Um 'mestre' que vem adiando sua aposentadoria e um sucessor que não esconde a fome de glória: Rafael Nadal e Carlos Alcaraz formam uma dupla estelar em Paris, mas com pouco treino conjunto e dúvidas sobre o físico do maiorquino na preparação para o tênis olímpico que promete batalhas memoráveis.
Com 22 títulos de Grand Slam e na reta final da carreira, Nadal é o 'professor' que proporciona a sabedoria que os anos trazem.
Ao seu lado, Alcaraz tem um repertório de tênis digno do seu antecessor mas recarregado com a energia dos 21 anos, aos quais chega com 4 títulos de Grand Slams.
Todo um repertório que os classificaria como favoritos ao ouro no saibro de Roland Garros, 'casa' de Nadal - vencedor de 14 títulos - e que coroou Alcaraz pela primeira vez em junho. Porém, a falta de jogo conjunto e a parte física de Nadal esfriam a euforia dos torcedores.
"Entendo a curiosidade, a emoção de nos ver jogar juntos, não vamos pensar que isso se traduz em sucesso", disse Nadal esta semana, em tom reflexivo. Alcaraz acenou com a cabeça ao veterano, mas sem apagar o sorriso.
- Dores no adutor -
À falta de rodagem se soma o extremo cuidado que requer o físico de Nadal, que não treinou nesta quinta-feira.
"Ele sentiu um desconforto ontem [quarta-feira] de manhã (…) e antes que piorasse foi decidido que ele parasse", explicou seu treinador Carlos Moyá em entrevista à Rádio Nacional espanhola.
"Não forçar por enquanto e dar tempo para ver se ele se recupera bem. Veremos em que condições ele estará amanhã e sábado", acrescentou Moyá, que não pôde confirmar "nem que não vai jogar nem que ele vai jogar" em Paris.
A dupla estreia nos Jogos Olímpicos contra os argentinos Máximo González e Andrés Molteni, sextos colocados na pré-classificação.
Antes de enfrentar os rivais, Nadal reconheceu que "a quadra ajuda um pouco", porque dá a opção de construir a partir do fundo. Alcaraz iniciará sua trajetória olímpica sozinho contra o libanês Hady Habib, enquanto Nadal terá pela frente o húngaro Marton Fucsovics (83º). Mas com o bônus de um possível confronto na segunda rodada contra um de seus arquirrivais, o sérvio Novak Djokovic.
- Tão parecidos, tão diferentes -
A força física e a 'garra' sem fim, além da possibilidade de redefinir os movimentos técnicos do tênis sem perder a precisão, tudo isso coincide na dupla espanhola.
No entanto, Alcaraz está longe de ser uma cópia do seu antecessor.
"Tem se falado muito que o jogo dele tem elementos de Roger, Rafa e meus. Eu concordo. Acho que ele tem o melhor dos três", disse o próprio Djokovic após ser derrotado na final de Wimbledon no ano passado.
"Para ser sincero, nunca joguei contra um jogador como ele. Roger e Rafa obviamente têm seus pontos fortes e fracos. Carlos é um jogador muito completo e tem uma incrível capacidade de adaptação", acrescentou a lenda sérvia.
Fora da quadra, a dupla espanhola já conquistou o título de esportistas mais cobiçados pelos demais atletas da Vila Olímpica de Paris.
"Ser tão bons atletas quanto boas pessoas é algo que valorizo muito", disse nesta quarta-feira David Ferrer, um dos treinadores da equipe espanhola, lembrando os 45 minutos que o jantar da delegação foi adiado devido à atenção dos dois tenistas aos pedidos de 'selfies' e fotos nos corredores da Vila Olímpica.
Nadal tem em sua galeria pessoal uma medalha de ouro em simples, em Pequim-2008, e outro ouro em duplas, ao lado de Marc López na Rio-2016.
Alcaraz procura conquistar a 'dobradinha' em Paris... se o físico de Nadal permitir.
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