Gorilas serão transferidos do Zoo de BH -  (crédito: Suziane Brugnara/PBH)

Gorilas serão transferidos do Zoo de BH

crédito: Suziane Brugnara/PBH

Quatro gorilas machos serão transferidos do Zoológico de Belo Horizonte para o Animalia Park, em Cotia, São Paulo. A mudança vai ocorrer na próxima segunda-feira (13/5). Atualmente, o Zoo de BH conta com sete indivíduos da subespécie. As fêmeas Imbi, Lou Lou (que vieram da Inglaterra) e o macho Leon (que veio da Espanha). Eles geraram os filhotes Sawidi, Jahari, Ayo e Anaya. 

 

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a medida faz parte do plano de manejo e conservação da espécie que está bastante ameaçada de extinção. O "Projeto Gorilas: conhecer, amar, respeitar', instituído há quase 20 anos, busca qualidade de vida aos animais mantidos no Zoo para formar um grupo reprodutivo da espécie das planícies ocidentais (gorilla, gorilla).

 

Com a transferência dos machos (Leon, Sawidi, Jahari e Ayo), o grupo passará a ser composto por Imbi, Lou Lou e Anaya. As duas mães e a pequena vão contar com um espaço mais amplo para retomar sua rotina. E, nos próximos meses, terão a chance de interagir com um macho da espécie que está sendo preparado para se mudar para a capital. 

 

 

Para garantir a segurança dos animais, a transferência será feita em um dia em que o Zoo não está aberto à visitação pública. Os gorilas serão levados para uma área restrita (sem acesso ao público) para que sejam preparados para a viagem. A mudança integra as diretrizes estabelecidas pelo Programa Ex-Situ de Gorilas (GEPP) da European Association of Zoos and Aquaria (Sociedade Europeia de Zoológicos e Aquários, EAZA, em inglês).

 

 

A ameaça

A diretora de Zoobotânica e gerente interina do Jardim Botânico, a bióloga Sandra Cunha, explica que a espécie sofre muitas ameaças na natureza em razão da caça predatória e conflitos civis na África, próximo a seu hábitat natural. "O Jardim Zoológico de Belo Horizonte é o único da América do Sul, que tem sob os cuidados essa subespécie criticamente ameaçada de extinção".

 

Ela ainda afirma que graças ao reconhecimento nacional e internacional da instituição, é possível a manutenção de uma população de segurança e apta para futuras permutas com outras instituições e zoológicos.

 

Visita técnica

Entre os dias 15 e 18 de abril uma equipe técnica do Animália Park e uma cuidadora de gorilas do Howletts - Wild Animal Park (da Inglaterra) visitaram o Jardim Zoológico da cidade para conhecer a rotina de trabalho desenvolvido no Zoo e dar início aos preparativos para a transferência. 

 

Na ocasião, os biólogos, tratadores de animais e funcionários de várias áreas apresentaram os bastidores da instituição para mostrar os cuidados rotineiros com os gorilas. Além disso, assistiram a palestras sobre a história dos gorilas e sobre os cuidados médico-veterinários com os animais dessa espécie, bem como os detalhes do Zoo em relação à estrutura e organização de atividades.

 

Também foram feitas visitas ao setor de nutrição e ao Hospital Veterinário. Nesse sentido, os profissionais da nova casa dos gorilas machos compareceram à BH para conhecer de perto sobre as atividades relacionadas.

 

 

O histórico da espécie no zoológico

A história de formação do primeiro grupo de gorilas em um zoo da América do Sul perpassa a própria história de uma figura simbólica e bastante querida pelos visitantes do Zoo.

 

Morador do zoológico durante anos anos, o gorila Idi Amin, que morreu em 2012, aos 39 anos, por insuficiência renal crônica, associada a poliartrite crônica ativa-bacteriana durante uma cirurgia, era o único representante da espécie que vive em cativeiro na América do Sul, até então. O gorila chegou em 1975 vindo de uma instituição francesa, ainda criança, com 2 anos. Foi transferido para a capital na companhia da fêmea Dada, da mesma idade dele. Os dois viveram juntos até março de 1978, quando ela morreu por complicações de uma infecção no ouvido.

 

Em fevereiro de 1984, o gorila ganhou uma nova "namorada", Cleópatra, que morava no zoológico de São Paulo. Mas, o romance durou pouco. A gorila, que estava debilitada, morreu 14 dias depois, com um grave quadro clínico de desidratação e diarreia.

 

 

A estrela do Zoo ganhou duas companheiras em 2011, depois de viver 27 anos sozinho, Kifta e Imbi, sendo a última a única sobrevivente da época até hoje. Kifta também foi encontrada morta em março de 2013, por edema pulmonar agudo e colite hemorrágica difusa grave (infecção intestinal). A intenção da vinda das duas era de gerar herdeiros para o único representante da espécie. As fêmeas viveram com o Idi por sete meses e ficaram ao lado do macho nos últimos dias de vida dele.

 

Após seu falecimento, o corpo de Idi Amin está exposto no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas. Para que a exposição fosse possível, foi realizado o trabalho popularmente conhecido como empalhamento. O gorila faz parte da "Fauna Exótica", no terceiro andar do museu, e está exposto ao lado de Cleópatra. 

 

Em 2013, chega ao zoológico, um casal de gorilas vindos da Europa, o macho Leon, de 14 anos, e a fêmea Lou Lou, de 9, para fazer companhia à Imbi, que vivia sozinha desde a morte de Kifta. A adaptação deles foi bem sucedida e resultou no nascimento de quatro filhotes ao longo dos anos. 

 

Filhotes que estão sob os cuidados do Zoo de BH


· 1º Filhote de “Leon” e “Lou Lou” é “Sawidi” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB em 05 de agosto de 2014.

· 2º Filhote de “Leon” e “Lou Lou” é “Anaya” – nascida no Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB em 08 de junho de 2019.

· 1º Filhote de “Leon” e “Imbi” é “Jahari” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB em 10 de setembro de 2014.

· 2º Filhote de “Leon” e “Imbi” é “Ayo” – nascido no Zoológico de Belo Horizonte/FPMZB em 08 de maio de 2017.

 

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos