Matéria vulcânica

Exposição "Fábrica de pedras" está em cartaz no Museu Mineiro

Mostra traz esculturas, vídeos, desenhos e fotos que retratam o interesse por vulcões compartilhado pelos artistas Daniella Domingues e Victor Galvão

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O interesse por vulcões compartilhado pelos artistas Daniella Domingues e Victor Galvão está na origem da exposição “Fábrica de pedras”, em cartaz no Museu Mineiro. A mostra apresenta um conjunto inédito de esculturas, vídeos, desenhos e instalações fotográficas desenvolvidos a partir de pesquisas de campo realizadas em regiões vulcânicas, e do processo colaborativo que resultou na dissolução do que seria um lugar de autoria.

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Daniella diz que todo o trabalho foi, de fato, desenvolvido a quatro mãos, inclusive no que diz respeito às fotografias e à captação de vídeos e áudios. Ela salienta que a dupla trabalhou com mídias analógicas. “Tem um dinamismo de você estar na montanha e ter que se atentar a vários detalhes, como questões de segurança, então, na medida em que íamos nos deslocando, trocávamos de câmera, de modo que, no final, já não dava para saber quem tinha feito o quê”, explica.


Controle

Galvão observa que a dimensão da autoria compartilhada não se restringe só ao momento da execução, mas também da edição das obras. “Entendemos que é um gesto de criação muito importante, que envolve a questão da confiança, uma parte inerente a essa proposta de construção de autoria; algo que Daniella faça com as mãos dela vai ter a minha interferência no momento da edição”, diz. Ela pontua que isso se relaciona com abdicação do controle excessivo sobre os processos.


Os artistas se conhecem há aproximadamente 10 anos, pelo fato de estarem inseridos nos mesmos circuitos e terem muitos amigos em comum, mas uma aproximação maior só se deu em 2023, a partir do momento em que identificaram similitudes e convergências entre as respectivas práticas. “Fomos observando os interesses compartilhados e aconteceu uma espécie de estalo, entendemos que fazia sentido trabalharmos juntos. Isso começou de forma concreta e prática no final do ano passado”, afirma Victor Galvão.

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Daniella revela que, desde que se entende por gente, sempre foi fascinada por vulcões. Ela conta que, em 2017, teve a oportunidade de fazer um trabalho na Itália e foi a Pompeia, porque queria investigar com mais profundidade o efeito da erupção do Vesúvio, e pôde coletar vários materiais. “No ano passado, fiz uma residência com outro grupo de artistas no México e fui visitar um dos maiores vulcões da América, o Popocatépetl. A coisa foi escalando”, conta.


Galvão observa que 2017 foi um ano chave, a partir de quando começou a se dar a convergência dos trabalhos dos dois artistas.


Ele diz que, antes, trabalhava principalmente com a fotografia de paisagens urbanas, investigando camadas de tempo na contemporaneidade. A partir do início da década passada, seu interesse foi se deslocando para a paisagem natural, pensando em uma outra escala de tempo, que é a geológica.

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Equador

Uma viagem para o Equador em 2017 mudou de vez os rumos das suas investigações de Victor Galvão.


“É um país minúsculo, mas com diversidade geológica grande, então fui a vários vulcões, como o Cotopaxi, e também Galápagos, um arquipélago completamente vulcânico. Quando me deparei com essa diversidade de territórios vulcânicos, me dei conta de que era um foco de interesse. Desde então, produzo trabalhos com a paisagem a partir de uma abordagem sobre o tempo geológico. As fotos que Daniella fez do Popocatépetl foram um disparador para pensarmos um trabalho de coautoria”, situa.


Daniella destaca que todas as esculturas presentes em “Fábrica de pedras” foram realizadas com matéria vulcânica, mas não só. A artista aponta que as peças são fruto de um diálogo entre o orgânico e o inorgânico. “Tem elementos estruturais com entrada de matéria mineral, com rochas interferindo em praticamente todos os objetos, a maioria delas coletada em campo, mas existe um gesto que imprime uma organicidade externa, com materiais artificiais”, diz.

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Galvão ressalta que essa é a ideia central da exposição, que justifica seu o nome. “É importante a ideia de artifício, de fabricar, porque, por mais que tenhamos o material orgânico, estamos falando do ato humano”, comenta. Ele diz que há um gesto inocente e debochado de tentar mimetizar o que a natureza leva dezenas de milhares de anos para produzir. “A gente vai no depósito, compra e produz com nossas frágeis mãozinhas humanas o que a força tectônica da barriga da Terra empurra para fora”, diz.

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Residência na Itália

Daniella Domingues, que tinha ido à Itália em 2017, retornou em junho deste ano, desta vez na companhia de Victor Galvão, para residência artística que possibilitou novas pesquisas no Vesúvio, em Campi Flegrei e no Etna. Grande parte dos materiais reunidos na exposição foi coletada durante essa viagem, que, contudo, tinha uma proposta mais ampla. “Nos inscrevemos já com um projeto conjunto, mais longo, que vai além da exposição. É uma peça sonora, que estamos compondo juntos. Foi com esse trabalho que nos inscrevemos. É uma residência muito tradicional, no Norte da Itália, onde os trabalhos acontecem em módulos temáticos. Entendemos que um deles tinha a ver com nossa pesquisa. Conseguimos expandir esse trabalho em processo, essa peça sonora, e de lá partimos para essas viagens de campo, para coletar o material que está nessa exposição”, conta a artista.


“FÁBRICA DE PEDRAS”
Exposição de Daniella Domingues e Victor Galvão, em cartaz até 18 de janeiro de 2026, no Museu Mineiro (Av. João Pinheiro, 342, Funcionários), com horários de visitação de terça-feira a sábado, das 10h às 17h. Entrada gratuita.

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