RECONHECIMENTO

UFMG está entre as 250 instituições mais interdisciplinares do mundo

Segundo ranking da Times Higher Education (THE), a universidades aparece em nono lugar na América Latina e na quinta posição entre as instituições brasileiras

Publicidade
Carregando...

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está entre as 250 instituições mais interdisciplinares do mundo, segundo o ranking da Times Higher Education (THE), que avalia as atividades e ações de interdisciplinaridade desenvolvidas pelas universidades.

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O ESTADO DE MINAS NO Google Discover Icon Google Discover SIGA O EM NO Google Discover Icon Google Discover

No recorte da América Latina, a UFMG aparece em nono lugar, e na quinta posição entre as instituições brasileiras – sendo a terceira federal, atrás das Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A interdisciplinaridade é o processo de integrar duas ou mais disciplinas para uma pesquisa ou solução de um problema, possibilitando analisar o alvo do projeto por ângulos diversos.

Criado em 2025, o Times Higher Education Interdisciplinary Ranking leva em conta os recursos aplicados na interdisciplinaridade, as ações entregues pelas instituições, a quantidade e a qualidade das publicações interdisciplinares, o impacto das citações em múltiplas áreas e a reputação global das instituições.

Nesta segunda edição, foram avaliadas 911 universidades de 94 países - sendo 37 brasileiras. A metodologia adotada pelo THE considerou três eixos. O process, o primeiro eixo examina de que forma as universidades organizam sua atuação interdisciplinar, considerando metas, centros voltados ao tema, suporte administrativo e incentivos de carreira para atividades entre diferentes áreas.

O segundo eixo, inputs, avalia os recursos destinados à interdisciplinaridade, como o financiamento específico para pesquisas interdisciplinares e a captação de recursos da indústria.

Já o terceiro eixo, outputs, corresponde aos resultados, mensurando a quantidade e a qualidade das publicações interdisciplinares, o impacto das citações em múltiplos campos e a reputação global da instituição. A UFMG teve pontuação de 33.3 no process, 29.2; no inputs 57.9; e 55.9 no outputs.

Para a universidade, apesar de os rankings internacionais apresentarem vieses que, na maioria das vezes, não combinam com a realidade das universidades brasileiras, a reitora Sandra Goulart Almeida avalia positivamente o surgimento de uma classificação voltada à interdisciplinaridade no ensino superior.

“Não se produz mais conhecimento de ponta confinado em fronteiras estanques. O futuro da ciência é claramente interdisciplinar e transdisciplinar. O resultado dessa avaliação destaca uma dimensão na qual a UFMG tem investido bastante nos últimos anos para orientar os rumos da sua produção científica”, destaca a reitora.

Para Sandra, o novo levantamento da THE dialoga, em certa medida, com o recente ranking da QS destinado a ações de sustentabilidade, no qual a UFMG avançou 470 posições e alcançou o 316º lugar geral, destacando-se como a universidade que mais progrediu entre as duas mil avaliadas. “Um futuro sustentável está fortemente condicionado a uma ciência capaz de romper os limites disciplinares”, afirma.

O professor Dawisson Belém Lopes, diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais, celebra a inclusão da UFMG neste ranking. “Essa é a segunda edição do ranking da THE destinado à interdisciplinaridade. A classificação reúne algumas das maiores e melhores instituições de educação superior do mundo. É uma alegria para a UFMG figurar entre as referências globais na produção de ciência interdisciplinar", afirma.

Ele argumenta que o ranking mede a capacidade de a universidade operar de maneira interdisciplinar, mas que a "UFMG está além disso, pois conduz suas atividades acadêmicas com foco no problema de pesquisa e na forma como esse problema atravessa diferentes disciplinas. A Universidade organiza seus processos de modo transversal e transdisciplinar em diversos domínios”, afirma Dawisson.

O diretor observa que, embora o ranking avalie a interdisciplinaridade das universidades, a UFMG já se destaca por sua atuação transdisciplinar. Enquanto a interdisciplinaridade promove a integração e o diálogo entre disciplinas no ensino e na pesquisa, a transdisciplinaridade busca articular diferentes saberes, aprofundando a compreensão da complexidade do mundo.

A distinção entre interdisciplinaridade e transdisciplinaridade é ressaltada pela professora Patrícia Kauark, diretora do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (Ieat). Segundo ela, enquanto a interdisciplinaridade promove diálogo e integração entre disciplinas, a transdisciplinaridade busca a unidade do conhecimento, articulando inclusive saberes não acadêmicos.

“Ser transdisciplinar é essencial para que a universidade esteja à altura dos desafios contemporâneos. Os grandes problemas do nosso tempo – mudanças climáticas, desigualdades sociais, crise da democracia, impactos das novas tecnologias e questões de saúde coletiva – não cabem dentro de uma única área do conhecimento. Eles exigem diálogo efetivo entre saberes distintos, articulação entre ciências naturais, humanas, tecnológicas, artes e a integração com saberes não acadêmicos”, explica.

A professora ressalta que uma universidade transdisciplinar não forma apenas especialistas, mas pessoas capazes de compreender a complexidade do mundo e produzir conhecimento socialmente relevante. “Trata-se de fortalecer o compromisso público da universidade com a sociedade. A transdisciplinaridade vai além da soma ou da simples interação entre disciplinas. Implica colocar em diálogo teorias, métodos e linguagens diferentes, mas também abrir a universidade para a escuta de outros saberes – sociais, culturais, artísticos, tradicionais – em busca de soluções mais integradas, criativas e socialmente situadas”.

Além do Ieat, órgão dedicado a fomentar a transdisciplinaridade, a UFMG promove diversas ações que fortalecem a interação entre áreas no ensino de graduação e pós-graduação, na pesquisa e na extensão. Dentre essas iniciativas, destacam-se as formações transversais oferecidas na graduação e projetos que integram múltiplos campos do conhecimento, como o Programa UFMG de Formação Cidadã em Defesa da Democracia.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

Patrícia conta que esses exemplos demonstram que a transdisciplinaridade já faz parte do cotidiano institucional da universidade. Ela ressalta que no caso específico do Ieat, foram criados condições para encontros intelectuais que dificilmente ocorreriam nos formatos tradicionais das unidades acadêmicas.

"Por meio de cátedras internacionais, seminários, conferências, residências de pesquisadores, grupos de estudos e projetos temáticos, estimulamos a formação de redes de pesquisa que atravessam áreas, promovendo diálogo entre ciência, filosofia, artes, saúde, tecnologia e saberes sociais. Assim, o Ieat contribui para consolidar uma cultura institucional mais aberta, plural e orientada por problemas complexos", finaliza Patricia.

*Estagiária sob supervisão do editor Benny Cohen

Tópicos relacionados:

educacao ensino-superior pesquisa ufmg

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay