Projeto contempla alunos e professores -  (crédito: Edesio Ferreira/ EM/ D.A Press)

Projeto contempla alunos e professores

crédito: Edesio Ferreira/ EM/ D.A Press

Com o objetivo de minimizar os estragos causados pela pandemia da Covid-19 na educação, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (Smed-BH), em parceria com o Grupo Eureka, decidiu adotar o programa Recomposição das Aprendizagens, no ano passado. Nesta terça (28/11), mais de 300 educadores da rede pública de ensino se reúnem para compartilhar os resultados da iniciativa, que contempla alunos do 4º ao 9º anos do ensino fundamental.

De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), 168 escolas da rede de ensino fundamental participam do projeto. A partir de um investimento da ordem de R$ 23 milhões, foram adquiridos mais de 76 mil livros de reforço de português e matemática para alunos e 3.798 livros para professores. Além disso, os profissionais passaram por um processo de capacitação com oficinas pedagógicas.

A taxa de rendimento nas escolas, calculada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revela que nos anos finais do Ensino Fundamental, em 2021 a taxa de abandono nas escolas da rede pública de BH era de 1,1%, e em 2022, subiu para 1,5%. A mesma pesquisa mostra que o índice de reprovação nessas escolas em 2021 era de 2,7%, e no ano seguinte subiu para 7,7%.

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Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Inep mostram que no 9° ano do Ensino Fundamental na capital mineira, em 2021, só 43% dos alunos da rede pública tinham aprendizado adequado em português. Em matemática, o dado é ainda pior: só 19% dos alunos apresentaram aprendizado adequado.

Foi pensando nisso que surgiu o programa Recomposição das Aprendizagens. Carlos Eduardo Garrido, diretor executivo do Grupo Eureka, explica que a iniciativa é calcada em três pilares: materiais didáticos, plataformas digitais, e o principal: formação de professores.

Os materiais, de português e matemática, são para os professores e para os alunos. O ideal que foi considerado na hora de elaborar os livros é “que ele (o material) não seja simplista, mas que consiga aproximar o aluno e o professor do que eles já conhecem”, explica o diretor executivo.

O material desenvolvido para os alunos é descrito por Carlos como "clássico" e vem recheado de teoria, exercícios e situações ou problemas a serem resolvidos. “É um material que acolhe, o aluno se sente capaz de resolver”, diz.

A professora Gerusa Alves, da Escola Municipal Joaquim dos Santos, reforça: “O livro do 5º ano, por exemplo, contempla desde as primeiras habilidades do Ensino Fundamental. Quando os alunos recebem esse livro, começam a ter certa autonomia, porque conseguem fazer sozinhos”, conta a professora.

Já a apostila dos professores é um pouco mais completa. Os profissionais recebem mais opções de exercícios e descrição de metodologias de ensino, que casam com o que se espera que o aluno desenvolva ao fazer tal exercício. São descritos detalhes como dinâmicas que podem ser usadas, possíveis usos de vídeos ou filmes que ensinam sobre o conteúdo ou se o exercício é melhor quando feito em grupo ou individual, por exemplo.

Tecnologia nas escolas

O diretor executivo da Eureka conta que a ideia do programa veio quando o grupo percebeu que “só entregar o livro já não era mais o suficiente para o aprendizado”. Assim, surgiu a plataforma online que tem o objetivo de complementar o aprendizado. “O site é bem adaptativo, todo construído para a escola pública”, descreve. A plataforma também está disponível por meio de aplicativo e se adapta à qualidade de internet do usuário.

No endereço online, o aluno e o professor encontram ferramentas interativas e outros aplicativos educacionais, além de um material de apoio, que complementa o conteúdo dos livros.

Além do problema de falta de acesso a computadores e outros aparelhos eletrônicos, ainda existe o desafio de incluir e aproximar os professores do uso de novas tecnologias. “Os professores têm dificuldade com tecnologia. Os alunos, muitas vezes, sabem mais de tecnologia que os professores”.

É aí que entra o terceiro pilar do programa Recomposição das Aprendizagens: a formação dos professores. Além dos treinamentos e das estratégias pedagógicas, os profissionais da educação também foram submetidos a um processo de educação digital.

O maior investimento do Grupo Eureka, dentro do projeto, foi a formação pedagógica dos professores, de acordo com Carlos.

* Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata