Thereza Cristina ficou conhecida por inventar a coxinha de frango com catupiri -  (crédito: Doce Docê/Divulgalção)

Thereza Cristina ficou conhecida por inventar a coxinha de frango com catupiri

crédito: Doce Docê/Divulgalção

Memória gustativa. A sensação de água na boca, de "enxergar" a guloseima, sentir o cheiro e o deleite de quando deu a primeira mordida e ainda a clareza de reviver um momento de prazer. Tudo isso é estimulado pela coxinha de frango com catupiri da Doce Docê, casa de salgados e doces finos preparados com tradicionais receitas caseiras, que formou e forma o paladar de gerações de mineiros, em Belo Horizonte, desde a década de 1970.

Para celebrar a longevidade e a história construída ao longo dos anos, a matriarca Thereza Cristina lança nesta terça-feira (28/11), em São Paulo, um livro biográfico no qual revela os bastidores de 25 anos à frente da Doce Docê e onde está até hoje com a marca que completa cinco décadas. A obra, "Reinventando o Doce Docê - uma história de amor e lutas", é de autoria de Pedro Motta Pinto Coelho e a noite de autógrafos será na Livraria Travessa do Shopping Villa Logos, em São Paulo, a partir das 19h. Em BH, o lançamento ocorreu no dia 23/11 e a edição está à venda na loja Doce Docê.

"A ideia do livro é do meu irmão, Pedro, embaixador aposentado e já autor de dois livros editados. Ele sempre foi ligado a mim e à minha história. Era bailarina e ele me levava para as aulas de balé e temos uma ligação forte. Quando Pedro estudava no Rio de Janeiro para a carreira diplomática, sem dinheiro para comer em restaurante, naquela época não existia os mais populares ou fast food, ele me perguntou porque não inventava um salgado que substituísse uma refeição. Achei a ideia maravilhosa e assim criei a coxinha de frango com catupiri. Então, até isso veio por meio dele. As coxinhas fizeram sucesso e criou a identidade da Doce Docê", conta Thereza Cristina.

E não é só coxinha de frango com catupiri a estrela da companhia. Ao lado dela, a outra criação de Thereza Cristina, também digna aplausos é a de camarão. Elas reinam no cardápio e não são páreo para as versões espalhadas depois pelo Brasil afora. É aquela máxima "na época, inovei com a minha coxinha, algo que não existia, e toda cópia não é igual", lembra Thereza Cristina.

No livro, há história e bastidores deliciosos. Mas Thereza Cristina não vai estragar a surpresa preparada por Pedro, mas ela revela ao Estado de Minas uma sensacional: "Quantos pais e, agora, avós, fregueses com cinco anos, quando namoravam e que me contam histórias com a Doce Docê. Fico emocionada vária vezes, me mandam mensagens, falam que marquei a infância, o namoro, o noivado. Há pouco, estava no meu cabeleireiro e uma senhora, Júlia, me abordou e disse 'sabe que no dia do meu casamento, já estava com vestido, maquiada, mas com muita fome e pedi ao motorista para passar no Doce Docê para comer uma coxinha de catupiri. Casei com o dente sujo de coxinha'. É sensacional, e essa história não deu tempo para entrar no livro. Falei para o Pedro que terá de escrever outro".


Memória afetiva

A Doce Docê faz parte da memória afetiva dos belo-horizontinos, mineiros e turistas que visitavam a capital do início dos anos 1970, 1973 precisamente, ao fim dos anos 1990. Ela ficava na Avenida Afonso Pena, quase na esquina de Getúlio Vargas. Tradicional, era ponto de parada obrigatório na cidade, principalmente, claro, pela coxinha de frango com catupiri. Era um burburinho só e entra e sai o dia todo.

Houve um hiato na história, que foi retomada em outubro de 2017, agora, estabelecendo-se no Seis Pistas, em Nova Lima, onde segue conquistando clientes com sabores inesquecíveis ao paladar: "Mudança é bem-vinda, os tempos são outros, precisávamos de um lugar mais confortável para receber nossos clientes, com facilidade de estacionar, enfim. Começamos tudo de novo. O que asseguro é que a identidade da Doce Docê ninguém muda. Não estou mais no dia a dia, à frente, mas procuro sempre passar por lá e ficar de olho", destaca Thereza Cristina. 

Reconhecimento

Em cinco décadas, uma legião de clientes foi formada, de várias gerações. Pais que acompanhavam os filhos e agora os netos. Na conta do Instagram da Doce Docê, as manifestações confirmam toda este amor em torno da culinária desenvolvida por Thereza Cristina, uma comida que acolhe e abraça, deixa lembranças, o que é uma preciosidade para a alma mineira. 

Apenas alguns exemplos em meio a milhares... A @zilmarinaftr postou "Ah que orgulho de poder dizer que fui cliente da Doce Docê muitos anos, quando era no alto da Avenida Afonso Pena. A casa de chá mais linda da cidade e a mais fina. Doces salgados como a coxinha de camarão com catupiri, inesquecível, considere-se honrada por nós. Hoje instalada na Vila da Serra. Parabéns!" 

Já @efhimacedo escreveu "Parabéns! Fez parte da nossa juventude e agora dos nossos filhos D. Thereza". E @marlucicoelho fez questão de deixar seu registro "Parabéns! Sou cliente desde que abriu. Amo demais! Você trouxe qualidade, bom gosto e um novo sabor para Belo Horizonte! Tão bom ter reaberto!"

O reconhecimento também de quem, não só se delicia com as gostosuras do Doce Docê, mas também fez parte da história, como a @doceria_delicias_da_gaby, que postou "Parabéns, tenho muito orgulho de de ter feito parte dessa equipe".