Silveira diz ter se surpreendido com suspeitos de fraudes ambientais em MG
Delegado Rodrigo de Melo Teixeira e advogado Caio Mário Trivellato Seabra Filho foram presos sob suspeita de participação em um esquema de fraudes ambientais
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou nesta segunda-feira (22/9) ter sido surpreendido com o envolvimento de dois indicados por ele em cargos ligados à sua pasta na Operação Rejeitos, deflagrada pela Polícia Federal (PF) na semana passada. O delegado Rodrigo de Melo Teixeira e o advogado Caio Mário Trivellato Seabra Filho foram presos sob suspeita de participação em um esquema de fraudes ambientais.
Teixeira havia sido nomeado diretor administrativo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), estatal vinculada ao ministério. Já Seabra Filho ocupava uma diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM).
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“Todos nós ficamos surpresos. É importante destacar que os dois nomeados no governo federal, um é delegado com 25 anos de serviço prestado, com a ficha altamente ilibada até então. O outro já estava desde 2020 na Agência Nacional de Mineração. Ambos foram afastados imediatamente, porque as instituições estão acima das pessoas. Cabe agora à Justiça, à Polícia e ao Ministério Público cumprir o seu dever”, disse Silveira, ao defender o direito ao contraditório e à ampla defesa.
A declaração foi dada durante evento do setor mineral, realizado em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que reuniu lideranças e especialistas da área.
Indicações
O ex-diretor da ANM foi sabatinado e aprovado pelo Senado em dezembro de 2023, após a indicação do Ministério de Minas e Energia, sob gestão de Silveira. Seabra Filho chegou a publicar em suas redes sociais uma foto com Silveira na posse do ministro, na qual desejava “sucesso no cargo” e dizia ter expectativas em relação à prioridade da mineração na gestão do ministério.
Segundo a PF, ele mantinha contato frequente com João Alberto Lages, apontado como um dos líderes da organização criminosa nas fraudes ambientais, a quem se referia como "chefe". Envolvido no Projeto AIGA, propôs alteração de resolução da ANM para beneficiar a Aiga. A corporação também aponta indícios de recebimento de R$ 3 milhões em propina.
Já o delegado Rodrigo de Melo Teixeira teve sua nomeação aprovada pela Casa Civil. Ele também foi indicado por Silveira para integrar o Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras em setembro de 2024. A revista Veja havia noticiado à época que a indicação teve o apoio direto de Silveira.
As mensagens apreendidas na operação destacam que Teixeira usava sua posição para influenciar investigações e nomear pessoas favoráveis. O ministro Alexandre Silveira não é citado em documentos da Polícia Federal nem em decisões judiciais relacionadas à operação.
Operação Rejeito
A operação foi deflagrada nessa quarta-feira (17/9) pela PF em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, foram determinados 22 mandados de prisão, além de 79 mandados de busca e apreensão. Houve também o bloqueio de R$ 1,5 bilhão em ativos e a suspensão das atividades de empresas envolvidas no esquema.
Segundo a investigação, a organização criminosa corrompia agentes públicos para obter autorizações e licenças ambientais de forma irregular mediante pagamento de propina.
Dentre os órgãos citados estão o Iphan, a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) e o próprio Iepha.
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O Estado de Minas revela, desde abril, denúncias sobre irregularidades no setor, apontando para o avanço de investigações contra empresários e servidores suspeitos de facilitar crimes ambientais em Minas Gerais.