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'Literatura não é material didático:é atividade de risco, território livre'

O escritor Cristovão Tezza reflete sobre seu ofício no posfácio de "Ensaio da paixão" (1986), que acaba de ser reeditado pela Record

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“Literatura – como atividade adulta – não é material didático. A sua força está na direção contrária: a literatura expressa uma voz individual, única, intransferível, e é exatamente nisso que reside seu interesse; é por natureza uma atividade individualista, realizada sobre a matéria bruta, e social, da linguagem. Fazendo uma metáfora com um toque de exagero, ela é uma experiência pessoal destinada não a ensinar o que o autor sabe, mas para ele mesmo descobrir, pela escrita, o que ainda não sabe, e eventualmente partilhar com o leitor. É uma atividade de risco, um ato de existência e um território livre; ela tem de ser um território livre para fazer sentido. E esse ‘livre’ sente alergia congênita a adjetivos e adversativas.”

Cristovão Tezza, no posfácio de “Ensaio da paixão”, originalmente publicado em 1986, e que acaba de ser reeditado pela Record. O livro, de gênese autobiográfica, reflete a vivência do escritor, então adolescente, em uma comunidade de teatro sob o ideário da contracultura no fim dos anos 60.

capa do livro "Ensaio da paixão"

capa do livro "Ensaio da paixão"

reprodução

“Ninguém ali é modelo de nada”

“Há um tom farsesco quase permanente”, escreve Cristovão Tezza no posfácio de “Ensaio da paixão”. “Um humor anárquico, às vezes cínico, com frequência violento e abusivo porque ninguém ali é modelo de nada”, lembra. “Para esta edição, ‘restaurei’ muitas cenas e formas da composição original. Mas, em alguns momentos, cedendo covarde ao espírito do tempo, suavizei a violência preconceituosa de algumas falas (violência que continua presente com outra forma), não para purificar o livro de seus crimes, mas para não ser injusto com os personagens, que seriam julgados, cancelados e trucidados pela letra de leis, normas, eufemismos e critérios então inexistentes”, conta Tezza, ainda no posfácio.

Outros lançamentos

Capa do livro "Como tudo pode desmoronar: pequeno manual de colapsologia para uso  das gerações presentes"

Capa do livro "Como tudo pode desmoronar: pequeno manual de colapsologia para uso das gerações presentes"

reprodução

Como tudo pode desmoronar: pequeno manual de colapsologia para uso
das gerações presentes”
• Pablo Servigne e Raphaël Stevens
• Tradução de Newton Cunha
• Editora Perspectiva
• 252 páginas
• R$ 89,90

“Àquelas e àqueles que sentem medo, tristeza e raiva. Àquelas e àqueles que agem como se estivéssemos no mesmo barco”, trecho escrito na dedicatória do livro “Como tudo pode desmoronar: pequeno manual de colapsologia para uso das gerações presentes” (Editora Perspectiva). A obra de Pablo Servigne, um dos mais conhecidos teóricos do colapso, juntamente com o pesquisador Raphaël Stevens, chama a atenção para os impactos da ação humana na natureza e como as consequências podem transformar a vida na Terra ainda neste século.

O livro explora diferentes pilares que regem os seres humanos e sugere um painel crítico e social que convida o leitor a atender e participar das iniciativas que existem para amenizar os estragos do homem na Terra. “Não é o fim do mundo, mas é o fim de uma era. Precisamos preparar as novas gerações e, ao mesmo tempo, enfrentar os enormes desafios que se apresentam para não sermos meros passageiros à bordo de catástrofe”, escrito na contracapa da obra.

Capa do livro "Mar aberto"

Capa do livro "Mar aberto"

reprodução

“Mar aberto”
• Caleb Azumah Nelson
• Tradução de Camila Von Holdefer
• Editora Morro Branco
• 203 páginas
• R$ 59,90

Vencedor do Costa Award (2021), finalista do Goodreads Choice Award (2021) e do British Book Awards (2022), o romance “Mar aberto” (Morro Branco) é assinado por um dos escritores mais importantes da literatura britânica contemporânea: Caleb Azumah Nelson, filho de imigrantes ganeses que cresceu no sudeste de Londres. Considerado uma história de amor envolvente, o primeiro livro de Azumah Nelson narra o envolvimento de dois jovens que, após ganharem bolsas de estudo em colégios particulares, se encontram em um pub no sudeste de Londres e se apaixonam. No entanto, devido ao medo e à violência, a relação deles pode ser abalada. “O romance dá espaço para questionamentos prementes da subjetividade negra: o que é ser um indivíduo quando o mundo enxerga apenas um corpo negro, como ser vulnerável quando apenas a força é respeitada ou mesmo como encontrar segurança no amor ainda que frente à possibilidade de perdê-lo”, afirma o material de divulgação.

“As abandonadoras: histórias sobre maternidade, criação e culpa”
• Begoña Gómez Urzaiz
• Tradução de Eliana Aguiar
• Editora Zahar
• 270 páginas
• R$ 79,90

Mães que abandonam filhos? Mães que se arrependem da maternidade? Mães que vivem de formas conturbadas? Essas e tantas outras questões envolta da maternidade e da culpa compõem o livro de estreia da jornalista e professora catalã Begoña Gómez Urzaiz, “As abandonadoras: histórias sobre maternidade, criação e culpa” (Editora Zahar). “Desconfio que muitas das abandonadoras páginas buscavam um impossível: ter filhos sem ter que se transformar em mães. Não consigo imaginar desejo mais compreensível”, escreveu a autora na contracapa. No livro, a história e a trajetória de mulheres que decidiram deixar de lado a maternidade. Entre elas, personagens célebres da literatura universal, como Anna Kariênina, de Tolstói, e Nora Helmer, de Ibsen, e histórias verdadeiras. Begoña Urzaiz estará em Belo Horizonte neste sábado para falar sobre o livro em bate-papo com Carla Maia na sede do Instituto Cervantes (Rua dos Inconfidentes, 600, Savassi), às 11h. Haverá sessão de autógrafos depois do encontro, que tem entrada franca.

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