O diretor do comitê da Bacia do Rio Pará, José Hermano, na nascente do manancial: preocupação com avanço da ocupação desordenada que ameaça águas de alta pureza
 -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 8/5/2023)

O diretor do comitê da Bacia do Rio Pará, José Hermano, na nascente do manancial: preocupação com avanço da ocupação desordenada que ameaça águas de alta pureza

crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 8/5/2023

Desde que nasce, em Resende Costa, o Rio Pará tem uma sina de recebimento de poluentes por praticamente quase todos os seus 365 quilômetros, por 13 municípios. Mas a sua recuperação começa nos últimas duas cidades que banha (Martinho Campos e Pompéu). Do nascedouro até Martinho Campos, a qualidade da água sofre com despejos de poluentes que vêm dos afluentes das grandes cidades como Divinópolis, Itaúna e Nova Serrana. E são as águas do Rio Lambari, em Martinho Campos, que começam a mudar tudo.

Nos últimos 22 anos a qualidade desse manancial era 54% melhor que os parâmetros tolerados pelo Conama, fornecendo um alívio ao Rio Pará. Não por acaso: o manancial recebe cargas de córregos e ribeirões de classe especial quando passa por Santo Antônio do Monte, pelas bacias do Ribeirão Cachoeira e do Córrego Mata do Cipó, todos cursos de águas de classe especial. O alento se repete ao receber as águas do Rio do Picão, em Martinho Campos, revigorado por águas especiais que vêm do Córrego do Chicão. Mais limpo, o Pará melhorou os parâmetros bons do Rio São Francisco nos últimos 22 anos, de 32% antes de chegar ao rio para 41% após desaguar.

Uma realidade que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH Rio Pará) teme que possa mudar. “Sabemos que o Rio Pará ainda consegue trazer água boa para o Rio São Francisco, muito graças às águas de classe especial, mas, cada vez temos menos afluentes e rios com classe especial. Infelizmente, a ocupação foi muito desordenada e isso é difícil de se parar e de se reverter. Fizemos o enquadramento sério das águas do rio e a realidade é uma verdade que precisamos encarar, se quisermos ter esse rio com qualidade”, afirma o secretário do CBH Rio Pará, José Hermano Oliveira Franco.

Ele observa que várias atividades interferem nas áreas de recarga e precisariam ser removidas para serem recompostas. “Vemos muito pisoteio de gado, impermeabilização, mineração... O que faz a infiltração é a raiz de árvore. Sem as árvores e a vegetação, a água bate na terra e corre na superfície, não se infiltra e causa erosão. Chega aos rios e ainda os assoreia. E com as mudanças climáticas, não se tem mais chuvas mansas e longas, mas pancadas fortes que precisariam de uma vegetação muito mais consistente”, afirma.


Recursos de Minas são fundamentais

Como o Rio Pará e o Velhas, o Rio Paraopeba também recebe contribuições de 12 grandes áreas de recargas de mananciais de classe especial que ajudam a revigorar o Rio São Francisco. “Por mais contrassenso que isso possa parecer, por causa da nossa luta para melhorar a quantidade e qualidade das águas dos afluentes contra poluição, desmatamento e mineração predatória, as melhores águas dos São Francisco saem das serras e áreas de cargas de Minas Gerais. Cerca de 70% das águas do São Francisco nascem em Minas Gerais e por isso quanto mais preservarmos a qualidade no estado, mais estaremos preservando para os demais estados que dela necessitam”, afirma o vice-presidente do Comitê das Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Marcus Vinícius Polignano.

Com 13 grandes áreas de recarga exclusivas de mananciais de classe especial, o Rio Doce também tem sua qualidade ampliada nos trechos que recebe cursos com essas águas ainda conservadas. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, a proteção desses mananciais, assim como das áreas de recarga, é de suma importância para a bacia. “Ao garantirmos a proteção dessas áreas de produção de água e dos rios que são abastecidos por ela, estamos garantindo, por consequência, o aumento da oferta de água, de forma gradativa, em qualidade e quantidade, que vertem para a calha principal do Rio Doce. Como 80% da vazão está em Minas Gerais, é fundamental que essas áreas e mananciais sejam preservados”, informou o comitê, por meio de nota.

No caso do Rio Grande, 23 áreas de recarga importantes se somam ao Rio Paranaíba (ainda sem enquadramento para mapear e proteger as suas áreas) para levar água boa ao se unirem para constituir o Rio Paraná. O Rio Paraíba do Sul também recebe água dentro dos parâmetros vindas de Minas Gerais, mas as 21 áreas de drenagem de águas de classe especial só conseguem fazer com que as águas poluídas do Sul de Minas e da Zona da Mata não cheguem com poluição acima do tolerado.


Desde que nasce, em Resende Costa, o Rio Pará tem uma sina de recebimento de poluentes por praticamente quase todos os seus 365 quilômetros, por 13 municípios. Mas a sua recuperação começa nos últimas duas cidades que banha (Martinho Campos e Pompéu). Do nascedouro até Martinho Campos, a qualidade da água sofre com despejos de poluentes que vêm dos afluentes das grandes cidades como Divinópolis, Itaúna e Nova Serrana. E são as águas do Rio Lambari, em Martinho Campos, que começam a mudar tudo.

Nos últimos 22 anos a qualidade desse manancial era 54% melhor que os parâmetros tolerados pelo Conama, fornecendo um alívio ao Rio Pará. Não por acaso: o manancial recebe cargas de córregos e ribeirões de classe especial quando passa por Santo Antônio do Monte, pelas bacias do Ribeirão Cachoeira e do Córrego Mata do Cipó, todos cursos de águas de classe especial. O alento se repete ao receber as águas do Rio do Picão, em Martinho Campos, revigorado por águas especiais que vêm do Córrego do Chicão. Mais limpo, o Pará melhorou os parâmetros bons do Rio São Francisco nos últimos 22 anos, de 32% antes de chegar ao rio para 41% após desaguar.

Uma realidade que o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará (CBH Rio Pará) teme que possa mudar. “Sabemos que o Rio Pará ainda consegue trazer água boa para o Rio São Francisco, muito graças às águas de classe especial, mas, cada vez temos menos afluentes e rios com classe especial. Infelizmente, a ocupação foi muito desordenada e isso é difícil de se parar e de se reverter. Fizemos o enquadramento sério das águas do rio e a realidade é uma verdade que precisamos encarar, se quisermos ter esse rio com qualidade”, afirma o secretário do CBH Rio Pará, José Hermano Oliveira Franco.

Ele observa que várias atividades interferem nas áreas de recarga e precisariam ser removidas para serem recompostas. “Vemos muito pisoteio de gado, impermeabilização, mineração... O que faz a infiltração é a raiz de árvore. Sem as árvores e a vegetação, a água bate na terra e corre na superfície, não se infiltra e causa erosão. Chega aos rios e ainda os assoreia. E com as mudanças climáticas, não se tem mais chuvas mansas e longas, mas pancadas fortes que precisariam de uma vegetação muito mais consistente”, afirma.


Recursos de Minas
são fundamentais


Como o Rio Pará e o Velhas, o Rio Paraopeba também recebe contribuições de 12 grandes áreas de recargas de mananciais de classe especial que ajudam a revigorar o Rio São Francisco. “Por mais contrassenso que isso possa parecer, por causa da nossa luta para melhorar a quantidade e qualidade das águas dos afluentes contra poluição, desmatamento e mineração predatória, as melhores águas dos São Francisco saem das serras e áreas de cargas de Minas Gerais. Cerca de 70% das águas do São Francisco nascem em Minas Gerais e por isso quanto mais preservarmos a qualidade no estado, mais estaremos preservando para os demais estados que dela necessitam”, afirma o vice-presidente do Comitê das Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Marcus Vinícius Polignano.

Com 13 grandes áreas de recarga exclusivas de mananciais de classe especial, o Rio Doce também tem sua qualidade ampliada nos trechos que recebe cursos com essas águas ainda conservadas. Segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, a proteção desses mananciais, assim como das áreas de recarga, é de suma importância para a bacia. “Ao garantirmos a proteção dessas áreas de produção de água e dos rios que são abastecidos por ela, estamos garantindo, por consequência, o aumento da oferta de água, de forma gradativa, em qualidade e quantidade, que vertem para a calha principal do Rio Doce. Como 80% da vazão está em Minas Gerais, é fundamental que essas áreas e mananciais sejam preservados”, informou o comitê, por meio de nota.

No caso do Rio Grande, 23 áreas de recarga importantes se somam ao Rio Paranaíba (ainda sem enquadramento para mapear e proteger as suas áreas) para levar água boa ao se unirem para constituir o Rio Paraná. O Rio Paraíba do Sul também recebe água dentro dos parâmetros vindas de Minas Gerais, mas as 21 áreas de drenagem de águas de classe especial só conseguem fazer com que as águas poluídas do Sul de Minas e da Zona da Mata não cheguem com poluição acima do tolerado.