BH prepara pedido de empréstimo para obras do Novo Anel Rodoviário
Pacote inicial deve contemplar três intervenções prioritárias, enquanto prefeitura e concessionárias discutem soluções para trechos críticos; expectativa é envi
compartilhe
SIGA
A Prefeitura de Belo Horizonte está finalizando um projeto de lei que detalhará as primeiras obras a serem executadas com o empréstimo de R$ 1 bilhão junto ao Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o banco dos Brics. A proposta, de caráter autorizativo, também permitirá ao município contratar oficialmente o financiamento anunciado em 9 de outubro, durante visita do prefeito Álvaro Damião (União Brasil) à sede da instituição em Xangai, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, que preside o banco desde 2023.
A informação foi revelada pelo diretor de Gestão do Anel Rodoviário da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Fernando de Oliveira Pessoa, durante audiência pública realizada na Câmara Municipal na tarde desta quinta-feira (27/11). O encontro foi solicitado pelo vereador Irlan Melo (Republicanos), na Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços, e serviu para atualizar parlamentares sobre o cronograma das intervenções previstas no chamado Novo Anel Rodoviário.
Segundo Pessoa, o PL está em fase final de elaboração e deve ser enviado ao Legislativo “em breve”. O texto irá listar as obras incluídas na primeira leva de intervenções a serem executadas com os recursos do NDB. O diretor destacou que, embora o anúncio do financiamento gere expectativa, há etapas técnicas que ainda precisam ser cumpridas para que as intervenções saiam do papel.
Leia Mais
As três obras definidas para essa primeira fase estão na interseção da Avenida Amazonas com o viaduto sob a Avenida Teresa Cristina; no viaduto da Praça São Vicente; e o alargamento do viaduto São Francisco. Todas elas estão em trechos de alto fluxo e foram consideradas prioritárias pela equipe técnica.
A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) já elaborou estimativas iniciais de custos, mas a definição final das soluções depende de revisão dos projetos.
“Isso leva um tempo. O que está definido para ser executado são essas três obras. Ainda depende de um estudo para a definição das soluções, muitos projetos já foram elaborados, cada um tem uma vertente, um determinado objetivo, e eles precisam agora ser revistados”, disse Pessoa. A expectativa é consolidar esses estudos até o ano que vem.
Durante a audiência, o vereador Irlan Melo voltou a cobrar a ampliação das faixas de tráfego no trecho do pontilhão da linha férrea entre os bairros das Indústrias e Vista Alegre, área frequentemente congestionada e que aparece como uma das demandas mais antigas de quem utiliza o Anel.
Ele ainda sugeriu a construção de uma alça de acesso entre o Bairro Buritis, na Região Oeste de BH, e o Anel Rodoviário, ideia prevista em estudos preliminares, mas fora do pacote inicial. Pessoa reforçou que, por enquanto, somente as três intervenções principais compõem o escopo garantido com o empréstimo.
Há, no entanto, uma quarta obra que pode entrar na primeira etapa, caso avanços sejam firmados com a concessionária responsável pela BR-040. Trata-se da readequação da interseção da rodovia na saída para Brasília. Na concessão do trecho entre o Anel Rodoviário e Citrolândia, em Betim, na Grande BH, já está previsto o alargamento da pista, que passará a contar com seis faixas por sentido —quatro na pista central e duas nas marginais.
O problema, como explicou o diretor, é que a ampliação da BR-040, se feita sem melhorias no Anel, criaria um “funil” capaz de transformar a chegada à via urbana em um grande congestionamento. Por isso, a Prefeitura enviou à concessionária um conjunto de alternativas, pedindo soluções que evitem esse colapso. A empresa, que já apresentou a demanda à ANTT para inclusão de obras adicionais no contrato, tem até março para entregar os estudos. “Seria mais uma obra para aliviar esse trecho todo, a gente espera contar com isso”, completou.
Outro ponto discutido na audiência foi o impacto das obras da Linha 2 do metrô, que também cortará trechos do Anel Rodoviário. Um convênio entre prefeitura, governo do estado e a concessionária Metrô BH está em elaboração para viabilizar as intervenções, com recursos já assegurados. A Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) conduz, paralelamente, o levantamento para remoção de famílias que vivem em áreas diretamente afetadas pelo traçado.
Apesar da expectativa em torno do empréstimo, Fernando Pessoa reforçou que os R$ 1 bilhão não serão suficientes para revitalizar todo o Anel. “Esperamos, mais para frente, contar com outro financiamento. Tem muita coisa a ser feita ainda”, afirmou. O município calcula que diversas obras ainda serão necessárias para adequar a rodovia ao fluxo atual e reduzir o número de acidentes, um dos principais objetivos da municipalização.
A Prefeitura de Belo Horizonte assumiu oficialmente a gestão de 22,4 quilômetros do Anel Rodoviário em 3 de junho deste ano, após acordo com o governo federal. O trecho corresponde à soma de partes das BRs 262, 381 e 040, entre o bairro Olhos d’Água e a Avenida Cristiano Machado.
A partir da municipalização, cabe ao Executivo municipal conduzir obras, definir intervenções, cuidar da operação viária e coordenar ações de modernização. A mudança também permite que o município execute diretamente serviços de manutenção e desenvolvimento urbano na via, tratada agora como corredor estratégico para a mobilidade da capital.
Ainda há um segmento, de 4,1 km, sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), entre Belo Horizonte e Caeté. As obras de ampliação, restauração e construção de marginais nesse trecho estão em andamento e devem durar entre três e quatro anos. Só depois dessa entrega é que a última parte da rodovia também será transferida à gestão municipal.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Enquanto isso, o Dnit mantém obrigações de conservação, incluindo recapeamento e sinalização horizontal na BR-040, ações previstas para conclusão até outubro.