Mau comportamento -  (crédito: Fósforo Editora)

Mau comportamento

crédito: Fósforo Editora

Mau comportamento
•Mary Gaitskill
•Tradução: Bruna Beber
•Fósforo Editora
•256 páginas

Quando foi publicado pela primeira vez, em 1988, "Mau comportamento" causou furor na cena literária americana com suas histórias de obsessão ? frequentemente regadas a sexo, drogas e perversões ? que iluminam o lado menos confessável do desejo humano. Em mais de um conto, mulheres jovens trabalham como prostitutas, orbitando uma Nova York dos anos 1980 que fervilha de aspirantes a artistas lutando por reconhecimento. Em outros, a relação entre duas amigas é construída com refinamento psicológico ímpar. Inveja, vaidade e frustração são sentimentos que Mary Gaitskill leva a sério. Mais de trinta anos após sua primeira publicação, "Mau comportamento" se firmou como um clássico moderno do cânone americano e se apresenta como uma obra que transcende o nosso contexto político atual, como transcendia o de então, confirmando hoje o que já se intuía lá atrás: Mary Gaitskill é muito mais do que a voz de uma geração, é uma grande tradutora da natureza humana.

 

Isso é prazer: + A dificuldade de seguir as regras
•Mary Gaitskill
• Tradução: Bruna Beber
•Fósforo Editora
• 136 páginas

Segundo lançamento da coleção da Fósforo que une contos e ensaios para discutir temas instigantes é um convite a aprofundar o debate sobre assédio sexual. Quin é um editor proeminente de meia-idade da efervescente cena literária de Nova York, acusado de assédio e outros abusos por uma série de mulheres com quem trabalhou, principalmente na condição de chefe. Em seu esforço de processar os fatos que levaram ao seu cancelamento, ele faz uma análise por vezes autocomplacente, por vezes ambígua, entre o ingênuo e o farsesco. “Isso é prazer”, conto escrito em 2019 sob o impacto do movimento #MeToo na realidade norte-americana, alterna entre dois pontos de vista para tratar de um tema que, por vir sempre e necessariamente impregnado de sentimentos, costuma perder nuances com facilidade. Para a autora de "Mau comportamento", livro que nos anos 1980 revolucionou a maneira como a sexualidade feminina é tratada na literatura e que é relançado pela Fósforo no Brasil, só a ficção é capaz de dar conta dessa intrincada trama demasiado humana.

DESAMADA: UM CORPO À ESPERA DO AMOR
•Midria
•Editora Rosa dos Tempos
•116 páginas

Poeta, slammer, cientista social e atualmente mestranda em Antropologia pela FFLCH-USP, em “Desamada: um corpo à espera do amor”, Midria reflete sobre o contrário do amor – isto é, o desamor. A solidão física, corpórea, da falta do toque, da ausência de companhia, seja para dormir de conchinha ou para estar em situações que exigem a companhia de outras pessoas. “Quem vai me acompanhar na endoscopia?”, interroga Midria em algum momento do livro.

QE REGRESSEM
• Georges Perec
•Tradução: Zéfere
• Autêntica Editora
•144 páginas

Pouco tempo depois de ter lançado seu romance sem a vogal E, francês Georges Perec escreveu “Qe regressem”, livro em que o E é a única vogal empregada. Bem como o escritor, o tradutor José Roberto Andrade Féres, ou Zéfere – como prefere ser chamado – passou a se dedicar ao trabalho monovocálico depois de terminar o lipogramático "O sumiço" – tradução premiada com o Jabuti e com o Prêmio Literário Biblioteca Nacional em 2016. A narrativa, originalmente publicada em 1972, mescla de policial e erótico, conta a história de uma orgia organizada com o intuito de se roubarem joias. Na análise de Claude Burgelin, estudioso do autor, Perec promove “na sua festa textual, uma festa sexual”. "Qe regressem" é uma obra experimental que explora as possibilidades da linguagem.

O SUMIÇO
• Georges Perec
• Tradução: Zéfere
• Autêntica Editora
• 256 páginas

Com o lançamento de "Qe regressem", o romance do francês Georges Perec é todo escrito sem a letra E ganhou uma reedição. A inovação da obra não está, porém, apenas na falta da vogal, mas principalmente em fazer do desaparecimento da letra o próprio tema do livro e a lei maior à qual se deve toda a história. O autor cria um mundo de letras, povoado por seres de letras, cujo destino depende também das letras, e, principalmente, do sumiço de uma delas.

Para publicar uma versão em português, exigiu-se do tradutor uma constante tarefa de recriação desses jogos numa outra língua, também amputada de uma vogal que muitos julgariam imprescindível. O criativo trabalho realizado por Zéfere nesta obra foi precedido do estudo de diversos artigos, dissertações e teses de estudiosos de Perec, assim como de tradutores da obra em outras línguas.