Em 26 de março desse ano, a PC de Uberaba apreendeu com os então investigados quatro celulares, um computador, pendrives e dois chips -  (crédito: PCMG/Divulgação)

Em 26 de março desse ano, a PC de Uberaba apreendeu com os então investigados quatro celulares, um computador, pendrives e dois chips

crédito: PCMG/Divulgação

Falsidade ideológica, difamação e associação criminosa: estes foram os crimes citados em inquérito policial da Polícia Civil (PC) de Uberaba, no Triângulo Mineiro, por meio da Delegacia Especializada Antidrogas, finalizado nesta semana e que indiciou quatro suspeitos. Eles teriam praticado os crimes contra a prefeita Elisa Araújo (Solidariedade). Além dos indiciados, outras pessoas foram ouvidas na condição de investigados.

 

O Estado de Minas teve acesso ao documento completo do inquérito. Entre os indiciados estão um assessor da Câmara Municipal de Uberaba que ainda não foi exonerado e um ex-vereador, que é pré-candidato a prefeito da cidade.

 

 

No inquérito policial consta que eles se reservaram ao direito de permanecer em silêncio. A reportagem procurou os mesmos, mas não obteve retorno.

Duas linhas telefônicas ilegais

Conforme o inquérito policial, dois chips telefônicos teriam sido cadastrados, indevidamente e sem autorização, em nome da prefeita de Uberaba. Foram apreendidos quatro celulares, uma CPU de computador e quatro pendrives.

 

“A suspeita era de que alguma pessoa vinculada ou que apoia o ex-vereador cadastrou duas linhas telefônicas com os dados da prefeita”, diz um dos trechos do inquérito policial.

 

Através da lista de contatos fornecida pelo Google, policiais civis afirmaram no inquérito que conseguiram confirmar que um dos assessores da Câmara Municipal de Uberaba era a pessoa que estava utilizando os chips e e-mail vinculados a prefeita de Uberaba.

 

Diante das informações compiladas pelos investigadores através da cautelar de interceptação telefônica/telemática, a PC de Uberaba afirmou que chegou a uma “quase” conclusão de que um outro indiciado teria habilitado as linhas com os dados de Elisa, utilizando a internet fixa (wifi) do apartamento onde vive com a esposa. Em seguida, ele teria repassado estes dados para um outro indiciado que, por fim, estaria “usufruindo” para participar de grupos de política de oposição da atual gestão de Uberaba.

 

O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

 

Falsidade ideológica

Segundo as investigações, um dos chips habilitados com os dados da prefeita de Uberaba aconteceu em 21 de outubro do ano passado. É a mesma data do primeiro registro do e-mail elisapref24@gmail.com.

 

 

Dois dos indiciados, ainda conforme a PC de Uberaba, no momento em que habilitaram as linhas telefônicas criaram o e-mail e deram informações falsas às empresas Claro, Algar e Google. “Para, num segundo momento e na condição de anonimato, cometerem crimes contra a honra da atual prefeita do Munícipio”, complementa um outro trecho do inquérito.

 

A PC de Uberaba também destaca que a única justificativa para esta conduta dos alvos era realmente não serem descobertos, pois com os números “fakes” poderiam divulgar comentários/matérias/vídeos com conteúdo difamatório.


Difamação

Também consta no inquérito policial que o objetivo principal do assessor da Câmara Municipal e um outro indiciado, “com certeza, era publicar e divulgar comentários/vídeos/materiais em redes sociais que manchassem a reputação de Elisa, independentemente, se o que estava sendo publicado era verdadeiro ou não”, afirma o inquérito.

 

“O que os alvos divulgavam não eram apenas críticas à atual Administração da Prefeita, mas sim conteúdo que pudesse denegrir a imagem da Prefeita. Os investigados tinham conhecimento do que estavam fazendo não era lícito tanto que habilitaram linhas de telefone e criaram e-mail “fakes”. A obsessão em prejudicar Elisa era tão grande que criaram contas no Instagram de apoio a vítima, porém ao se atingir um número expressivo de seguidores, revertiam para passar a proferir críticas contra ela”.

 

Também consta no inquérito policial que as difamações postadas na internet, via de regra, vinham sempre após vídeos de promoção do ex-vereador.

 

“Não há dúvida alguma de que o grande beneficiário das difamações, nos contextos em que elas ocorreram, era o ex vereador. E ele tinha pelo conhecimento disso. Os grupos de Whatsapp possuíam seu nome, para sua promoção e ele era integrante na condição de administrador”, afirma outro trecho das investigações.

Associação criminosa

Os indiciados, segundo a PC de Uberaba, tinham como foco criação de estratégias para difamar Elisa. Por meses os alvos uniram esforços para produção de conteúdos difamatórios. “Foram temas ruins sugeridos para associarem a gestão Elisa a mortes de crianças nos hospitais, exposição de arte, desvios de doses de vacina da COVID, etc. Os quatro indiciados interagiam com sugestões e informações”.

 

No inquérito da PCMG ainda consta que quando o grupo produzia vídeos, o ex-vereador era o interlocutor e o restante ficava por conta da divulgação nas redes sociais.

 

“Este grupo tinha mecanismos para espalhar em massa o que era produzido tanto aos seguidores do ex-vereador como também para os apoiadores de Elisa. Não há dúvida de que os quatro mencionados acima integravam uma associação criminosa com foco em difamar a vítima”.