Sargento Roger foi morto em janeiro deste ano -  (crédito: Arquivo pessoal)

Sargento Roger foi morto em janeiro deste ano

crédito: Arquivo pessoal

A justiça acatou o pedido da defesa e Welbert Souza Fagundes, acusado de matar o sargento Roger Dias, passará por um exame de sanidade mental. O pedido foi avalizado pelo Ministério Público. Com a decisão, a audiência de instrução sobre o crime de furto qualificado, marcada para a tarde desta quinta-feira (16/5), foi cancelada.

 

Os advogados de Welbert esperam, agora, que a Justiça também acate a instauração do incidente mental no processo de homicídio para que a audiência marcada para sexta-feira (17/5) seja cancelada. 

 

No pedido da defesa, o advogado relata que o acusado ouve vozes, apresenta quadro paranoico, faz tratamento no Centro de Referência em Saúde Mental (Cersam) Barreiro e consome medicação forte para saúde mental.

 

"Há uma apuração interna, por meio de inquérito da Sejusp, que atestou, inclusive, possível quadro de deficiência mental".

 

A defesa do acusado ainda pediu a transferência de Welbert da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, alegando que a "ausência de câmera de segurança no interior da cela implica em risco para a integridade física" dele. A Justiça estipulou que seja expedido um ofício ao diretor-geral da penitenciária pedindo uma avaliação sobre o tema.

 

No dia 30 de abril, Welbert foi levado para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Bairro Nova Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com um corte no pulso.

 

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que o ferimento “superficial” foi causado pelo próprio detento. Conforme a pasta, Welbert foi suturado e, em seguida, voltou à penitenciária.

 

 

No dia seguinte, Welbert precisou novamente de atendimento na UPA depois de colocar fogo no colchão da cela onde estava. A Sejusp informou que o atendimento foi uma “medida preventiva e de checagem de saúde”. Segundo o órgão, o preso foi liberado imediatamente após receber atendimento e retornou à penitenciária.

 

Em março deste ano, a defesa de Welbert denunciou que ele foi agredido e torturado dentro do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, também na Grande BH. Na época, o advogado Bruno Torres, que representa o suspeito, contou que grande parte das agressões aconteceu durante a madrugada, quando Welbert era retirado de sua cela e arrastado até uma área remota.

 

Torres não soube precisar a data em que as agressões começaram, mas o caso mais grave aconteceu em 6 de fevereiro, um dia antes de uma audiência de custódia de Welbert, em que ele não esteve presente. A Sejusp negou as agressões.

 

Na manhã dessa terça-feira (14/5), a Sejusp informou que, após inspeção, os policiais penais localizaram dentro da cela de Welbert um celular. O acusado de matar o sargento da policial militar postou em suas redes sociais um vídeo onde fuma e escuta pagode em cela na penitenciária Nelson Hungria.

 

“Um procedimento interno será aberto para investigar como o aparelho chegou até o custodiado, que responderá às sanções administrativas cabíveis pela falta grave. Ressaltamos que o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) realiza diariamente várias ações de revista em celas para coibir a entrada e a permanência de materiais ilícitos ou não permitidos no interior das unidades prisionais sob sua administração”.

 

Sobre o celular apreendido na cela de Welbert, a defesa do acusado afirmou que "ainda não é possível saber se ele está filmando ou sendo filmado e  que é muito preocupante que o aparelho tenha entrado em uma unidade prisional altamente vigiada. Assim, a defesa se pronunciará somente após acessar os autos da apuração".

 

Relembre o caso

 

A ocorrência que resultou na morte do sargento Roger Dias aconteceu na noite de sexta-feira (5/1). O militar estava em uma das equipes que foi até o Bairro Novo Aarão Reis à procura de dois suspeitos foragidos depois de serem beneficiados pela saidinha de fim de ano e não terem retornado para a cadeia, e foram vistos furtando uma caminhonete.

 

 

A dupla dirigia um Fiat Uno prata quando foi avistada por uma viatura, dando início a uma perseguição, que só terminou quando eles atingiram um motociclista em uma avenida do bairro. O carro parou de funcionar e eles fugiram a pé. Os policiais se dividiram, indo um atrás de cada um dos ladrões.

 

Imagens de câmera de segurança mostram o sargento perseguindo Welbert de Souza Fagundes, de 25 anos. Em determinado momento, o sargento é visto se aproximando do homem. Nesse instante, deu ordem para que o fugitivo parasse e se deitasse. De repente, o homem, que estava de costas, virou-se apontando uma arma para o policial e atirando.

 

O policial caiu no chão. O homem atirou mais uma vez, atingindo a perna do sargento. Antes de desmaiar, o militar desferiu vários tiros na direção do seu agressor, atingindo-lhe uma das pernas. Ele acabou preso.

 

 

Já o segundo detento, que também estava no carro, tentou, por horas, fugir dos militares. Ele chegou a se esconder em uma casa, onde trocou tiros e correu para uma mata da região. O homem só foi encontrado durante a madrugada de sábado (6), escondido no meio da lama de um chiqueiro.

 

Segundo informações da Sejusp-MG, Welbert estava preso no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, na Grande BH, desde 24 de agosto de 2023. De acordo com informações da Polícia Militar, ele teve o benefício da saidinha concedido em dezembro e deveria ter retornado ao presídio no dia 23 de dezembro. Ele era considerado foragido da Justiça. Ainda de acordo com a PM, o suspeito tinha 18 passagens policiais por crimes como roubo, tráfico de drogas, falsidade ideológica e agressão.