Alexandre Padilha foi o escolhido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva para ser Ministro das Relações Institucionais -  (crédito: AGÊNCIA BRASIL)

Alexandre Padilha foi o escolhido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva para ser Ministro das Relações Institucionais

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O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) minimizou nesta segunda-feira (5/2) a pressão feita pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e disse que governo Lula (PT) não rompeu nem nunca romperá relação com o Congresso.

Padilha afirmou ainda que outros ministros que ajudaram na articulação política ano passado continuarão atuando neste ano e concluiu dizendo que seu ministério é de relações institucionais, não interpessoais --numa referência indireta à escalada de tensões com o presidente da Câmara.

A declaração foi dada antes da cerimônia que marca a abertura do ano legislativo. Padilha e o ministro Rui Costa (Casa Civil) foram escalados por Lula para representar o Executivo no evento.

"Nunca existiu qualquer rompimento, nem nunca existirá. Esse governo não gera conflito, nem entra em conflito. Estamos num grande esforço de reabilitação de relações institucionais no país. Por isso que o presidente Lula pediu para criarmos o ministério de relações institucionais", disse a jornalistas ao chegar na Câmara dos Deputados.

"Não é ministério das relações interpessoais, é ministério das relações institucionais, e as relações do governo federal, do Executivo com Congresso estão melhores do que nunca", completou. Padilha brincou ainda que, neste ano, se repetirá a dupla de Executivo e Legislativo, como as cantoras Simone e Simaria.

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"Quanto mais ministros conversando com Congresso melhor, para o governo e para o meu trabalho. Todos que já entraram em campo ano passado vão estar em campo neste ano também", disse ainda.

Padilha contou que Lula pediu que ele organizasse um encontro com líderes do Congresso após seu retorno da viagem internacional à África no fim do mês.

Lira culpa o ministro por descumprimento de acordos, sendo o principal deles a liberação das verbas de emendas parlamentares negociadas com os deputados --ele também já fez chegar a Lula por interlocutores que, sem a troca do ministro, a pauta do governo na Casa não avançará.

Apesar da pressão de Lira e de cúpulas da Câmara, Lula indicou a aliados que não trocará Padilha. Aliados dos dois políticos afirmam que eles deverão se encontrar com o retorno das atividades parlamentares (apesar de não ter uma data marcada).

Por outro lado, nos últimos dias, Lula fez uma série de gestos a Pacheco e ao vice-presidente da Câmara, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), que é um dos nomes cotados para suceder Lira na presidência da Casa em 2025 e que busca apoio do Executivo.

Lula já sinalizou que sua intenção é apoiar a candidatura de Pacheco ao governo de Minas em 2026 e, segundo aliados do petista, ele espera contar com apoio do parlamentar para postergar até meados de março a convocação de sessão do Congresso em que deverão ser votados os vetos presidenciais ao Orçamento de 2024.

Um dos pontos de atrito entre o Executivo e o Legislativo nesse começo de ano é o veto de Lula de R$ 5,6 bilhões às emendas de comissão dos parlamentares, que tende a ser derrubado pelo Congresso. Há também queixas sobre a MP editada pelo governo no fim do ano que trata da reoneração da folha de pagamento.

Em ano apertado pelas eleições municipais, quando tradicionalmente o Congresso fica mais esvaziado durante o processo eleitoral, os parlamentares deverão priorizar, novamente, pautas econômicas, a exemplo do que ocorreu em 2023.