REPARAÇÃO COLETIVA

Comissão de Anistia aprova pedido de perdão a indígenas Kaiowá, do MS

Pedido foi formulado pelo Ministério Público Federal e apresentou episódios de violência praticados por agentes públicos e privados nas décadas de 80 e 90

Publicidade

Nessa quinta-feira (25/7), a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos aprovou, em decisão unânime, um pedido de perdão à comunidade Kaiowá, da terra indígena Sucuri’y, em Mato Grosso do Sul, por episódios de violência praticados por agentes públicos e privados durante as décadas de 1980 e 1990.

O pedido aprovado foi proposto pelo Ministério Público Federal. No documento, entre outros pontos, o procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida apresentou episódios de remoção forçada vividos pelos Kaiowá. Indígenas estiveram presentes na reunião e se manifestaram sobre a situação, relembrando episódios de violência.

“Os indígenas sofreram de extrema violência física e psicológica ao longo das diversas remoções forçadas, também em virtude das ofensas descritas como preconceituosas e humilhantes aos povos Guarani e Kaiowá, enquanto eram jogados dentro das caçambas dos caminhões junto com alguns de seus pertences”, relatou o MPF.

O julgamento foi conduzido pela presidente da Comissão, Eneá Stutz, que entendeu que houve violações históricas por parte do estado contra os Kaiowá da terra indígena Sucuri’y.

“Estamos à disposição para tudo aquilo que nós pudermos colaborar na luta que é secular dos povos indígenas, no sentido de melhores condições de vida e reparações por mais de cinco séculos de violação dos direitos humanos desses povos”, pontuou ela.

Em seu voto favorável, a relatora do caso, a advogada Maíra Pankararu, afirmou que a decisão não se limita apenas ao cumprimento de formalidades legais.

“Também constitui um passo significativo em direção à construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, onde as violações do passado são reconhecidas e enfrentadas de maneira responsável e comprometida com a promoção dos direitos humanos e da dignidade de todos os cidadãos”, disse ela.

Pedido de perdão

A terra indígena dos Kaiowá fica localizada no município de Maracaju, mas esta não é a primeira vez que este povo recebe um pedido de desculpas formal. Em abril deste ano, o colegiado formalizou a anistia aos indígenas Guarani-Kaiowá, e aos Krenak, do leste de Minas Gerais.

O pedido do MPF foi feito com base em violações de direitos sofridas entre 1984 e 1997. Entre as demandas, estavam: o reconhecimento das violações de direitos humanos contra os indígenas Kaiowá, do território Sucuri’y; o envio de uma recomendação para que o Ministério dos Povos Indígenas realizasse uma reparação econômica coletiva em prol da comunidade; e a solicitação para que o Ministério da Saúde adotasse providências como núcleos de apoio e atenção psicológica aos afetados pelos atos de violência.

Na decisão da Comissão, além da concessão do perdão, foram enviadas recomendações à Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde (Sesai/MS), à União, ao Mato Grosso do Sul e ao município de Maracaju. Entre outros pontos, o colegiado também recomendou à União a criação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade.

Tópicos relacionados:

comissao-de-anistia povos-indigenas

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay