A cantora paulista de rap Ajuliacosta se apresenta nesta sexta-feira (28/11) no evento Baile da Kingdom, na Autêntica, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul de BH. O mote do show é o mais recente álbum, “Novo Testamento”, lançado neste ano.

“Minas sempre me recebe com muito carinho. As últimas vezes foram marcadas por trocas sinceras, público cantando alto e uma vibe que só Minas tem. Sempre volto com o coração cheio”, comenta ela.

O ano de 2025, aliás, tem sido produtivo para o cenário do hip-hop brasileiro. Nomes consolidados, como BK, Don L, Djonga e FBC, soltaram novos trabalhos aclamados. Na mesma prateleira, emergiu “Novo Testamento”, que veio à luz em setembro..O rebento conta 11 faixas, referências dos primórdios do rap, muito boombap e um nome fundamental para o gênero como convidado: KL Jay, dos Racionais MCs.

Em conversa com o Estado de Minas, a rapper destacou como esse projeto busca fazer um resgate musical e como figuras do passado influenciaram a musicalidade do novo álbum, a partir de um choque entre memória e presente.

“Me inspirei na rua, na minha vivência, na força das mulheres que vieram antes de mim e numa espiritualidade que nem sempre sei explicar, mas que me guia. Musicalmente, mergulhei nas raízes do rap, no boom bap, nos samples, no que eu cresci ouvindo… E misturei isso com o que vivo agora”, afirma Julia Costa.

A faixa “Dharma” dialoga com a proposta, por ser uma composição assinada por KL Jay em parceria com a cantora nascida em Mogi das Cruzes. “Ter o KL Jay no álbum é muito simbólico. É uma benção mesmo. Ele representa uma linhagem, uma ética, uma escola inteira. Esse encontro de gerações é necessário para o rap continuar vivo e pulsante. É bonito quando, quem veio antes, reconhece quem está chegando. É troca e continuidade”, aponta a rapper.

‘Novo Testamento’

Mas afinal, o que significa esse “Novo Testamento” que dá nome ao álbum? De acordo com Julia Costa, o álbum busca um renascimento da artista. “É sobre me olhar de novo, me reencontrar e assumir quem sou hoje. É meu manifesto de fé em mim mesma, na minha caminhada, nos meus erros e na minha evolução. É um capítulo novo, mas também uma resposta ao que veio antes — como se eu tivesse finalmente encontrado minha língua pra contar minha própria história”, enfatiza.

Alianças de peso

A artista tem experienciado parcerias com diferentes cantores do cenário musical brasileiro. Ela lançou recentemente a faixa “Energy” com Ludmilla e Duquesa e que faz parte do projeto “Fragmentos da Lud”.

No início do ano, disponibilizou o funk “Cifrão” com MC Hariel, parte do disco “Eh Nois Ke Tá”.

De acordo com ela, transitar por outros estilos é algo que seguirá nos próximos anos. “Eu gosto de experimentar, de me colocar em lugares que me tiram da zona de conforto. O feat com o Haridade foi só um gostinho. Se o beat ‘conversa’ comigo, eu vou. Podem esperar versões diferentes da Julia nos próximos anos, sem perder a essência”, diz AJC.

Ela dá uma prévia do que virá em 2026. “Vai ser ano de expansão. Tenho ideias novas na música, mas também vontade de explorar outros caminhos dentro da arte — audiovisual, escrita… Ainda estou deixando essas sementes criarem forma, mas vem coisa grande aí”, aponta a rapper.

Multiartista

Estilista, artista plástica, empresária e rapper, AJC completou 28 anos nessa quarta-feira (26/11). Nascida em Mogi das Cruzes, começou a versar com 14 anos. Aos 17, criou a marca Ajuliacosta Shop, em que trabalha o lado estilista e une a moda com a realidade periférica.

Ela lançou o primeiro álbum em 2023. Intitulado “Brutas Amam, Choram e Sentem Raiva”, o projeto conta com dez faixas e colocou a musicista em patamar de destaque no hip hop naquele ano.

A artista ganhou o troféu Best New International Act na edição 2025 do BET Awards, prêmio que reconhece artistas afro-americanos que foram revelação no ano, sendo a segunda representante do Brasil a ganhar a honraria. O outro brasileiro a conquistar o prêmio foi o também rapper MD Chefe em 2022.

Inspiração

Outras mulheres no hip hop têm se destacado no gênero, vide Nanda Tsunami,, uma das revelações do rap nacional em 2025, como Julia Costa comentou no podcast “Cenacast”. Segundo ela, a relação com Nanda é perpassada por muito amor e carinho e de aprendizado mútuo.

Tsunami, por sinal, se diz influenciada por Julia. “Essa fala (elogio) da Nanda me toca de um jeito muito profundo. Porque também fui essa menina olhando outras mulheres e pensando: “Eu posso”. Saber que minha arte provoca esse movimento em outras pessoas é o que dá sentido pra tudo. Eu não faço só por mim — faço pela linhagem de mulheres que querem ocupar o rap com voz, coragem e verdade”, destaca AJC.

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SERVIÇO

Baile da Kingdom apresenta Julia Costa em "Novo Testamento"
Local: Autêntica (R. Álvares Maciel, 312 - Santa Efigênia)
Horário: a partir das 22h
Ingressos: esgotados

*Estagiário sob supervisão do subeditor Thiago Prata

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