Delegada Monah Zein foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a um hospital de Belo Horizonte, em novembro -  (crédito: Pedro Faria / EM/D.A Press - Redes Sociais / Reprodução)

Delegada Monah Zein foi encaminhada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a um hospital de Belo Horizonte, em novembro

crédito: Pedro Faria / EM/D.A Press - Redes Sociais / Reprodução

A delegada Monah Zein, de 38 anos, que ficou trancada no apartamento dela no Bairro Ouro Preto, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, entre 21 e 22 de novembro do ano passado, foi até as redes sociais questionar o tratamento que vem recebendo por parte da Polícia Civil na condução do inquérito. Zein foi presa ao deixar o apartamento por atirar contra os policiais, mas foi solta em 24 de novembro. O caso segue em segredo de Justiça.

Os agentes teriam ido até o local para checar o estado de saúde da delegada e houve uma discussão. “Não havia socorro para prestar, não havia suicídio para impedir. Eu não ia me matar”, contou a delegada em uma das publicações.

Segundo publicou Monah, a linha do tempo do que aconteceu entre ela e os policiais que foram até sua residência foi confundida devido ao “estresse e medo que passei naquele momento”. A então delegada disse que foi alvo, além de um disparo de arma de choque, de dois tiros de bala de borracha por parte dos agentes antes de revidar, com apenas um disparo de arma de fogo.

“Houve ilegalidades, violações, abusos e excessos que poderiam ter tido um desfecho realmente trágico”, contou Monah.

Ainda segundo ela, o indiciamento por quatro tentativas de homicídio seria incorreto, já que ela fez outros disparos em um cômodo distante de onde estavam os policiais, para “evitar que eles viessem atrás de mim”.

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Outro questionamento por parte de Monah é que os boletins de ocorrência feitos pelos agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da PC divergem. “Em pelo menos três registros formais, nenhum é harmônico e coeso com os outros e principalmente, nenhum informa a dinâmica dos acontecimentos, especialmente como atuou a equipe da CORE”, disse ela na postagem.

Em outra publicação, ela questiona o porquê teve seu acesso ao sistema da Polícia Civil bloqueado, o que, segundo Monah, constataria um assédio por parte da instituição. Ainda segundo a delegada, os policiais levaram diversos documentos de sua casa. “A sina em devassar meu apartamento foi tamanha que não apenas mentiu-se para conseguir o mandado de busca e apreensão, que deixaram o local do crime como adjacente. Aí as investigações começaram a ir pra rumo incerto”, contou em uma publicação.

Por fim, Monah elogiou a decisão da Justiça, que concedeu liberdade após a audiência de custódia. "Ainda existe quem entende de direitos fundamentais e não precisa de conjectura para saber que aquilo não foi legítimo, nem justificável, passando de todos os limites aceitáveis. Chegando ao deplorável fim de precisaram esconder o que fizeram e me incriminar para não responderem pelos excessos", disse.

Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que "os fatos ocorridos no mês de novembro do ano passado são objeto de Inquérito Policial que tramita na Corregedoria-Geral de Polícia Civil. A PCMG esclarece, ainda, que a servidora encontra-se licenciada para tratamento de saúde".

Relembre o caso

Durante a terça-feira (21), Monah Zein fez diversas transmissões ao vivo no Instagram contando o ocorrido. Policiais civis foram até sua casa após mensagens que ela enviou em grupos de trabalho, com receio de que ela supostamente faria algo contra a própria vida. Monah negou e alegava que eles não tinham mandado e nem motivo para estar lá.

Eles discutiram no corredor do prédio e disparos foram feitos, dando início a negociação. Monah ficou trancada dentro do apartamento por quase 30 horas. Ela optou por sair do imóvel, foi sedada e presa, devido aos disparos feitos contra os agentes.

Monah foi solta no dia 24 de novembro após decisão da Justiça.

De acordo com publicações feitas pela delegada nas redes sociais, ela fez diversas sindicâncias dentro da Corregedoria da Polícia Civil para expor casos de assédio que sofria. As denúncias nunca foram ouvidas e, por isso, ela não voltaria a trabalhar.