Caso Alice: Rei do Pastel diz que colabora com a polícia
Suspeitos de atacarem e espancarem mulher trans na Savassi, em Belo Horizonte, seriam funcionários do bar e pastelaria
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Depois de receber diversos comentários em suas redes sociais, o bar Rei do Pastel, com sete unidades em Belo Horizonte, publicou uma nota afirmando que está colaborando com as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) sobre o ataque à Alice Martins Alves, mulher trans. O estabelecimento está no centro das apurações, após um áudio divulgado à imprensa afirmar que os dois homens suspeitos das agressões seriam funcionários do local. A polícia aponta para a possibilidade de crime de transfobia.
Alice morreu no último sábado (8/11). Ela foi submetida a uma cirurgia de emergência, mas não resistiu a uma infecção generalizada.
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (14/11), o estabelecimento destacou que, desde que foi procurado pelos investigadores, se colocou à disposição das autoridades e entregou todas as informações solicitadas. “Estamos aguardando e confiantes no trabalho sério e eficiente que está bem sendo executado pela polícia, com certeza da correta apuração dos fatos e devida culpabilidade dos envolvidos.”
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O bar e pastelaria também afirmou que não compactua com ações discriminatórias referentes à identidade de gênero, orientação sexual, raça ou qualquer outra natureza. “Ressaltamos nossa solidariedade aos familiares e amigos de Alice”, ressaltou o Rei do Pastel.
Transfobia
De acordo com a Polícia Civil, o crime teria sido motivado por uma dívida de R$ 22 da vítima com o estabelecimento. No dia do crime, ela teria consumido no local e saído sem pagar. Foi então perseguida e atacada. No entanto, os investigadores também trabalham com a hipótese de transfobia devido à intensidade das agressões.
“É um local que ela já tinha o costume de frequentar, já era conhecida, conhecia as pessoas dali; havia revelado que sentia um certo preconceito de algumas pessoas, alguns olhares maldosos, preconceituosos”, afirmou a delegada Iara França, responsável pelo inquérito.
Como foi o crime?
Alice foi perseguida e atacada por dois homens na madrugada de 23 de outubro. Durante o registro de ocorrência, em 5 de novembro, a mulher relatou que não conhecia os suspeitos e identificou um deles apenas como homem branco, de cabelos escuros e usando calça jeans e camisa preta.
Nessa quinta-feira, em áudio à imprensa, uma pessoa afirma que os envolvidos trabalham em um bar na região da Savassi. A informação foi confirmada pela delegada Iara França.
Após a agressão, a mulher perdeu a consciência e foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em um primeiro momento, foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento Centro-Sul. Dez dias depois, em 2 de novembro, ela foi levada de ambulância para o Pronto Atendimento da Unimed Contagem, onde exames apontaram fraturas nas costelas, cortes no nariz e desvio de septo.
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No último sábado, os médicos diagnosticaram uma perfuração no intestino, possivelmente causada por uma das costelas quebradas ou, segundo suspeita do pai, agravada pelo uso de anti-inflamatórios após a agressão. Alice foi submetida a uma cirurgia de emergência, mas não resistiu à infecção generalizada.