Viúva de Canisso diz que banda Raimundos suspendeu repasses de shows
Adriana Toscano afirma que a banda descumpriu um contrato que previa repasses à família e que os pagamentos foram suspensos após a morte do músico, em 2023
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A psicóloga Adriana Toscano, viúva de Canisso — baixista fundador do Raimundos, morto em março de 2023 —acusa a formação atual da banda, liderada por Digão, de não repassar parte dos cachês dos shows. Em entrevista ao S.O.M., projeto da Mídia Ninja dedicado à música, ela contou que o contrato assinado em 2016 incluía uma cláusula prevendo que, em caso de falecimento de um dos sócios, os herdeiros passariam a receber os valores correspondentes, o que, de acordo com ela, deixou de ocorrer sem aviso.
A viúva afirma que, durante o velório, Digão prometeu ajudá-la e repassar uma porcentagem dos cachês — principal fonte de renda de Canisso — à família. A promessa teria se tornado um acordo formal, respeitado inicialmente, mas rompido depois que a banda passou a utilizar outro CNPJ.
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Ela também diz que autorizou o roadie Jean Moura a assumir o baixo na turnê após a morte do marido, atendendo ao pedido de Digão para manter a banda em atividade. A partir daí, segundo Adriana, a agenda de shows aumentou, impulsionada, também, por homenagens ao músico.
“Existe um contrato assinado para fechamento de shows em 2016 por todos os sócios, e havia uma cláusula que previa que, em caso de falecimento de qualquer um dos sócios, os herdeiros receberiam. Eu só quero que isso seja cumprido em honra do Canisso”, afirmou em vídeo publicado neste domingo (7/12).
Os direitos autorais das composições seguem sendo pagos aos filhos. No entanto, Adriana diz que a maior parte da renda do marido vinha das apresentações ao vivo.
Relação já era marcada por tensões
Adriana lembrou conflitos antigos entre Digão e Canisso. Segundo ela, o baixista tentava reorganizar a banda e profissionalizar a gestão, mas encontrava resistência do vocalista e do então empresário Denis. Ela afirma que a banda vivia tensões constantes e que declarações recentes de Digão — como a de que o Raimundos vive sua “melhor fase” — soam desrespeitosas diante da morte recente do colega.
Apesar de ainda não ter iniciado um processo, Adriana é assessorada por advogados e não descarta acionar a Justiça. “Não é só uma questão financeira. É uma questão de respeito e de cumprir a lei”, disse.
Nascido em 1965, José Henrique Campos Pereira marcou o rock brasileiro com sua passagem pelo Raimundos, banda criada em Brasília em 1987 e precursora da fusão entre punk rock e ritmos nordestinos. Nos anos 1990, o grupo se tornou fenômeno nacional com discos como Lavô Tá Novo e Só no Forévis, acumulando hits como “Mulher de Fases”, “A Mais Pedida” e “Eu Quero Ver o Oco”.
Após uma saída em 2002, Canisso retornou em 2007 e permaneceu na banda até sua morte, em 13 de março de 2023, aos 57 anos, vítima de um infarto.
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Na noite de sábado (6/12), o Raimundos negou qualquer desrespeito às cláusulas contratuais. Leia o comunicado:
“A Banda Raimundos lamenta as alegações e acusações recentemente formuladas pela Sra. Adriana, viúva do Canisso.
Todos os reflexos financeiros de direitos autorais de Canisso foram, são e serão respeitados, como é de conhecimento da própria família, atendendo aos contratos, estatutos de empresas e legislação aplicável.
Cumpre destacar que, para além das obrigações determinadas em lei, a Banda Raimundos prestou apoio e auxílio à família do Sr. Canisso por mera liberalidade e consideração pessoal, jamais se furtando a colaborar de maneira ética, respeitosa e humana.
Qualquer afirmação que extrapole esses fatos carece de fundamento e configura mera especulação, cujos objetivos a Banda lamenta profundamente.
A Banda Raimundos sempre manteve postura íntegra, solidária e responsável em relação à família do Sr. Canisso, repudiando qualquer imputação de conduta leviana.
A Banda informa, por fim, que as medidas legais já estão sendo providenciadas e reitera os votos de respeito, saúde e serenidade a todos.”