Comuns nas ruas do hipercentro, pilhas de sacos de lixo rasgados, espalhados e com mau cheiro podem começar a ficar no passado. A Prefeitura de Belo Horizonte iniciou nesta sexta-feira (24/10) o projeto-piloto de contêinerização dos resíduos domiciliares e comerciais na região central da capital. Ao todo, 50 coletores de 1.000 litros foram instalados em 22 pontos estratégicos, permitindo que moradores e comerciantes depositem o lixo de forma mais organizada e segura, reduzindo a exposição a ratos, insetos transmissores de doenças e poluição visual.
A ação visa diminuir o tempo de exposição do lixo nas ruas, já que antes da instalação, os resíduos ficavam acumulados até a passagem dos caminhões da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), que realizam a coleta noturna a partir das 20h, de segunda a sábado.
Segundo a Prefeitura, o hipercentro acumula diariamente cerca de 25 toneladas de resíduos domiciliares, além de 10 toneladas provenientes de descarte irregular. Somados ao lixo recolhido de varrição e lixeirinhas, o volume total chega a 40 toneladas por dia.
Entre os resíduos descartados irregularmente estão embalagens plásticas, copos descartáveis, papéis, restos de alimentos e até móveis velhos. Para atender à demanda, 190 funcionários atuam na varrição das ruas e outros 120 trabalham nos caminhões de coleta.
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O projeto tem também caráter educativo: equipes do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU visitam moradores e comerciantes para explicar o uso correto dos contêineres, os horários de coleta e a importância da colaboração da população. A fiscalização será inicialmente educativa, com orientações e materiais informativos, mas o descumprimento da Lei Municipal nº 10.534/12 pode gerar multa.
“Antes, muitas pessoas deixavam o lixo na rua a partir das 16h ou 17h, e ele ficava exposto até às 20h. Agora, com os contêineres, os resíduos poderão ser colocados dentro deles, evitando desconforto visual e a presença de ratos e insetos que transmitem doenças”, informou a SLU.
O prefeito Álvaro Damião (União Brasil) destacou a importância do projeto e explicou o planejamento para a cidade: "A ideia é espalhar os contêineres em pontos já especificados pela SLU, como um plano piloto. Obviamente, a gente vai avançar com esse plano para toda a cidade de Belo Horizonte assim que a gente corrigir alguma falha que eventualmente possa vir, né? Porque é a primeira vez que a gente vai fazer dessa forma em Belo Horizonte, mas com a certeza de que as pessoas possam ver que a gente está cuidando da cidade.”
Ele reforçou que os contêineres permanecerão nos locais pelos próximos cinco meses, com possibilidade de expansão conforme avaliação do projeto.
Para quem atua na limpeza do hipercentro, os contêineres representam uma melhoria no dia a dia. Flávia Gandra, que trabalha de segunda a sábado no turno da manhã, contou a rotina: “Varro o centro duas vezes por dia, e é muito lixo que a gente tira. O caminhão de coleta passa por volta das oito horas da manhã, recolhendo os sacos que varremos e acumulamos. Às vezes, alguns sacos são rasgados durante a coleta, mas os coletores voltam e juntam tudo de novo. Com os contêineres, o trabalho vai melhorar, principalmente para os restaurantes, que vão poder usar. Vai ficar bacana pra gente.”
José Maria, dono de uma banca de jornal há 55 anos, localizada próxima a dois contêineres na Av. Afonso Pena, 1212, vê a iniciativa de forma positiva: “Tudo que é pro povo, pra educar, é bom. Vai ajudar a reduzir o lixo acumulado nas ruas e melhorar a limpeza do bairro histórico de Belo Horizonte.”
Débora Silva, vendedora de loja em frente à banca, também aprova: "Se tivesse um contêiner grande aqui próximo, com certeza seria melhor do que deixar o lixo na rua. Vai facilitar nosso dia a dia e deixar o ambiente mais limpo. Hoje, o lixo é deixado em um cantinho escuro e pessoas em situação de rua mexem nos sacos, abrindo alguns para pegar latinhas. Com o contêiner perto, será diferente.”
Marilene Magalhães, gerente de uma pastelaria na Praça Sete, detalha os problemas anteriores:
“O horário de descarte era às 19h, e a coleta começava às 20h. Muitas lojas depositavam o lixo na porta, e algumas ruas próximas ficavam bem sujas. Lá na parte de cima da rua, o pessoal costuma revirar muito o lixo, sim. A instalação dos contêineres é ótima, pode melhorar bastante, desde que todos os comerciantes colaborem. Vai agilizar o descarte e reduzir problemas com mau cheiro, principalmente nos estabelecimentos que trabalham com alimentos.”
"A rua afasta o cliente"
Em regiões ainda não atendidas pelo projeto, como o cruzamento da Rua São Paulo com a Rua dos Carijós, a situação continua crítica. Ketlen Letícia, atendente de lanchonete, relata os problemas: “Muito rato! Colocamos o lixo entre 19h e 20h, mas nesse meio tempo, fica mais ou menos uma hora com os sacos na rua, e pessoas em situação de rua reviram tudo. O cheiro de urina é insuportável. Pra quem trabalha com comida, é complicado. Tem muita gente que nem entra, mesmo a loja estando limpa, porque a rua afasta o cliente.”
Dalton Ribeiro, taxista, reforça o problema: “Uma vez vi uma mãe com o filho brincando e um rato enorme saiu correndo. O abandono do centro é generalizado: mato, lixo, passeios quebrados. Antigamente lavavam o centro, cuidavam. Agora, não adianta limpar uma vez só, porque logo depois está sujo de novo.”
Como descartar o lixo?
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Expor o lixo apenas nos horários programados: 7h às 8h (diurno) ou 19h às 20h (noturno);
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Lacrar bem os sacos, sem ultrapassar dois terços da capacidade;
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Objetos cortantes ou pontiagudos devem ser acondicionados em caixas de papelão ou garrafas PET;
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Não descartar resíduos de saúde, tóxicos ou infectantes.
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Pontos de instalação dos contêineres no Hipercentro:
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Av. Afonso Pena, 1.212
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Av. Afonso Pena, 1.148
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Av. Afonso Pena, 1.110
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Av. Afonso Pena, 1.000
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Av. Afonso, 964
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Av. Afonso Pena, 744
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Praça Professor Alberto Deodato
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Rua dos Goitacazes com Rua da Bahia
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Rua Goiás, em frente ao número 187
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Rua da Bahia, em frente ao número 603
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Rua Vinte e Um de Abril com Rua Saturnino de Brito, embaixo do viaduto
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Av. Santos Dumont, próximo ao número 250
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Av. Santos Dumont, 167
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Rua dos Guaicurus, 437
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Rua dos Guaicurus, próximo ao número 526
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Rua Curitiba, 179
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Rua Curitiba, próximo ao número 32
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Rua dos Caetés, 603
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Rua dos Caetés, 525
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Rua dos Caetés, 343
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Rua Rio de Janeiro com Rua dos Caetés
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Rua Espírito Santo, próximo ao número 250
*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos
