Casal de macacos em extinção é nova atração do Zoológico de BH
O casal de sauim-de-coleira passou por um período de quarentena, mas agora já pode ser visto pelos visitantes
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O Zoológico de BH ganhou uma nova espécie em exibição. O casal de sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), uma espécie de primata ameaçada de extinção, foi colocado num recinto na área de visitação, nessa quarta-feira (10/12), depois de um período em quarentena. Esta é a primeira vez que a instituição mantém sauins-de-coleira sob seus cuidados.
A fêmea chegou ao Zoológico em junho deste ano, vinda do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, e o macho foi transferido em outubro, do Zoológico de Sorocaba (SP). Eles passaram a compartilhar o mesmo espaço, em condições de reprodução, podendo formar uma nova família.
O casal de sauim-de-coleira passou por um período de quarentena, em espaço reservado, obrigatório para todos os animais que passam a fazer parte do plantel do Zoológico. Eles recebem cuidados médico-veterinários para garantir que estejam saudáveis. Durante esse período, a equipe de veterinários e biólogos faz o acompanhamento diário dos animais, que passam por exames, avaliações clínicas, ajustes na dieta e monitoramento do comportamento.
A transferência para o recinto exposto à visitação foi feita em conformidade com as diretrizes do Plano de Ação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas (ICMBio/CPB), em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB) e o Jardim Zoológico de BH, administrado pela Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB).
Sauim-de-coleira
O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) tem esse nome devido a uma faixa branca de pelos que se estende do peito ao pescoço, lembrando uma coleira.
Atualmente, a espécie vive em uma área restrita a apenas 7,5 km² no Amazonas, nas cidades de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. O animal é o mascote oficial da capital amazonense.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o sauim-de-coleira é um dos 25 primatas mais ameaçados do planeta, com uma queda populacional de 80% desde 1997.
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O macaco vive em uma região impactada por fatores como a expansão urbana, a construção de estradas, a colonização e a agricultura, que contribuem para o risco de extinção.
Ainda segundo o Ibama, os dados são preocupantes, já que a espécie desempenha um papel ecológico fundamental. Sua dieta, que inclui insetos, frutas, néctar, ovos e pequenos vertebrados, contribui para a dispersão de sementes, o controle de pragas e a manutenção do equilíbrio do ecossistema.
O Plano de Ação Nacional (PAN) Sauim-de-Coleira, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), trabalha desde 2011 com a implementação de iniciativas para evitar que a espécie desapareça.
Zoológico de BH
Atualmente, o zoológico de Belo Horizonte abriga mais de 3.500 animais, representantes de mais de 200 espécies. Desses animais, cerca de 800 são aves, mamíferos e répteis. Muitos deles sofrem o risco de extinção, como o tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), dentre outros.
A instituição tem um histórico de sucesso na reprodução e conservação de espécies ameaçadas de extinção. Em 2024, por exemplo, o zoo recebeu o gorila macho Bu Bu, vindo da Hungria, com o objetivo de iniciar um programa de reprodução com as fêmeas que já viviam no local.
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O histórico reprodutivo do zoológico começou com a chegada do gorila Idi Amin em 1975. A formação de um grupo, no entanto, só foi possível em 2010, com a vinda de novas fêmeas da Europa. De 2014 a 2021, nasceram cinco filhotes, um marco histórico por ser o único registro de reprodução da espécie em toda a América do Sul.