Zema sobre a seca em Minas: "Queremos solução definitiva"
Governador diz que objetivo é busca de respostas permanentes para drama que se repete em comunidades em Minas. Meteorologia prevê alívio breve, mas superficial
compartilhe
SIGA
Com centenas de comunidades rurais dos municípios do Norte de Minas e dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri em situação de emergência por causa da seca, sendo abastecidas com caminhões-pipa, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirma que o objetivo da atual gestão é mudar essa realidade. “A seca é um problema de décadas, e não queremos ficar contratando mais caminhões-pipa. Nós queremos uma solução definitiva”, afirmou, em visita a Montes Claros, cidade-polo do Norte de Minas, no início de outubro.
Como exemplo, Zema citou o Decreto 48.8096, assinado em 26 de abril de 2024, que prioriza a construção de barragens de captação de água da chuva no semiárido mineiro. O decreto define as obras, projetos e atividades de infraestrutura na região como essenciais e de utilidade pública, abrangendo 265 municípios da área atingida pela adversidade climática atendida pelo Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene).
“Fizemos o decreto, a lei dos barramentos, que vai possibilitar o represamento da água durante o período chuvoso e sua utilização durante o período seco. Isso é que vai resolver, de forma definitiva, a questão da falta de água que existe na região durante a estiagem”, afirmou o governador.
Leia Mais
‘Encontro das águas’ promete recursos
No início de junho deste ano, o governo estadual lançou em Montes Claros um programa para combater os efeitos da estiagem, denominado “Encontro das Águas”, que prevê investimentos da ordem de R$ 600 milhões de 2025 a 2031 nas regiões Norte de Minas e nos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, em um total de 235 municípios a serem atendidos.
O Plano Estadual de Enfrentamento à Seca e Estiagem 2025-2031 promete projetos estruturantes e ações emergenciais para reduzir os impactos da estiagem e fortalecer a resiliência das comunidades do semiárido.
Em julho, foi lançada outra etapa do “Encontro das Águas” em Januária, também no Norte do estado, prevendo uma série de investimentos em medidas de combate aos efeitos da estiagem prolongada no semiárido mineiro.
A esperança que vem do céu
Neste ano, a tendência é de que a temporada de chuvas comece no semiárido mineiro agora no início de novembro, um mais cedo do que em 2024, quando a seca se prolongou e só voltou a chover no fim do mesmo mês. A informação é do meteorologista Ruibran dos Reis, do Intituto Climatempo.
Segundo ele, a previsão é que as precipitações retornem ao Norte de Minas e aos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, devendo prosseguir durante os meses de novembro e dezembro.
A chegada do tempo chuvoso é aguardada como um alívio para os municípios da região semiárida, onde, a cada dia que passa, agravam-se as consequências da estiagem – principalmente a escassez de água para consumo e a perda de pastagens, o que provoca a morte do gado.
Ruibran dos Reis salienta que, em 2024, o Norte de Minas, assim como o Jequitinhonha e o Mucuri, sofreu a influência do fenômeno El Niño, com temperaturas mais elevadas e tempo mais seco no outono e no inverno. Neste ano, ressalta, a região está sendo influenciada pelo fenômeno La Niña. “Com isso, as temperaturas não ficaram tão elevadas no período”, explica o especialista, lembrando que, no mês de setembro, foram registradas chuvas isoladas em alguns municípios norte-mineiros.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Ainda segundo o meteorologista, estão previstos bons volumes de chuva para o Norte do estado até dezembro. “Esta primavera vai ter chuvas acima da média histórica. Então, vamos ter na região um período chuvoso bem melhor em relação ao anterior”, sustenta.
Ruibran dos Reis ressalta que as chuvas previstas para o Norte de Minas nesse período serão importantes para a melhoria das pastagens e para amenizar o drama da falta de água nas comunidades rurais. No entanto, para a recuperação do lençol freático, “precisaríamos ter uma sequência muito grande de dias de chuva”, assinala.