Mostras ‘Rembrandt’e ‘Ocupação Giramundo’ seguem em cartaz na Casa Fiat de Cultura e no Palácio das Artes, respectivamente, e são opções de roteiro nas férias
Visitante observa com lupa obra da mostra "Rembrandt – O mestre da luz e da sombra", que reúne 69 trabalhos do artista em água-forte e ponta-seca crédito: Rodrigo Gavini/divulgação
A exposição “Rembrandt – O mestre da luz e da sombra” segue em cartaz na Casa Fiat de Cultura até o próximo dia 25 de janeiro e tem atraído um público constante desde a abertura, em novembro passado. Reunindo 69 gravuras originais do artista holandês Rembrandt van Rijn (1606–1669), a mostra apresenta obras produzidas entre 1629 e 1665, período que abrange diferentes fases de sua carreira.
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Segundo Ana Vilela, gestora cultural da Casa Fiat, a exposição tem recebido aproximadamente mil visitantes por dia, com público variado, que inclui crianças, jovens, adultos e idosos. “As pessoas ficam completamente encantadas”, afirma.
As obras pertencem a uma coleção privada italiana e chegaram a BH após temporada no Rio de Janeiro. A técnica utilizada pelo artista foi a da gravura em água-forte e ponta-seca. Há exemplos de gravuras em formatos reduzidos, comuns no século 17.
Lupas disponíveis
“As pessoas estão achando curioso sair das telas digitais para uma tela física com formato parecido. Estamos oferecendo lupas para quem quiser ver com mais profundidade a obra, com mais detalhes. Mas as próprias crianças, por exemplo, já pegam o celular e dão um zoom na obra para enxergar e percorrer os traços minuciosos do Rembrandt”, comenta a gestora.
As obras de Rembrandt exibem passagens bíblicas, retratos, paisagens e situações do cotidiano, com títulos como “A descida da cruz” (1633), "Ressurreição de Lázaro" (1632) e "Autorretrato com Saskia" (1936). “Rembrandt traz nessas obras alguns dos principais dilemas humanos – ele fala de fé, dor, amor e esperança. Então, são obras que tocam muito a essência da alma humana e por isso são atemporais”, afirma Ana Vilela.
Ela ainda destaca a presença de recursos de acessibilidade na exposição, como materiais em braile, audiodescrição, imagens ampliadas, peças táteis e releituras em 3D.
O acervo do Giramundo, com aproximadamente 600 itens, está em exposição e repassa a trajetória do grupo Leandro Couri/EM. D.A Press
“Ocupação Giramundo”
A “Ocupação Giramundo” permanece em cartaz no Palácio das Artes e apresenta uma ampla seleção do acervo do tradicional grupo mineiro de teatro de bonecos, como parte das comemorações de seus 55 anos. A mostra reúne aproximadamente 600 bonecos, figurinos, cenários e registros audiovisuais de diferentes fases do grupo, desde o surgimento, em 1971, até produções atuais.
Segundo Marcos Malafaia, diretor do Giramundo, a exposição se diferencia de outras já realizadas pelo grupo por ser resultado direto de um processo de inventário e restauração do acervo, realizado em parceria com a Fundação Clóvis Salgado. “Normalmente a gente expõe os bonecos sem esse trabalho prévio, que é muito importante para a preservação do acervo Giramundo”, diz.
A produção audiovisual do grupo, com destaque para os trabalhos em cinema de animação desenvolvidos ao longo das últimas duas décadas, também recebe atenção na mostra.
Malafaia afirma que o acervo necessita de uma estrutura permanente e adequada para o armazenamento e, sem isso, está vulnerável. “Se não encontrarmos uma solução museológica para esse acervo, ele vai voltar para as caixas de novo e os cupins estão só aqui esperando mais ansiosos do que o público”, afirma. Segundo ele, o grupo chegou a perder mais de 100 bonecos no ano passado.
“Enquanto o acervo está no Palácio das Artes, ele está protegido. Os figurinos estão esticados, não tem água, umidade, compressão, não estão em caixas, estão restaurados e longe dos insetos. Agora, quando voltarem para as caixas correm o risco de serem destruídos de novo.”
A presença do público infantil tem sido um dos aspectos mais marcantes da visitação. “Os bonecos são materiais, têm olhos, ocupam o espaço físico. Isso cria uma experiência muito diferente da imagem digital, o que chama atenção das crianças”, comenta.
Ele relata que, para muitas famílias, a visita se transforma em um momento de afetividade e memórias, em que pais apresentam os personagens às crianças e relembram da presença do Giramundo na própria infância. “O Giramundo é um patrimônio afetivo da cidade. Faz parte da memória de várias gerações.”
“REMBRANDT – O MESTRE DA LUZ E DA SOMBRA” Exposição na Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários). Visitação de terça a sexta-feira, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Até 25 de janeiro. Entrada franca.
“OCUPAÇÃO GIRAMUNDO” Na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Visitação de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e domingos, das 17h às 21h. Até 22 de fevereiro. Entrada franca
*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes