Em um ano marcado pelo tarifaço dos Estados Unidos em cima das exportações brasileiras, o agronegócio de Minas Gerais alcançou seu recorde histórico de US$ 18,1 bilhões em exportações entre janeiro e novembro, um aumento de 13% em relação ao mesmo período de 2024. Esse crescimento no faturamento vai na contramão da queda de 6,6% no volume exportado, conforme o balanço divulgado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) nesta terça-feira (16/12).
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De acordo com Antônio de Salvo, presidente da Faemg, o agronegócio representou 43,7% das exportações totais do estado, superando a mineração. Minas Gerais também se firmou como terceiro maior estado brasileiro exportador no agronegócio, com 11,7% do faturamento total do país, ficando atrás apenas do Mato Grosso (que detém 17,2%) e São Paulo (com 17%). Com o desempenho de 2025, o estado superou o Paraná (10,4%) e o Rio Grande do Sul (8,8%).
O café foi responsável por mais da metade da pauta exportadora de Minas Gerais, somando 56,1% do faturamento, com US$ 10,15 bilhões. Em um ano marcado por uma safra menor, devido a condições climáticas adversas, o volume de café exportado caiu 8,3%, enquanto a receita cresceu 41%.
O segundo item da pauta exportadora mineira foi a soja, com faturamento de US$ 2,82 bilhões. Os grãos foram um dos destaques agrícolas, com aumento de 14,1% em produtividade graças à adoção de tecnologias. Assim, em volume de produção, o milho avançou 7,6%, a soja, 19,3%, e o sorgo, 49,5%.
O setor sucroalcooleiro ficou em terceiro lugar entre as exportações do agronegócio mineiro, com US$ 1,86 bilhão. A safra 2024/2025 da cana de açúcar registrou recorde de moagem. Já na pecuária mineira, as exportações de carne bovina registraram 20% de aumento na receita, enquanto a exportação de suínos cresceu 17,2%, e o frango vivo alcançou preços 10,8% maiores.
Dumping no leite
Já o Valor Bruto de Produção (VBP) do agronegócio mineiro, que é o faturamento total do setor, foi de R$ 171,8 bilhões, crescimento total de 15,2%, sendo que o setor agrícola cresceu 17,1%, e o pecuário, 11,9%. Novamente foi o café que “puxou” o bom desempenho do VBP mineiro, sendo responsável por um terço do total (ou 33,48%), o que corresponde a R$ 57,52 bilhões.
Em seguida vêm: o leite, com R$ 26,73 bilhões (15,56%); o boi gordo, com R$ 17,98 bilhões (10,47%); a soja, com R$ 17,88 bilhões (10,41%); e a cana, com R$ 10,65 bilhões (6,2%). Apesar do leite ter registrado uma captação 4,3% maior, Antônio de Salvo explica que o setor está em alerta, já que, apesar do aumento da produção, não houve aumento de consumo.
“As importações de leite em pó, sobretudo da Argentina e do Uruguai, derrubaram o preço do leite produzido no Brasil. O setor vem de nove quedas consecutivas e margem negativa para os produtores”, disse o presidente da Faemg. Ele garante que esses países praticam dumping, que é a venda abaixo do valor de produção com o objetivo de desbancar a concorrência. “Depois de acabar com a concorrência, eles passam a praticar o preço de mercado”, alertou de Salvo, cobrando a taxação desse produto para equalizar a concorrência.
Tarifaço foi um susto
Na avaliação do presidente da Faemg, o tarifaço dos Estados Unidos frente às exportações brasileiras não foi um grande problema ao analisar o resultado do ano como um todo. “Foi um susto que nós passamos. Obviamente, nosso principal produto, o café, teve queda na exportação para os Estados Unidos no período em que não estava isento. Mas isso não serve para tilápia, mel, madeira (que continuam com o imposto extra de 40%). Ao conceder as exceções do tarifaço, o Trump estava protegendo o país dele. Ele isentou alguns produtos brasileiros para abaixar o preço nos Estados Unidos”, analisou Antônio de Salvo.
Ele também comentou o tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia: “Vai ser bom para o Mercosul e para o Brasil. Temos que ver se vão colocar alguns protocolos, sobretudo ambientais”. Para de Salvo, Minas Gerais já se consolidou como um exportador e tem potencial para se beneficiar desse acordo.
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A Faemg também alertou quanto à redução de 16% na tomada de crédito rural (Plano Safra). Em 2025, entre os meses de julho e outubro, apenas R$ 20,41 bilhões foram contratados. As causas apontadas são as taxas de juros elevadas, a alta inadimplência e o crescente custo de produção. Assim, a entidade que representa os produtores rurais pede que haja uma implementação urgente de políticas de juros adequados à realidade do produtor e um reforço substancial do Seguro Rural, para mitigar riscos climáticos.
