolsonaro nesta manhã, na reta final do processo da trama golpista. Ele está na superintendência da Polícia Federal em Brasília. A PF decretou prisão preventiva, sob a justificativa de garantia da ordem pública diante de uma vigília convocada por Flávio.
Há uma avaliação entre integrantes do grupo que esse fato poderá gerar novos atritos do Congresso com o Supremo Tribunal Federal (STF), além do próprio governo Lula (PT), em um momento em que os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), estão descontentes com o Palácio do Planalto.
A prisão deste sábado também deve voltar a movimentar políticos que defendem acelerar uma definição da direita para se unir em torno de uma candidatura presidencial que tenha mais chances de agregar apoio para enfrentar Lula em 2026.
Uma parte dos dirigentes do centrão têm manifestado irritação com a família do ex-presidente. Há uma avaliação de que os filhos do ex-chefe do Executivo atrapalham nesse processo de buscar uma unidade na direita.
Lira
O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) afirmou em publicação nas redes nesta manhã que a prisão preventiva "não se justifica" e "reabre as feridas da polarização política".
"A prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro não se justifica e reabre as feridas da polarização política que turva o futuro do Brasil. Nenhum país pode se orgulhar de ter seus últimos presidentes presos. Já faz mais de uma década que essa marcha e contramarcha prejudica a economia, a geração de empregos e criminaliza a política", escreveu Lira.
No começo de setembro, Lira visitou Bolsonaro na casa do ex-presidente, onde ele cumpria prisão domiciliar. O encontro durou cerca de uma hora, e, segundo relatos, o próprio deputado pediu o encontro para prestar solidariedade. A visista ocorreu na véspera do início do julgamento da Primeira Turma do STF sobre a trama golpista de 2022.
Na campanha de 2022, Lira declarou apoio à eleição de Bolsonaro e participou de ato ao lado do ex-presidente.
Prisão
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, também criticou a prisão de Bolsonaro em publicação nas redes e prestou solidariedade ao ex-presidente. Ele afirmou que a detenção é um triste episódio na história da política brasileira e falou em medida "jurídica tão severa injusta".
"A prisão do presidente Bolsonaro é mais um triste episódio nesta época tão turbulenta da política brasileira. Registro minha incompreensão por uma medida jurídica tão severa e injusta, especialmente quando sua saúde inspira cuidados. Minha solidariedade ao presidente Bolsonaro", escreveu Kassab.
O dirigente partidário é secretário do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), apontado como possível adversário de Lula nas eleições do próximo ano.
Um cardeal do grupo afirmou à reportagem, sob reserva, que esse fato deverá elevar a temperatura do cenário político nesta semana, com possibilidade de agravar a polarização entre esquerda e direita. No Congresso, prevê um aumento de pressão sobre Motta para pautar o projeto de lei da anistia.
Ele afirma ainda que a prisão preventiva poderá acelerar a decisão da direita na escolha de um candidato para 2026. Esse político também diz que, neste primeiro momento, é preciso definir quem será o adversário de Lula para, num segundo momento, analisar as possibilidades de vice, fazendo pesquisas e avaliando quem agregará mais ao projeto nacional.
Um outro integrante do centrão diz enxergar com desconfiança a prisão neste sábado, afirmando que, na avaliação dele, haveria outras medidas a serem tomadas antes dessa decisão. Ele também diz enxergar possibilidade de tensionamento na relação entre os Três Poderes nos próximos dias.
O presidente do PP, Ciro Nogueira, afirmou nas redes sociais que a prisão é "mais uma provação no martírio" que Bolsonaro está passando. O dirigente partidário foi ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro e atua hoje na articulação de uma chapa para competir com Lula no próximo ano.
"Todos que conhecem e admiram o presidente Bolsonaro, como eu, sabem o sofrimento e a fragilidade que seu estado de saúde está impondo ao seu corpo e os cuidados que exige 24 horas por dia. A prisão preventiva é mais uma provação no martírio que está passando. Toda nossa solidariedade a ele e a seus familiares. Mitos não sucumbem a violências. São eternizados por elas. Deus abençoe e proteja o presidente Bolsonaro", afirmou Ciro.
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O líder do PP na Câmara, Doutor Luizinho (RJ), também se queixou da prisão neste sábado. Ele afirmou que Bolsonaro estava em prisão domiciliar sob escolta da Polícia Federal e com "saúde debilitada", não enxergando motivos para ela ter ocorrido. "Esta cultura de perseguição aos ex- presidentes tem que acabar!", escreveu o deputado, nas redes.
