Welbert é suspeito de atirar no sargento Roger Dias da Cunha em 6 de janeiro -  (crédito: Reprodução)

Welbert deu dois tiros na cabeça do sargento Roger Dias da Cunha em 6 de janeiro

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O advogado de Welbert de Souza Fagundes, suspeito de disparar e matar o sargento Roger Dias, da Polícia Militar (PM), no início de janeiro deste ano, denuncia que seu cliente foi agredido e torturado dentro do presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Grande BH. Na última sexta-feira (8/3), a Justiça autorizou que mais um exame de corpo de delito fosse feito em Welbert.

 

Ao Estado de Minas, Bruno Torres contou que ficou sabendo das agressões que seu cliente sofreu no cárcere por meio de outro detento, que aproveitou o período de visitas para contar o que estava acontecendo. “Familiares de outro preso entraram em contato comigo e com a família dele por meio das visitas para falar que estavam fazendo covardia com o Welbert dentro da unidade”, disse.

 

Grande parte das agressões aconteceu durante a madrugada. Welbert era retirado de sua sala e arrastado até uma mais deslocada. Os outros presos conseguiam ouvir os gritos de socorro. Para tentar não deixar hematomas, os agressores utilizariam panos nas mãos.

 

Bruno não soube precisar a data em que as agressões começaram, mas o caso mais grave, segundo o advogado, aconteceu em 6 de fevereiro, um dia antes de uma audiência de custódia de Welbert.

 

O réu teria sido agredido durante boa parte da madrugada. Na manhã do dia 7, policiais penais o levavam até o fórum onde aconteceria a audiência, mas o trajeto foi interrompido quando um agente percebeu que Welbert estava machucado demais e levantaria suspeitas sob a penitenciária. Eles retornaram para o presídio, e o réu não esteve presente na audiência.

 

Após ouvir as denúncias, Bruno foi até a penitenciária conversar com o réu e o encontrou muito machucado. Os agentes alegaram que ele estava com sarna, porém o advogado solicitou um exame de corpo de delito. “Disseram que ele estava com sarna e estava em isolamento. Fui até o presídio, e aconteceu o atendimento normal, mas ele estava muito machucado. Pedi acesso às câmeras e listagem de funcionários que estavam tendo acesso a ele. Queria saber o que estava acontecendo. O Welbert me disse que apanhou muito”, contou o advogado.

 

Welbert já vinha tentando contar à juíza sobre as agressões. Em uma audiência realizada de forma on-line no fim de janeiro, chegou a comentar sobre os fatos com a magistrada. No entanto, ela não ouviu porque ele falava baixo demais. Em um ofício enviado à Justiça por Bruno, ele registrou que um policial penal ficou vigiando toda a audiência, para impedir que ele falasse sobre as agressões. Veja a imagem:

Policial teria acompanhado a audiência de custódia

Policial teria acompanhado a audiência de custódia

Imagens cedidas ao Estado de Minas

“Desde o início pedi para que a promotoria oficiasse a polícia devido ao risco dele ficar preso. Não aconteceu nada pior porque estamos em cima, oficiando os órgãos necessários para garantir a segurança dele”, conta o advogado.


Após os últimos relatos de agressões, Welbert foi transferido para o presídio Nelson Hungria, em Contagem, também na Grande BH. O advogado relatou que as agressões continuam, mas que não são feitas por policiais militares. “Ele relatou tudo ao juiz, que está sendo agredido, tem caco de vidro na comida dele. Apesar de não ter relatos de policiais militares indo agredí-lo na Nelson Hungria, as agressões continuam”, contou.

 

A Justiça enviou um ofício ao presídio, pedindo que o réu fique em uma cela com monitoramento por câmeras. Outros órgãos também foram notificados. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e aguarda retorno.

 

Relembre o caso

 

O sargento foi baleado na noite 6 de janeiro. Ele chegou a ser encaminhado em estado grave ao Hospital do Pronto Socorro João XXIII, mas teve a morte cerebral confirmada dois dias depois. O policial, de 29 anos, junto a outros militares, perseguia um Uno que tinha sido roubado.

 

De acordo com a Polícia Militar, a dupla foi até o bairro para roubar uma caminhonete Hilux. A presença dos suspeitos foi denunciada, o que levou várias guarnições até a região.

 

Na entrada do bairro, o fugitivo perdeu o controle do carro e bateu no meio-fio. O carro dos suspeitos parou de funcionar e eles fugiram a pé. O sargento Dias perseguiu Welbert até a avenida Saramenha, onde um dos fugitivos sacou uma arma e disparou contra o policial. O militar foi atingido duas vezes na cabeça e em uma das pernas. Antes de desmaiar, o sargento desferiu vários tiros na direção do seu agressor, atingindo-lhe uma das pernas.

 

Welbert foi baleado na mesma avenida e preso. Já Geovanni, tentou, por horas, fugir dos militares. Ele chegou a se esconder em uma casa, onde trocou tiros e correu para uma mata da região. O suspeito só foi encontrado escondido na lama de um chiqueiro.

 

A dupla foi presa e encaminhada para um hospital de BH. Os dois suspeitos passaram o dia internados sob escolta policial. Em audiência de custódia na manhã de 7 de janeiro, o juiz decidiu por manter ambos presos.