O líder indígena foi encontrado morto na manhã da segunda-feira (4/3) -  (crédito: Frei Gilvander Moreira / Reprodução)

O líder indígena foi encontrado morto na manhã da segunda-feira (4/3)

crédito: Frei Gilvander Moreira / Reprodução

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) está ouvindo testemunhas na investigação sobre a morte de Merong Kamakã, líder indígena encontrado morto no último dia 4 de março. De acordo com a instituição, os laudos periciais estão sendo confeccionados. A Polícia Civil está em interlocução com a Polícia Federal para avançar nas apurações.

Um inquérito policial foi instaurado para apurar a causa e circunstâncias da morte do cacique Merong, liderança da retomada indígena em Brumadinho, na Grande BH. A princípio, o caso foi registrado pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) como suicídio, mas o Ministério dos Povos Indígenas, membros e lideranças da luta cobraram novas investigações.

"Apesar dos sinais de suicídio, parentes e amigos levantam a suspeita de possível assassinato. É necessário que todas as possibilidades sejam investigadas com rigor e seriedade por parte do Poder Público” destaca o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em nota publicada no site.

Em entrevista ao Estado de Minas, conhecidos do cacique associaram a morte dele à luta territorial que liderava. “Sobre a causa, só a polícia pode falar. O que eu sei é que o cacique estava muito angustiado”, disse Yaru Kamakã, primo de Merong.

A repercussão da morte do líder indígena foi ampliada pela decisão da Justiça, a pedido da mineradora Vale, de proibir o sepultamento de Merong no Córrego das Areias, onde vivia. Em homenagem, parentes de Merong e lideranças entoaram: “respeitem nosso luto”.

Quem era cacique Merong Kamakã

Pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e da sexta geração da família Kamakã Mongoió, o cacique Merong Kamakã foi conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e pela luta e defesa dos direitos dos povos indígenas e originários.

Merong lutava pela Retomada Kamakã Mongoió, em Brumadinho. A área era ocupada pela Fazenda Córrego de Areias, reivindicada pela mineradora Vale. O cacique nasceu em Contagem, Região Metropolitana, e, na infância, foi morar na Bahia. Para o cacique, a terra significava vida e espiritualidade, razão para defendê-la ao máximo. "No momento em que a terra é explorada indevidamente, ela nos dá o retorno da sua dor", dizia.

A Vale, em nota, reiterou o pesar pela morte de Merong e disse que se solidariza com a comunidade indígena. "A Vale respeita os povos indígenas e seus ritos de despedida e busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade", afirma o comunicado.

A Vale também afirmou que teve conhecimento do sepultamento e que não pretende tomar outras medidas sobre o caso (Com informações da Folhapress).