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JORNADA PELA NATUREZA DO SERTÃO

Um olhar da natureza e da travessia do sertão de Guimarães Rosa

A bióloga e autora mineira Mônica Meyer traz seu olhar e experiência sobre a natureza, os detalhes e a evolução dos cenários de Grande sertão: veredas

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A natureza que inspirou e ao mesmo tempo se revela de forma particular pela obra de Guimarães Rosa fazem da viagem pelos sertões uma expedição ainda mais surpreendente e rica sob a ótica da bióloga e pesquisadora mineira Mônica Meyer.

A Academia Mineira de Letras abriu na noite desta terça-feira (12/11), durante o curso Literatura e Viagem essa oportunidade de mais pessoas embarcarem nessa jornada por meio da apresentação de Meyer de "A viagem no Grande sertão: veredas".

Com a autoridade de quem garimpou notas inéditas de Rosa no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) e que se tornaram depois parte da obra "A boiada", que usa essas mesmas anotações, Meyer traz perspectivas e ângulos diferentes da narrativa do escritor imortal.

“Sigo a leitura pela natureza e não só pelas palavras. A conexão entre a viagem de 1952 de Guimarães Rosa com vaqueiros conduzindo uma boiada e o Grande sertão: veredas. A primeira etapa da viagem foi de uma semana de preparação para a travessia e Guimarães anotava tudo sem parar. Quando voltava de viagem darilografava e indexava e esses dois a Boiada 1 e Boiada 2 foram publicados em um livro com dois textos de pesquisadoras, uma delas eu pela UFMG”, lembra a autora.

Mônica Meyer é autora do livro "Ser-tão natureza: a natureza em Guimarães Rosa” da Editora UFMG, lançado em 2008 e que se originou de sua tese de doutorado defendida na Unicamp, em 1998.

A experiência de Mônica no Grande sertão não se fia somente nos aspectos naturais, ou nas impressões que Guimarães Rosa deixou anotadas em letras de caligrafia de campo ou datilografadas posteriormente.

As andanças e o conhecimento do sertão, por vezes nas trilhas e ao lado de personagens reais da literatura de Rosa, como o vaqueiro Manuel Nardi, o Manuelzão (1904-1997), permitem uma ligação profunda da literatura e do cenário que a inspirou.

Além disso, seu testemunho projeta as tendências do que se torna o sertão aos poucos, com menos veredas e mais eucaliptos, uma lenta descaracterização do que o romance de Guimarães Rosa descreveu.

O coordenador do curso pela Academia Mineira de Letras, o romancista Jacyntho José Lins Brandão, afirma que a cada semana há uma obra estudada com a audiência presente ou on-line, com ele à fé ente ou professores convidados. “O curso atrai desde estudantes de graduação a pessoas aposentadas, professores, pessoas em vários lugares do mundo como França e Holanda”, afirma .

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As primeiras etapas do curso trouxeram leituras e estudos sobre literaturas antigas e medievais e agora sobre modernas e contemporâneas, disse Brandão, que tem previsão de nova edição em 2025.

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