7 livros essenciais para entender a ditadura militar no Brasil
Além da obra de Milton Hatoum, conheça outros títulos de ficção e não-ficção que são fundamentais para compreender um dos períodos mais sombrios do país
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O lançamento de "Dança de enganos", novo livro de Milton Hatoum, reacendeu o interesse por obras que abordam a ditadura militar no Brasil. A obra conclui uma aguardada trilogia sobre um dos períodos mais sombrios da história do país e convida leitores a buscarem novas perspectivas sobre o tema, tanto na ficção quanto na não-ficção.
Compreender os 21 anos de regime militar exige ir além dos livros de história. A literatura oferece um caminho para explorar o impacto humano, as tensões sociais e as diferentes facetas da repressão e da resistência. Essas narrativas ajudam a dar dimensão às estatísticas e aos eventos políticos.
Para quem deseja se aprofundar no assunto, uma série de títulos é fundamental para entender as complexidades da época. Eles oferecem desde relatos factuais e investigações jornalísticas até narrativas ficcionais que exploram a subjetividade e o trauma deixado pelo autoritarismo.
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Trecho
Quando disse a Leo que a distância esfria a amizade, o amor, tudo, ele perguntou: “Depois de tantos anos longe do teu filho, você ainda sente o mesmo amor por ele? O amor de quando ele era criança e vivia contigo?”. Leonardo se assustou com meu grito de cala a boca; mas o berro indignado não era dirigido a mim mesma? Martim estava cada vez mais longe... Por que deixei isso acontecer? Queria mesmo me separar do meu filho? Às vezes botava culpa no Dácio e no Leonardo com veemência. Por que eu agia assim? Talvez a gente acuse os outros para sentir menos remorso dos nossos próprios atos.
'Dança de enganos'
De Milton Hatoum
256 páginas
R$ 79,90
Livros para entender a ditadura militar
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"Brasil: Nunca Mais" (vários autores)
Coordenado por Dom Paulo Evaristo Arns e pelo pastor presbiteriano Jaime Wright, o livro é um marco. A obra é um resumo do projeto de mesmo nome, que investigou secretamente os processos do Superior Tribunal Militar. O resultado é um retrato detalhado e assustador da prática de tortura como política de Estado durante o regime. -
"O que é isso, companheiro?" (Fernando Gabeira)
Neste relato autobiográfico, o jornalista e ex-deputado federal narra sua experiência como militante de grupos de luta armada. O livro descreve o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969, oferecendo uma visão interna das motivações e dos dilemas de quem optou pela via revolucionária para combater a ditadura. -
"K." (Bernardo Kucinski)
Misturando ficção e realidade, a obra conta a história de um pai em busca de sua filha, uma professora universitária desaparecida após ser presa por agentes do regime. O livro expõe de forma sensível a angústia das famílias de desaparecidos políticos e a burocracia perversa criada para ocultar os crimes da ditadura. -
"A Ditadura Envergonhada" (Elio Gaspari)
Primeiro de uma série de cinco volumes, o livro do jornalista Elio Gaspari é uma investigação profunda sobre os bastidores do golpe de 1964 e os primeiros anos do regime. Com base em documentos e entrevistas, a obra revela as conspirações, as disputas de poder e a construção do aparato repressivo. -
"Batismo de Sangue" (Frei Betto)
O livro relata a participação de frades dominicanos na luta contra a ditadura, seu apoio a grupos de esquerda e a prisão e tortura que sofreram. A narrativa pessoal de Frei Betto mostra o papel de setores da Igreja Católica na resistência ao autoritarismo e o alto preço pago por essa escolha. -
"Não verás país nenhum" (Ignácio de Loyola Brandão)
Publicado em 1981, o romance distópico se passa em um futuro sombrio de São Paulo, mas dialoga diretamente com o legado autoritário da ditadura. A história aborda temas como a degradação ambiental, o controle estatal e a perda de liberdade, sendo uma poderosa alegoria sobre os rumos do Brasil pós-regime. -
"Os carbonários" (Alfredo Sirkis)
Vencedor do prêmio Jabuti em 1981, o livro de memórias narra a trajetória do autor na luta armada. Sirkis detalha sua participação em sequestros e assaltos a bancos, a vida na clandestinidade e as complexas relações dentro das organizações de esquerda, oferecendo um olhar crítico sobre aquele período.
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Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.