A retomada das obras foi celebrada em cerimônia com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Lula deve ser acompanhado por ministros que possuem entregas à fazer em Minas Gerais, além de aliados dentro do Estado

crédito: Ricardo Stuckert / PR

Pela primeira vez em solo mineiro desde que venceu as eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca em Belo Horizonte na próxima quinta-feira (8/2), onde fará um evento para falar sobre os investimentos do Governo Federal em Minas Gerais. A expectativa é que o presidente divulgue os números do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no estado e faça acenos para sua base, em uma espécie de “prestação de contas”.

 

O presidente também era esperado em Juiz de Fora, na Zona da Mata, onde assinaria a ordem de serviço da retomada das obras do novo Hospital Universitário, No entanto, a agenda deve ser concentrada na capital mineira. A informação foi confirmada à reportagem pela prefeita Margarida Salomão (PT), que virá até BH para a reunião.

 

Minas foi um dos sete estados em que o presidente não esteve no primeiro ano do seu terceiro mandato. Porém, Minas é a única unidade da região sudeste em que Lula venceu Jair Bolsonaro (PL) no último pleito presidencial, mesmo que por uma margem apertada de 50,2% contra 49,8% do ex-presidente.

 

Após assumir o Palácio do Planalto, o petista focou na sua agenda na busca por investimentos estrangeiros, avaliando que o país teve a imagem afetada pela política internacional praticada por Bolsonaro. Lula participou de reuniões do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, e da cúpula dos líderes do G7, além de missões na China, Índia e outros países onde o Brasil possui relações bilaterais estratégicas, como a Alemanha.

Porém, como já demonstrado no primeiro mês de 2024, Lula deve voltar suas atenções para a agenda local, tendo em vista um ano de eleições municipais onde o Partido dos Trabalhadores (PT) vê como fundamental a consolidação das bases do governo e o enfrentamento ao bolsonarismo nos municípios. Antes de desembarcar na capital mineira, o petista deve passar pelo Rio de Janeiro.


Na última sexta-feira (2/2), o mandatário esteve em São Paulo para três eventos. Primeiro ele fez acenos para o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em um ato que classificou como “civilizatório”, anunciando a construção do túnel que liga as cidades de Santos e Guarujá. Depois, ele visitou a fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, ao lado de lideranças empresariais. Por fim, ele participou do ato de filiação da ex-prefeita da capital paulista, Marta Suplicy, ao lado do seu afilhado político e pré-candidato a prefeito, Guilherme Boulos (PSOL-SP).

 

Em BH a dinâmica tende a ser parecida. O presidente é esperado às 10h no complexo do Minascentro, onde o PAC será o catalisador da atenção. Minas Gerais é o segundo estado que mais deve receber investimento do principal programa de desenvolvimento do governo Lula, com recursos na casa de R$ 171,9 bilhões em obras, como a concessão/duplicação da BR-381, entre Governador Valadares e Belo Horizonte, concessões das BR-153, 262 e 040, além de moradias do Minha Casa, Minha Vida.

 

Minas também é o estado da região que mais enviou propostas ao PAC seleções, destinado aos municípios que possuem demandas específicas dentro de cinco eixos, em editais que somam R$ 136 bilhões. No eixo Cidades Sustentáveis e Resilientes, por exemplo, o investimento no estado é de R$ 15,2 bilhões, em “Transporte Eficiente e Sustentável”, reunindo investimentos em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias, o investimento é de R$ 62,5 bilhões.

 

Nesse sentido, o presidente deve ser acompanhado, principalmente, pelos ministros que possuem entregas à fazer no estado, como o titular da pasta da educação, Camilo Santana; da saúde, Nísia Trindade; transportes, Renan Filho; das cidades, Jader Barbalho Filho; o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, além do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG) - o único mineiro no primeiro escalão.

 

Lula também deve estar acompanhado de lideranças do Congresso Nacional, em especial o presidente do Legislativo, senador Rodrigo Pacheco (PSD), e do vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Rogério Correia (PT-MG), um dos principais articuladores da visita do mandatário e pré-candidato do PT à prefeitura de Belo Horizonte. O prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), também é esperado no palanque presidencial.

 

Zema

 

Com uma relação política distante de Lula, o governador Romeu Zema (Novo) enviou um ofício solicitando uma reunião de 30 minutos com o presidente durante a passagem por Minas Gerais. A informação foi revelada pelo vice-governador Mateus Simões (Novo), durante evento na sexta-feira (2/2).

 

Segundo Simões, o governo de Minas quer tratar de temas relevantes para Belo Horizonte, região metropolitana, mas em especial do estado. A principal pauta em comum entre a gestão do Palácio do Planalto e do Palácio Tiradentes, hoje, é a dívida do estado com a União, com cifras avaliadas em R$ 160 bilhões, e que já causou atrito entre Zema e Lula no fim de 2023.