Peça 'De repente, nós' estreia no Cine Theatro Brasil
Montagem traz o casal de atores Luiza e Bernardo Filaretti interpretando uma mulher e um homem que acabam de se conhecer e vão passar a noite juntos
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Com texto e direção de Renê Belmonte, o espetáculo “De repente, nós”, estrelado pelo casal de atores Luiza e Bernardo Filaretti, estreia em Belo Horizonte neste sábado (6/12), às 20h, e domingo, às 19h, no Cine Theatro Brasil.
O ponto de partida é o roteiro que Belmonte escreveu para o filme “Entre lençóis” (2008), adaptado recentemente para o teatro. “Estávamos, há dois anos, em busca de um texto para encenar juntos, quando Renê nos apresentou este”, conta Luiza.
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Ela e o marido assumem os papéis que, no cinema, foram vividos por Reynaldo Gianecchini e Paolla Oliveira. No palco, o casal dá vida a Júlia e Felipe, que se encontram em uma boate e, sem trocar muitas palavras, vão para um motel. Apenas dois desconhecidos que se sentiram atraídos um pelo outro, eles decidem se abrir, contar suas histórias, seus segredos, e refletir sobre a vida e as relações humanas. Todo o enredo se concentra nesse encontro de uma noite.
Luiza conta que, assim que receberam o texto das mãos de Belmonte, ela e o marido ficaram muito tocados e o chamaram para dirigir a peça.
“Eu e Bernardo temos um relacionamento de 12 anos e acreditamos no poder transformador dos encontros, na força dos encontros. Hoje em dia, estamos todos no digital, perdemos o cara a cara, então esse texto nos tocou pela conexão que os personagens estabelecem entre si, e pelo quanto isso é capaz de transformar cada um deles”, diz.
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INTIMIDADE DO CASAL
Bernardo observa que o fato de ser um casal de verdade interpretando um casal fictício implica tanto em desafios quanto em facilidades. Ele diz que o primeiro momento dos personagens, quando ainda não se conhecem, demandou exercício de distanciamento.
“Precisamos, eu e Luiza, entender o que seria uma falta de intimidade entre nós, já que ela só vai se criando ao longo da peça. Isso foi um desafio”, pontua. A chave vira justamente quando a relação entre Júlia e Felipe se estreita, de acordo com Luiza.
“Acho que o fato de sermos um casal é um diferencial, porque a montagem faz um convite ao público para entrar na intimidade desses dois personagens no palco, e podemos oferecer isso de maneira natural”, destaca.
Ela aponta similaridades entre o que se passa na cena e a vida real com o marido, na forma como Júlia e Felipe se conhecem. A atriz recorda que, no primeiro encontro, há 12 anos, em uma festa, antes de criarem intimidade, um sentimento avassalador brotou em ambos.
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“Os personagens brincam muito, eles têm uma leveza que é uma coisa de sintonia mesmo, aquela sensação de quando encontramos no outro o aconchego, o lugar seguro. Nisso, Júlia e Felipe também são parecidos com a gente”, diz.
Bernardo destaca que a peça conta história com a qual qualquer casal pode se identificar, pois é humana, atravessada por brigas, risos, momentos bons e ruins, conflitos que fazem parte da vida de todos que se relacionam amorosamente.
RAZÃO E EMOÇÃO
O ator considera que a diferença de temperamento dos dois personagens reforça esse aspecto da dramaturgia.
Bernardo define Felipe como um homem muito racional, que precisa sempre embasar o que faz e o que fala, ao passo que Júlia, segundo Luiza, é impulsiva, “mulher muito mais da emoção do que da razão, e bastante intensa”.
O casal sublinha que essa contraposição foi bastante explorada por Belmonte tanto no texto quanto na direção. “Temos a razão e a emoção, com um sendo o espelho do outro”, destaca a atriz.
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DISTANTE DO CINEMA
Luiza e Bernardo Filaretti observam que a adaptação feita por Renê Belmonte do roteiro de “Entre lençóis” engloba aspectos estritamente teatrais, pensando na atuação para a cena, com luz, cenografia e marcações específicas para esta linguagem. Ainda assim, o casal diz que preferiu não assistir ao filme de 2008, de forma a poder construir os respectivos personagens sem nenhum tipo de influência. “Eu assisti há alguns anos, mas não quis voltar a ele agora, porque a ideia era imprimir a esses dois personagens a nossa visão, propor algo que fosse único”, diz Luiza. “Tomar como referência um projeto já pronto atrapalharia nossa criação; queremos fazer diferente”, complementa Bernardo.
“DE REPENTE, NÓS”
Peça com texto e direção de Renê Belmonte, estrelada por Luiza Filaretti e Bernardo Filaretti. Estreia neste sábado (6/12), às 20h, e domingo (7/12), às 19h, no Cine Theatro Brasil (Praça Sete, Centro). Ingressos a R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia), à venda na plataforma Eventim.
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Outras atrações
>>> MOSTRA CENA 3X4
Deste sábado (6/12) até o próximo dia 14, Belo Horizonte recebe, em três diferentes espaços (Zap 18, Boate Andaluz e Centro Cultural Casa de Candongas), a “Mostra Cena 3x4 2025”, etapa final do projeto que, ao longo do ano, reuniu artistas e grupos teatrais em um processo de partilha, investigação e criação colaborativa. Três grupos mineiros – Cia. da Farsa, Breve Cia. e [conjunto vazio] e Contraponto – apresentam trabalhos inéditos, após meses de convivência, trocas e experimentações propostas pela Maldita Cia. de Investigação Teatral, idealizadora do projeto. Todas as atrações são gratuitas, com recursos de acessibilidade. A Cia. da Farsa abre a programação com o espetáculo “Agora sou eu que entardeço”, que será apresentado amanhã, às 20h, e domingo, às 19h, na Zap 18 (rua João Donada, 18, Santa Terezinha). A programação completa pode ser acessada no site https://www.malditacia.com/
cena3x4, onde também se pode retirar os ingressos, e no Instagram @cena_3x4.
>>> PALHAÇO(S)
O espetáculo “Palhaço(s)” celebra seus 12 anos com três sessões gratuitas no Teatro de Bolso do Centro Cultural Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia), nesta sexta-feira (5/12), às 20h, sábado, às 19h, e domingo, às 18h. Com texto de Timochenco Wehbi, direção de Alessandra Vieira e atuação de Cristiano Gomes e Reverson dos Anjos, a narrativa sensível e poética se desenvolve a partir do encontro entre Careta, palhaço que resiste à decadência do circo, e Benvindo, vendedor de sapatos que sonha com o picadeiro. Esse encontro revela contrastes e metáforas sobre escolhas, memórias e identidades. A encenação articula elementos do naturalismo, do melodrama e do expressionismo, criando
diálogo fluido com a estética circense. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos pela plataforma Sympla.