"BEBIDA LEGAL"

Sem metanol: plataforma lista bares confiáveis para consumir bebidas em MG

Enquanto proprietários de bares e restaurantes conseguem certificação, clientes poderão conferir listas de estabelecimentos confiáveis em Minas Gerais

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Após dois meses desde que os primeiros casos de intoxicação por metanol foram divulgados, no fim de setembro, dez entidades se uniram e lançaram a “Bebida Legal” - uma plataforma que reúne treinamentos e certificação para estabelecimentos se protegerem contra o comércio ilegal de bebidas falsificadas. 

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Minas Gerais não tem casos confirmados, segundo o Ministério da Saúde. Até o momento, a pasta indica um caso suspeito e uma morte ainda em investigação. O boletim mais recente, divulgado na última quarta-feira (19), registra 16 mortes por intoxicação em todo o país. No total, 97 casos foram registrados, sendo 62 confirmados e 35 em investigação. Mais de 770 suspeitas foram descartadas. 

O estado de São Paulo é o mais atingido, com 48 casos confirmados, sendo cinco em investigação. Do total de mortes, nove ocorreram no estado e 511 notificações de intoxicação foram descartadas pelas autoridades paulistas. 

Os demais óbitos são três no Paraná, três em Pernambuco e um em Mato Grosso. Outras 10 mortes estão sendo investigadas, sendo cinco em São Paulo, quatro em Pernambuco e uma em Minas Gerais. Mais de 50 notificações de óbitos foram descartadas. 

Também foram confirmados casos de intoxicação em outros estados brasileiros: seis no Paraná, cinco em Pernambuco, dois em Mato Grosso e um no Rio Grande do Sul. Casos suspeitos são investigados em sete estados brasileiros, sendo 12 em Pernambuco, cinco no Piauí, seis no Mato Grosso, dois no Paraná, dois na Bahia, um em Minas Gerais e um no Tocantins. 

Como essa iniciativa protege o consumidor? 

Inicialmente, a plataforma “Bebida Legal” irá oferecer treinamentos e certificação para os estabelecimentos participantes, reconhecendo os bares e restaurantes que concluírem o curso de boas práticas. Já os consumidores poderão buscar a lista de estabelecimentos capacitados e certificados. 

Em entrevista ao Estado de Minas, o presidente da Associação de Bebidas Destiladas (ABBD), Eduardo Cidade, explicou que o site é fruto de um “movimento multissetorial” e está estruturado em alguns eixos principais: capacitação, certificação e confiabilidade, rastreabilidade logística reversa, proposições normativas e cooperação institucional, comunicação e divulgação, segurança pública e sanitária. 

“O treinamento é gratuito e o tempo para realizá-lo vai depender do usuário. Além de assistir ao treinamento, o dono do estabelecimento precisa responder, ao final, algumas perguntas relacionadas ao tema. Assim, ele recebe um certificado de conclusão desse curso”, contou Eduardo.

Ainda no intuito de disseminar conscientização, o site apresenta quais são os sinais mais comuns de falsificação e irregularidades, além de orientar sobre qual a forma de descarte correta de garrafas de uso único. 

Entre as dicas compartilhadas, estão sinais que podem indicar autenticidade ou irregularidades nas garrafas, tampas e até mesmo nos líquidos. A plataforma também auxilia sobre como identificar um selo IPI original, uma etiqueta fiscal obrigatória em bebidas alcoólicas importadas e alguns produtos nacionais para controlar o pagamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 

Desde o início dos casos de intoxicação por metanol, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG) e outras entidades, já realiza cursos de orientações para proprietários de estabelecimentos. Até agora, mais de 15 mil bares e restaurantes já participaram. 

“Agora, essa plataforma traz mais agilidade para esse treinamento. A ‘Bebida Legal’ pode ser acessada na hora que o dono ou a dona do estabelecimento quiser e tem todas as indicações de como fazer uma compra segura, evitando falsificação e adulteração de bebidas”, explicou José Eduardo Camargo, líder de Conteúdo e Inteligência da Abrasel-MG. 

Ao EM, José Eduardo ressaltou que o preço dos produtos é o principal alerta que os empreendedores e consumidores devem ficar atentos. “Quando alguém está vendendo bebida muito abaixo do preço de mercado, tem algum problema. Os falsificadores chegam a colocar 60, 70% de desconto em cima de uma bebida que é falsificada, obviamente”. 

Sinais de alerta: 

Tampa

  • Formato com bordas irregulares;
  • Espaço entre tampa e gargalo;
  • Tampa amassada ou desgastada;
  • Presença de lacre plástico com picote.

SELO IPI (obrigatório para produtos importados)

  • Impresso em papel comum ou plástico;
  • Ausência de holografia;
  • Baixa qualidade de impressão;
  • Produtos importados sem selo IPI.

Líquido

  • Presença de impurezas visíveis;
  • Cor divergente do padrão;
  • Volume irregular;
  • Aspecto turvo ou com sedimentos.

Garrafa

  • Riscos e sujeira excessiva;
  • Sinais de abertura prévia;
  • Formato irregular;
  • Rótulos desgastados.

Rótulos

  • Má qualidade de impressão;
  • Posicionamento torto;
  • Erros de ortografia;
  • Rótulos que se soltam facilmente.

Preços e canais

  • Preço muito abaixo do mercado;
  • Vendas atípicas (rua, sem NF);
  • Canais informais;
  • Ofertas suspeitas.

Descarte correto:

  • Danifique as garrafas de destilados não retornáveis, riscando o vidro com caneta de tungstênio ou ponta diamantada;
  • Separe tampa e garrafa;
  • Danifique o rótulo (rasgando ou removendo);
  • Descarte cada componente separadamente.

Confiança entre comerciantes e clientes 

Em momentos de crise, a relação entre proprietários e clientes pode ser crucial para manter um bar ou restaurante vivo. Para Adélcio Coelho, dono do ‘BoiVindo Parilla’, estabelecimento localizado no Bairro Sagrada Família, na Região Leste de BH, essa foi a chave para não ter queda de visitantes e nos pedidos de drinques nos últimos meses. 

“Construí uma relação de amizade com os meus clientes. A contaminação por metanol não nos preocupa, porque temos uma cautela, um cuidado desde sempre na hora de comprar uma mercadoria. Nunca fui um cara que buscou preços promocionais ou vai ao supermercado de revenda, por exemplo”, disse.

Ao EM, Adélcio relatou que, durante a primeira semana de confirmação de casos de intoxicação por metanol em São Paulo, sentiu uma queda de 10 a 15% no consumo de destilados. Mas, o cenário se normalizou poucos dias depois. “Tive relatos, aqui no meu restaurante mesmo, em que clientes falaram que deixaram de consumir destilados em outras casas por certa desconfiança. Aqui em nosso restaurante, não teve uma queda expressiva”, contou.

Com o fim do ano, o comerciante está confiante com as vendas, mantendo a média de drinques, ou até mesmo aumentando. “Estamos fechando pacotes de confraternizações e os clientes pedem, inclusive, para incluir drinques, junto com cerveja, por exemplo”, disse. “Se eles (clientes) tivessem realmente receio, não estariam fechando esses eventos”, completou.

Combate à falsificação de bebidas 

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bebidas Destiladas, o mercado ilegal de bebidas representa 28% do total das vendas - sendo que a sonegação fiscal, produção sem registro, contrabando, produto substituto e falsificação são os fatores que compõem este número. A falsificação representa 1,1% do mercado total de bebidas alcoólicas.  

Na última semana, uma megaoperação apreendeu mais de 180 mil litros de bebidas alcoólicas e cerca de 3.900 unidades, entre garrafas e galões, consideradas inutilizáveis no estado de Minas Gerais. A ação contou com o apoio de 12 instituições e órgãos fiscalizadores mineiros. Os dados foram divulgados pelo balanço Operação Baco, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp-MG), por meio da Subsecretaria de Integração da Segurança Pública (Suint). 

A operação, que durou 40 dias, fiscalizou 522 estabelecimentos, abordou 447 pessoas, prendeu 18 pessoas e apreendeu um adolescente. Além disso,17 inquéritos foram instaurados e nove flagrantes realizados.

Dias antes, uma equipe da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) localizou um ponto de armazenamento e preparação de insumos para falsificação de bebidas destiladas, no Centro de BH. A corporação apreendeu cerca de 15 mil garrafas vazias de marcas conhecidas, com rótulos, tampas e bicos dosadores - que, provavelmente, seriam usadas para reaproveitamento em esquemas de falsificação. 

Segundo a PCMG, o esquema funcionava com pessoas em situação de rua recolhendo garrafas em bares, restaurantes e no descarte doméstico. Depois, eles revendiam as embalagens para o proprietário do depósito, que pagava entre R$5 e R$10 por unidade. 

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“Os bares e restaurantes, assim como a indústria de bebidas, também são vítimas”, disse José Eduardo, da Abrasel-MG. “A falsificação de bebidas é um problema crônico no Brasil. Queremos que o poder público aja, coíba esse tipo de prática. O curso vem como um reforço, para entender a importância de se prevenir, mostrando quais são os indícios de que uma bebida pode estar adulterada ou falsificada”, finalizou. 

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