O jornal The New York Times criticou, nesta terça-feira (16), um processo de difamação de 15 bilhões de dólares (R$ 79,8 bilhões na cotação atual) movido pelo presidente americano, Donald Trump, e o classificou como uma tentativa flagrante de silenciar o jornalismo independente. 

"Este processo não tem fundamento", afirmou o jornal. "Não tem qualquer alegação legal legítima e, em vez disso, é uma tentativa de amordaçar e desencorajar o jornalismo independente. O The New York Times não se deixará influenciar por táticas de intimidação", acrescentou.

O que aconteceu?

Trump divulgou na segunda-feira o processo contra o jornal por difamação e calúnia.

Em seu novo mandato na Casa Branca, o presidente republicano de 79 anos intensificou sua habitual hostilidade em relação aos meios de comunicação tradicionais, atacando repetidamente jornalistas críticos, restringindo seu acesso ou processando profissionais da imprensa.

O jornal de Nova York informou na semana passada que Trump havia ameaçado iniciar ações legais pela publicação de artigos sobre uma carta de aniversário supostamente enviada por ele ao financista e criminoso sexual falecido Jeffrey Epstein.

A carta contém uma mensagem datilografada inserida no contorno desenhado de uma mulher nua. O presidente dos Estados Unidos nega que a assinatura que acompanha o texto seja dele.

"O New York Times teve permissão para mentir, caluniar e me difamar livremente por muito tempo, e isso acaba AGORA!", escreveu em sua plataforma Truth Social.

"Hoje, tenho a grande honra de apresentar uma ação por difamação e calúnia de 15 bilhões de dólares contra o The New York Times", afirmou o presidente americano.

A ação também é direcionada contra quatro repórteres do jornal e à editora Penguin Random House, segundo a demanda de 85 páginas apresentada em um tribunal distrital da Flórida.

- "Décadas de difamação" -

O documento cita três artigos publicados entre setembro e outubro do ano passado e um livro dos jornalistas Russ Buettner e Susanne Craig.

"O livro e os artigos fazem parte de um padrão de décadas de difamação intencional e maliciosa do New York Times contra o presidente Trump", afirma a ação, com data de 15 de setembro de 2025.

O jornal não respondeu imediatamente ao pedido de comentário da AFP.

Em sua mensagem, Trump classificou o prestigioso jornal como "um dos piores e mais degenerados jornais da história" do país. Ele acusa o NYT de ser "um verdadeiro 'porta-voz' do Partido Democrata de esquerda radical" e de ter apoiado Kamala Harris durante a última campanha presidencial.

O New York Times "está há décadas mentindo sobre seu presidente favorito (EU!), minha família, meus negócios", acrescentou.

A ação apresentada na Flórida solicita 15 bilhões de dólares em compensação por danos, além de uma indenização punitiva adicional "por um valor que será determinado no julgamento".

Esta não é a primeira vez que o magnata republicano apresenta um processo contra grupos de imprensa que considera hostis.

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Em julho, ele reivindicou pelo menos 10 bilhões de dólares (53 bilhões de reais na cotação atual) por difamação ao Wall Street Journal após a publicação de um artigo que atribuiu ao presidente uma carta obscena enviada a Epstein.

No mesmo mês, o grupo Paramount concordou em pagar 16 milhões de dólares (85 milhões de reais na cotação atual) para encerrar uma ação movida por Trump devido à cobertura eleitoral da CBS News, que pertence à corporação.

O presidente argumentou que o popular programa "60 Minutes" editou uma entrevista com sua rival nas eleições presidenciais de 2024, Kamala Harris, para favorecer a democrata.

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