Na rua Joaquim Camargos, uma mulher ficou presa dentro de uma casa enquanto a enxurrada invadia o imóvel.
 -  (crédito: Edésio Ferreira / EM / DA Press)

Na rua Joaquim Camargos, uma mulher ficou presa dentro de uma casa enquanto a enxurrada invadia o imóvel.

crédito: Edésio Ferreira / EM / DA Press

Moradores do Bairro Água Branca viveram momentos de pânico, na madrugada desta quarta-feira (20/3), quando uma tempestade atingiu Contagem, na Região Metropolitana de BH. A água entrou em casas, lojas e deixou um rastro de destruição.

 

Na rua Joaquim Camargos, uma mulher ficou presa dentro de uma casa enquanto a enxurrada invadia o imóvel.

 

Dalva Maria, de 51 anos, tentava retirar eletrodomésticos e imóveis da casa quando a força da água travou um portão no fundo do imóvel. Ela ficou presa no banheiro enquanto a água subia. “A chuva veio muito forte, foi enchendo a rua muito rápido e ficamos presos porque estávamos colocando as coisas pra cima, tentando salvar o que dava. Quando vimos, não dava mais pra sair, o portão emperrou e ficamos presos. Pensamos que íamos morrer”, contou.

 

 

 

Dalva mora nos fundos de uma borracharia. O local foi ocupado pela água e amanheceu destruído. Com a ajuda de vizinhos, ela passou a manhã limpando o estabelecimento e tentando recuperar o que restou.

 

A situação foi semelhante com a comerciante Josimara dos Santos, de 48 anos. Ela é vizinha de Dalva e também ficou presa em casa enquanto a água subia. “A água vem com muita força, região baixa do bairro. Desaba tudo aqui. Todo ano é isso aí, perdemos móveis, alimentos, tudo. Hoje em dia, com o volume de água casa vez maior, corremos o risco de perder a vida”, disse.

 

 

A loja de Josimara também foi atingida. Além do prejuízo dentro da casa, ela não conseguiu abrir o comércio nesta manhã. “Minha loja eu nem abri, impossível ir lá. Como faço hoje? Não tenho colchão pra dormir, fogão, sofá pra sentar, geladeira, televisão, não tenho nada”, desabafou.

 

Edésio Ferreira / EM / DA Press

Dalva mora nos fundos de uma borracharia. Todo o local foi consumido pela água e amanheceu destruído. Com a ajuda de vizinhos, ela passou a manhã limpando e tentando recuperar o que restou.

Edésio Ferreira / EM / DA Press

 

Protestos

 

 

Cobrando melhorias, os moradores do bairro Água Branca colocaram fogo em sofás e colchões nesta manhã.

 

“Nosso protesto parece vandalismo mas estamos cansados. Não é a primeira vez, não temos respaldo da prefeitura. O IPTU chega, a gente paga mas nada muda”, disse Dalva.

 

 

O bairro foi um dos mais atingidos pela chuva. Casas foram invadidas pela água e as ruas viraram rios.

 

Chuva da madrugada

 

Em poucas horas, choveu mais da metade do esperado para todo o mês de março em Contagem. Segundo a Defesa Civil municipal, o volume de chuva na madrugada ultrapassou os 100 mm.

 

 

O Corpo de Bombeiros foi acionado ao menos 29 vezes durante a madrugada para salvamento de pessoas ilhadas, queda de árvores, alagamentos, inundações e enxurradas. Na manhã de hoje, equipes da prefeitura fazem os levantamentos de estragos.

 

Ao menos 20 pontos da cidade foram atingidos, sendo 500 pessoas afetadas. Em vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver a forte enxurrada que tomou conta das ruas na Vila Samag. Casas e lojas foram invadidas pela água.

 

Resposta da prefeitura


À tarde, a Prefeitura de Contagem informou que a cidade foi atingida por fortes chuvas, com ventos intensos, queda de granizo, estrago em plantações, queda de galhos de árvores e alagamentos em alguns bairros. Segundo o Executivo, não há desabrigados, visto que as pessoas foram para casa de parentes.

 

Os principais pontos atingidos foram:

- Avenida Tereza Cristina, região Industrial - fechada por volta das 3h51 e liberada às 5h16, com registro de transbordamento do córrego Ferrugem por volta das 4h10.
- Avenida Cinco, Vila Samag, na região Eldorado - registro de alagamento em 60 residências;
- Rua das Candeias, na Vila Marimbondo, Eldorado – cem residências atingidas;
- Rua José Barra do Nascimento com av. Firmo de Matos, Eldorado - 30 residências atingidas;
- Avenida Pio XII, bairro Água Branca – alagamento de uma residência;
- Av. Joaquim Camargos, bairro Água Branca – quatro residências atingidas.

 

Ainda segundo o documento, a prefeitura tem atuado para tentar conter as enchentes com a construção de bacias de contenção e obras de macrodrenagem, além de realizar a limpeza de córregos e bocas de lobo.

 

A Secretaria de Obras e Serviços Urbanos informou que realiza obras que irão contribuir para reduzir os problemas causados pelas chuvas, como a construção das bacias de contenção e intervenções de macrodrenagem. A bacia de contenção B2, no Riacho das Pedras, conhecida como Rio Volga e construída em parceria com o Estado, foi concluída, em outubro de 2023 e já opera em sua totalidade, com capacidade para conter 27,1 milhões de litros de água. A obra da B5A, bacia da Toshiba, está em andamento, também sob responsabilidade do Estado. A previsão de conclusão é para meados de 2024.

 

A ampliação do sistema de escoamento da água de chuvas (macrodrenagem) da av. Francisco Firmo de Matos será executada em parceria com o governo de Minas e não foi iniciada.

 

A obra de macrodrenagem da av. Pio XII, entre a av. Teleférico e a Via Expressa, totalizando cerca de 725 metros de extensão, está em andamento. A intervenção de grande porte vai resolver os problemas crônicos de enchentes nas imediações do bairro Água Branca, segundo promessa da prefeitura.

 

Por fim, a prefeitura pede que a população descarte lixo e materiais inservíveis da forma correta, jamais em vias públicas.