70ª Festa de Iemanjá na Pampulha reafirma a diversidade religiosa de BH
Tradicional celebração levou imagens da Rainha do Mar pela cidade e terminou com lançamento de flores e presentes na orla da lagoa
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O cricrilar dos grilos que habitam a orla da Lagoa da Pampulha tiveram o acompanhamentos dos tambores e atabaques que embalaram a 70ª Festa de Iemanjá, realizada na tarde e noite deste sábado (16/8). Mais de 60 terreiros participaram da tradicional cerimônia, iniciada com uma carreata que partiu do Centro, encerrou com o tradicional lançamento de barcos com oferendas à Iemanjá pelas águas da Lagoa.
A festa foi promovida pela casa de caridade Pai Jacob do Oriente, em parceria com a Reunião Umbandista Mineira (RUM) e o Centro Nacional de Africanidade e Resistência Afro-brasileira (Cenarab). O evento foi feito na sequência das celebrações de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira de Belo Horizonte e parte do sincretismo religioso entre as religiões católica e espíritas.
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A primeira edição da Festa de Iemanjá aconteceu em 1953 e, desde então, todos os anos, umbandistas e candomblecistas levam para as suas ruas da capital suas crenças e reafirmam o direito da prática religiosa sem discriminação e intolerância.
"Estamos aqui na 70ª festa de Iemanjá aqui na Lagoa da Pampulha. Uma festa que faz pulsar a resistência e a força dos povos de matriz africana. É uma festa rica de cultura, culinária, vestiário, e ainda mais rica de fé”, contou à reportagem o Pai Ricardo, zelador da casa de caridade Pai Jacob do Oriente.
“A nossa festa já traz uma construção na cidade dos povos de matriz africana que faz valer as suas identidades, e que contribuiu para a identidade de Belo Horizonte”, afirma o religioso.
A concentração da cerimônia ocorreu no meio da tarde na Rua Aarão Reis, na Região Central, e seguiu em carreata em direção à Praça de Iemanjá - no local está instalada uma estátua em homenagem à entidade.
Ainda, aconteceu uma apresentação das Xequerelas, projeto musical de mulheres que tocam xequerês - instrumento musical de origem africana, semelhante a um chocalho. A apresentação foi acompanhada de perto pelos presentes, enquanto que carros seguiam pela orla carregando imagens da Rainha do Mar.
Logo após a consagração dos barcos e entrega de flores e presentes para Iemanjá, lançados na Lagoa da Pampulha, terreiros de toda a cidade realizaram atendimentos espirituais e mantiveram a energia da festa, reafirmando a diversidade religiosa presente na cidade.
O pai Joviano de Oxossi, do Centro Espirita Pai Manoel de Aruanda, é participante de longa data da celebração. A primeira vez que participou foi em 1982 e, após um tempo sem se fazer presente, ajuda na organização há dez anos - e conta que um dos objetivos dos organizadores é entregar um evento bonito para a população.
"É uma festa importante para a comunidade de matriz africana para a gente mostrar o nosso trabalho, a nossa religião, a nossa fé. Propagar para as pessoas que não conhecem a nossa fé a importância de Iemanjá, orixá que cuida da cabeça das pessoas", relata.
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