Caso Alice: cartazes na Praça Sete cobram justiça para pessoas trans mortas
"Não queremos apenas sobreviver, queremos viver com plenitude, dignidade e direitos garantidos pela Constituição de 1988", consta em um dos cartazes afixados
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Em cartazes afixados na Praça Sete, no Centro de BH, manifestantes reivindicam a garantia dos direitos de pessoas trans, assim como justiça para aquelas que foram vítimas de homicídio, como Alice Martins Alves, de 33 anos. Mulher trans, ela foi agredida no dia 23 de outubro, e morreu por complicações dos ferimentos sofridos no dia 9 de novembro. Os dois principais suspeitos de cometerem o crime contra Alice foram identificados pela Polícia Civil de Minas Gerais, mas ainda não foram presos.
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“Não queremos apenas sobreviver, queremos viver com plenitude, dignidade e direitos garantidos pela Constituição de 1988”, consta em um dos cartazes afixados, cujo formato e cores remetem à bandeira do Brasil. “Vidas trans também são vidas”, está escrito em outro.
Os cartazes são acompanhados por fotos de mulheres trans vítimas de homicídio, como Alice, agredida no Bairro Savassi, Região Centro-Sul de BH, e Christina Maciel Oliveira, de 45 anos, espancada até a morte no dia 20 de outubro em Venda Nova, na capital mineira. “A nossa ‘transcestralidade’ nos dá força para lutar por Indianara, Danny, Kaya, Cris, Alice e todas que morrem (direta ou indireta) assassinadas”, consta em um dos cartazes.
Manifestação
Ao Estado de Minas, a irmã de Alice, Gabrielle Martins informou que uma manifestação para pedir justiça será realizada no próximo domingo (23/11), às 14h. O movimento vai ocorrer em frente ao estabelecimento onde os suspeitos de agredirem Alice trabalham, na Rua Sergipe com Avenida do Contorno.
Caso Alice
Na madrugada da quinta-feira (23/10), Alice foi brutalmente agredida no Bairro Savassi, em BH. De acordo com investigações em andamento da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), o ataque teria sido motivado por uma conta de R$ 22 não paga pela vítima, que teria consumido bebida em uma tradicional pastelaria, localizada próxima à Avenida Getúlio Vargas. No entanto, os investigadores da corporação acreditam que o crime também pode ter tido caráter transfóbico.
A PCMG confirmou que os dois principais suspeitos de terem cometido as agressões são funcionários do estabelecimento onde Alice havia consumido na noite do crime. Até o fechamento desta reportagem, eles ainda não haviam sido presos.
Após a agressão, Alice perdeu a consciência e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em um primeiro momento, ela foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento Centro-Sul. Dez dias depois, em 2 de novembro, foi levada de ambulância para o Pronto Atendimento do Hospital da Unimed, em Contagem, na região metropolitana. Na unidade de saúde, exames de imagem apontaram fraturas nas costelas, cortes no nariz e desvio de septo.
Em 8 de novembro, os médicos diagnosticaram uma perfuração no intestino, possivelmente causada por uma das costelas quebradas ou, segundo suspeita do pai da vítima, Edson Alves Pereira, agravada pelo uso de anti-inflamatórios após a agressão. Com o diagnóstico, Alice foi submetida a uma cirurgia de emergência, mas não resistiu à infecção generalizada e morreu.
Caso Christina
Christina Maciel Oliveira, de 45 anos, mulher trans, foi espancada em 20 de outubro, na Rua Padre Pedro Pinto, Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. A vítima foi atingida por socos e chutes – ação flagrada por câmeras de segurança no local.
Agentes da Polícia Militar de Minas Gerais encontraram Christina caída na calçada. A corporação identificou o suspeito de cometer o crime como o ex-companheiro da vítima que não se conformava com o término do relacionamento.
Christina apresentava grande sangramento na cabeça. O serviço de atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e constatou a morte no local. O homem foi preso em flagrante a poucos metros de distância do local do crime.