
123 Milhas: Justiça suspende processo de recuperação judicial pela segunda vez
Processo foi retomado em dezembro de 2023, após ser suspenso em setembro a pedido do Banco do Brasil; nova decisão atrasa pagamento de dívidas
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Siga noA Justiça de Minas suspendeu, pela segunda vez, a recuperação judicial da empresa 123 Milhas. O processo foi retomado em dezembro de 2023, após ser suspenso em setembro a pedido do Banco do Brasil. Na ocasião, a instituição financeira teria afirmado que a agência de viagens não instruiu na petição inicial todos os documentos necessários para viabilizar o processo da recuperação judicial e, também, não incluíram a lista de credores.
A nova decisão levou em consideração que empresas associadas ao grupo não passaram pelo processo de constatação prévia de suas condições reais de funcionamento. Assim, o pagamento da dívida, tanto com credores quanto com clientes, continua parado e sem expectativa para ser resolvido.
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“No meu entender, deferida a consolidação processual e para que o procedimento tramite em obediência ao rito previsto na Lei 11.101/2005, a retomada da Recuperação Judicial deve aguardar a decisão do Relator acerca da constatação prévia das empresas LH - LANCE HOTEIS LTDA. e MM TURISMO & VIAGENS S/A, para que os prazos legais sejam cumpridos devidamente, seja pelas Recuperandas, credores e AJ’s”, escreveu a magistrada.
Em sua decisão, a juíza da 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte ainda apontou que, até o momento, não foram definidos os profissionais que vão atuar como administradores judiciais do processo, já que dois dos três escritórios que haviam sido nomeados em primeira instância foram substituídos.
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“Ademais, não há decisão definitiva quanto aos profissionais que atuarão como Administradores
Judiciais no presente caso. A substituição do AJ nomeado em primeira instância e nos termos da Lei 11.101/2005, se deu por meio de decisão monocrática e foi noticiada nestes autos a interposição de Agravo Interno e impetração de Mandado de Segurança contra a referida decisão”, afirmou.
A decisão cabe recurso. A reportagem procurou a 123 Milhas, que informou que “aguarda a decisão da Justiça sobre a nova data para apresentar o seu Plano de Recuperação Judicial”.
Relembre o caso
Em agosto, a 123 Milhas suspendeu a emissão de passagens, inclusive para quem já havia efetuado pagamentos das viagens até dezembro deste ano, deixando milhares de consumidores frustrados em todo o Brasil.
A situação pegou muita gente de surpresa, e mais de 150 denúncias foram feitas contra a empresa na Polícia Civil, que investiga o caso. As queixas envolvem crimes que ferem o Código de Defesa do Consumidor (CDC), além de pirâmide financeira e até estelionato.
De acordo com a corporação, as investigações já começaram, e algumas vítimas foram intimadas para depor. Outras já foram ouvidas. A expectativa é de que representantes e funcionários da empresa também sejam ouvidos pela polícia.
A Defensoria Pública de Minas Gerais chegou a fazer um atendimento de urgência para auxiliar as vítimas da empresa. Em ação civil pública ajuizada contra a 123 Milhas pela DPMG, foi determinado que os consumidores afetados pelo cancelamento repentino de pacotes de viagens e passagens aéreas sejam indenizados por danos morais coletivos.
Outra alternativa oferecida é que a empresa restabeleça o serviço pelo qual o cliente pagou com as mesmas condições em que foram comprados.
Com o acúmulo de dívidas, os donos entraram com um pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça de Minas Gerais. A ideia é que o pedido assegure a possibilidade da empresa cumprir com os compromissos financeiros com todas as pessoas lesadas no processo.