PM que agrediu oficial de Justiça alega ter sofrido maus-tratos na prisão
Sargento disse na audiência de custódia que faz tratamento contra câncer e alegou ter ficado horas sem poder tomar medicamentos enquanto estava algemado
compartilhe
Siga noO sargento da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) Daniel Wanderson do Nascimento, preso por ter agredido uma oficial de Justiça com uma cabeçada e um soco no último sábado (8/3), em Ibirité, na Grande BH, alega ter sofrido maus-tratos durante sua detenção. O militar teve a prisão convertida em preventiva em uma audiência de custódia realizada na manhã desta segunda-feira (10/3).
Na ata da audiência, o sargento disse ter recebido um mata leão e ter sido jogado dentro da viatura de qualquer forma. Também disse ter ficado mais de oito horas algemado com a mão para trás, além de ter ficado sem comida e sem água.
Leia Mais
O sargento alegou ter informado aos policiais que possui câncer na medula óssea e que tem feito tratamento oncológico, e, por isso, teria que tomar os medicamentos na hora correta. Porém, segundo alega, apenas depois de algumas horas é que policiais foram à sua casa e buscaram os remédios.
O sargento afirmou ainda que pediu para afrouxarem as algemas. E que, inclusive, toma remédio para dor de duas em duas horas, mas que o procedimento só foi feito horas depois, quando chegou um PM da parte hospitalar. Na sequência, o preso foi levado para um hospital, onde tomou remédio para dor, antes de ser ouvido.
Entenda o caso
Ao EM, a oficial de Justiça Maria Sueli Sobrinho relatou que foi cumprir um mandado rotineiro no Bairro Novo Horizonte, em Ibirité, quando a situação aconteceu. Ela perguntou pela pessoa intimada, e foi quando o sargento da PMMG se apresentou. No decorrer do procedimento, ele afirmou que, na verdade, a pessoa que a servidora procurava era outra e apontou para um homem que seria, supostamente, seu enteado.
Maria Sueli explicou que questionou o motivo de o sargento ter dado uma informação errada e disse que isso não poderia ser feito a um oficial de Justiça. Na sequência, conforme relatou a oficial, o sargento começou a se tornar agressivo e a se aproximar muito dela. Foi quando Maria afirmou que, caso fosse agredida, poderia chamar uma viatura da polícia. "Ele se aproximou e disse: 'Toma aqui sua viatura' e me deu uma cabeçada no rosto", relata.
A oficial contou que, logo depois, declarou que aquilo era "só lesão corporal, não dá nada para mim" e deu um soco no rosto dela, fazendo-a cair no chão atordoada. Ainda em seu relato, Maria Sueli disse que se levantou e ligou para o marido, que é major da PMMG, pedindo que ele enviasse uma viatura para o local. Foi quando o sargento fugiu, sendo encontrado horas depois durante diligências do 48º BPM, onde teria sido detido.
Devido às agressões, a oficial precisou ir ao hospital. No momento em que conversou com a reportagem, enquanto aguardava para ser atendida por um ortopedista, Maria Sueli disse que sentia muita dor, além do nariz e rosto inchados. "Além da dor física, psicologicamente estou um caco. Não sei como vou fazer para voltar a trabalhar", afirmou.
A reportagem tentou contato com a Polícia Militar de Minas Gerais, por e-mail, e aguarda retorno.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia