Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Turistas disputam espaço para tirar foto da Mona Lisa crédito: AFP
Ir a Paris, na França, a turismo inclui uma visita ao Louvre, museu mais visitado do mundo: o Louvre, que abriga obras como a Mona Lisa. No entanto, quem foi ao local nessa segunda-feira (16/6) não conseguiu entrar. O museu foi temporariamente fechado por conta de uma greve dos funcionários, que lutam contra o turismo de massa e a superlotação do local.
Em 2024, o Louvre recebeu 8,7 milhões de visitantes – mais que o dobro da capacidade do museu. O local limita a entrada a 30.000 visitantes por dia, com o objetivo de melhorar a experiência de visitação e evitar a superlotação. Mesmo assim, os funcionários relatam que o número é maior que o ideal, devido ao pequeno número de banheiros, áreas de descanso insuficientes e calor excessivo.
Com o museu fechado, milhares de visitantes formaram longas filas, mas não puderam fazer a visita. O movimento contra o turismo vem ocorrendo há meses, com diversos protestos no sul europeu no final de semana.
Foram realizadas marchas em Palma de Maiorca e Barcelona (Espanha), Veneza (Itália) e Lisboa (Portugal). Segundo os críticos, o modelo atual de turismo expulsa os moradores e destrói o cotidiano urbano dessas cidades.
No Louvre, a paralisação ocorreu de forma espontânea, após uma reunião interna. De acordo com a Associated Press, os funcionários se recusaram a assumir os postos de trabalho, como uma forma de protesto contra “multidões incontroláveis, falta crônica de pessoal e condições de trabalho insustentáveis”.
O museu parisiense raramente fecha as portas. Isso ocorreu somente em tempo de guerra, na pandemia e paralisações trabalhistas. No entanto, essa é a primeira vez que o Louvre fecha abruptamente, sem aviso, com uma multidão à porta.
‘Nova renascença do Louvre’
Meses atrás, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou um plano de 10 anos para reformar o Louvre. Os problemas listados incluem infiltrações, variações de temperatura, infraestrutura ultrapassada e número de visitantes além da capacidade.
O plano denominado “Nova renascença do Louvre” inclui a criação de uma sala exclusiva para a Mona Lisa, com entrada controlada e um novo acesso à imagem de Da Vinci. O retrato feito no século XVI é visitado por 20 mil pessoas por dia. Diversos turistas relatam uma disputa por selfies e espaço na sala onde o quadro é exibido.
Uma das obras de arte mais famosas do mundo, a Mona Lisa de Leonardo da Vinci é cercada de diversos mistérios.
Domínio Público/Wikimédia Commons
Um dos enigmas da pintura do século XVI foi, enfim, decifrado, de acordo com o jornal inglês “The Guardian”.
Domínio Público/Wikimédia Commons
Segundo a publicação, a geóloga e historiadora da arte renascentista Ann Pizzorusso identificou a localização da paisagem que é retratada no quadro de da Vinci.
Flickr Jesus Sanchez
Pizzorusso conciliou seus atributos de geóloga e historiadora para chegar à conclusão de que a tela reproduz Mona Lisa na região da Lombardia, no norte da Itália.
Imagem de Joëlle Moreau por Pixabay
O local retratado seria a comuna de Lecco, na província homônima, às margens do lago Como.
Imagem de Aldo Gallo por Pixabay
Um dos símbolos de Lecco, a ponte Azzone Visconti, também conhecida como Ponte Vecchio, seria a mesma pintada na paisagem atrás da Mona Lisa.
Pietro Pensa/Wikimédia Commons
Além disso, Ann Pizzorusso identificou na tela os Alpes e o lago Garlate, que também compõem o cenário da região.
Brianza2008/Wikimédia Commons
A pesquisadora fez uso de programas de geolocalização, como Google Maps e Google Earth, para fazer sua descoberta.
- Reprodução de internet
A paisagem pintada na Mona Lisa sempre foi alvo de controvérsia entre os pesquisadores da arte do gênio renascentista.
Divulgação Ann Pizzorusso
Em 2011, a historiadora Carla Glori sustentou que a cordilheira e a ponte retratadas na obra estão na pequena cidade medieval de Bobbio.
Alessandro Vecchi/Wikimedia Commons
Ann Pizzorusso, porém, sustenta que a ponte por si só não é elemento suficiente para precisar a localidade retratada por Leonardo da Vinci.
Imagem de Stefano Ferrario por Pixabay
"A ponte em arco era onipresente na Europa e muitas pareciam semelhantes. É impossível identificar uma localização exata apenas pela ponte. Todos falam da ponte e ninguém cita a geologia”, argumenta a pesquisadora.
Luisella Aliprandi/Wikimédia Commons
Ela observa que o pintor italiano representou as rochas na tela em cor branco-acinzentada, características das pedras encontradas em Lecco.
Flickr Joan
Pizzorusso também observa que Bobbio e Arezzo não possuem um lago. “Temos evidências perfeitas em Lecco”, completou.
Flickr Marco Varisco
A geóloga apresentou seu estudo sobre a Mona Lisa em uma conferência ocorrida no norte da Itália.
Flickr MarioVare
Ela declarou à rede britânica BBC que reputa Leonardo da Vinci como o “pai da geologia”, por sua capacidade de reproduzir com o máximo de realismo aspectos da natureza.
Domínio Público/Wikimédia Commons
Leonardo da Vinci não restringiu suas atividades à pintura, dedicando-se a outras formas de arte, como a escultura e a poesia, e também com contribuições em diversas áreas do conhecimento, como matemática, anatomia e engenharia. Na imagem, "O Homem Vitruviano", um de seus desenhos mais famosos.
Domínio Público
Estudos sugerem que Leonardo da Vinci pintou a Mona Lisa, também conhecida como “La Gioconda”, entre 1503 e 1506.
Domínio Público
A pintura faz parte do acervo do Louvre, sendo uma das principais atrações do afamado museu de Paris.
Alexandria por Pixabay
As mudanças seriam financiadas pelo valor dos ingressos, por doações privadas, verba estatal e royalties do Louvre Abu Dhabi. No entanto, os sindicatos apontam uma incoerência na fala do presidente, que faz promessa de renovação do espaço, mas reduziu os repasses para o museu em mais de 20% na última década — mesmo com o aumento do número de visitantes.
O museu deve voltar a funcionar amanhã, quarta-feira – já que o Louvre não abre às terças. Turistas com ingressos para segunda devem poder reutilizá-los.