O Rio Grande do Sul está sendo castigado pelas fortes chuvas
crédito: FAB/Divulgação
O engenheiro de minas e especialista em geotecnia e hidrologia Jeffiter Oliveira está entre os profissionais convocados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) de Minas Gerais para ajudar no projeto de reconstrução das áreas atingidas pela tragédia climática do Rio Grande do Sul. Segundo ele, as consequências da catástrofe que atinge o estado se parecem com a tragédia de Brumadinho.
“Brumadinho tem um ângulo diferente, mas é uma situação de escorregamento de lama, de troncos de árvores retorcidos, de árvores gigantescas que foram arrastadas como se fossem papel ou um lápis. São cenários parecidos, claro, cada um na sua proporção”, destaca. Jeffiter Oliveira participou como técnico nas análises geotécnicas da área após o rompimento da barragem e ajudou no resgate das vítimas.
O engenheiro destaca os desafios enfrentados na região. “A situação se torna mais crítica por causa da população nunca ter vivenciado esse tipo de situação. Não é como a gente em Minas, que temos conhecimento de encostas, de taludes, de escorregamentos e até mesmo de barragens”, ressalta.
Ainda segundo Jeffiter Oliveira, as consequências das chuvas em Bento Gonçalves atingiram, na maior parte, a zona rural e houve, portanto, pouco impacto em áreas residenciais. “A agricultura foi bastante afetada. Todas as estradas acabaram sendo obstruídas pelos deslizamentos, pelas encostas. A formação rochosa e geológica daqui é uma formação de muita encosta, muita inclinação, isso acabou favorecendo. Então, teve muitos escorregamentos de blocos de maciços, causando muita obstrução nas vias”, destaca.
Da esquerda para direita eng. Geotécnico Jeffiter Oliveira, Dep. Estadual Guilherme Pasin e Prefeito Diogo
Arquivo pessoal/Reprodução
Apesar das dificuldades, muitos trechos já estão liberados, mas ainda não há uma previsão para que tudo se normalize na região. “Os moradores já estão voltando às residências, mas ainda tem alguns pontos críticos bloqueados. Há uma previsão de chuva que pode ocasionar novos deslizamentos. É trabalho de semanas”, diz.
Poder contribuir com a reconstrução do Rio Grande do Sul é motivo de honra para o engenheiro mineiro.“Temos aprendido muito e isso é muito valioso. Claro, é gratificante fazer parte disso e contar com o apoio da população que tem ajudado bastante, emprestando veículo ou outros meios de transporte. Espero contribuir ainda mais no período que ficarei aqui em Bento Gonçalves”, termina.
Ao todo, foram liberados aproximadamente 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Até hoje, não houve o julgamento ou punição dos responsáveis pelo rompimento da barragem.