Oratório 'Messias' celebra a Semana Santa no Palácio das Artes
Famosa peça de Händel será apresentada nesta terça e quarta-feira (15 e 16/4), relembrando a trajetória de Jesus Cristo – do nascimento à ressureição
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Siga noUma das composições para orquestra e coral mais executadas da música ocidental, o “Messias”, de Georg Friedrich Händel, será apresentado nesta terça e quarta-feira (15 e 16/4), às 20h, no Grande Teatro Cemig do Palácio das Artes.
Sob a batuta do maestro Roberto Tibiriçá, Coral Lírico, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e solistas convidados – soprano Marília Vargas, mezzo-soprano Carolina Faria, tenor Vitorio Scarpi e baixo-barítono Johnny França – executam a obra que aborda a vida de Jesus Cristo, do nascimento à ressurreição.
Composto em 1741, “Messias” é um oratório, gênero musical dramático apresentado em forma de concerto, sem representação cênica, cenários ou figurinos.
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A peça é dividida em três partes: apresentação da profecia e nascimento de Jesus; episódios da Paixão, que culmina no coral “Aleluia”; e redenção. A soprano Marília Vargas observa que a despeito do caráter religioso intrínseco à obra, ela “não precisa de desculpa para ser executada” nem é exclusiva da Páscoa ou do Natal.
“Passo a passo, ela retrata toda a vida de Jesus, então faz sentido em qualquer momento. Não à toa é uma obra atemporal, que vem sendo muito executada ao longo dos séculos e assim permanece”, diz.
Além da instância emocional, a soprano destaca a parte técnica. “Tem a questão do colorido do coro e da orquestra, que toca em diversas formações: há o momento só com as cordas, tem solo de trompete. Ninguém consegue ficar entediado”, destaca.
Uma passagem do oratório “Messias” especialmente lembrada é “Aleluia”. O maestro Roberto Tibiriçá destaca que é praxe a plateia se levantar para ouvi-la de pé.
“Diz a lenda que em sua estreia, em Dublin, assim que essa parte começou, o rei ficou tão sensibilizado e tocado que se levantou. Obviamente, todos no teatro fizeram o mesmo. Isso se tornou uma tradição no mundo todo”, conta.
Marília Vargas lembra que há vários momentos cativantes ao longo da composição, o que a torna desafiadora. Como é longa, obriga o solista a exercitar a resistência e a concentração.
“A soprano, por exemplo, só vai cantar na 13ª peça. É muito tempo ali só ouvindo, vibrando com a música, mas sem atuar. Aí, de repente, você se levanta e canta. Pela dimensão que tem, é mesmo uma obra de resistência”, ressalta.
“Messias” também requer versatilidade. “No momento da soprano, a primeira parte que pede agilidade e virtuosismo, ao passo que na segunda são necessários lirismo e sustentação. É preciso lidar com essas facetas para fazer com que as diversas cores da música apareçam. O mesmo vale para os outros solistas, todos têm pontos fortes. Fazendo o 'Messias' ninguém é monocromático”, diz a cantora.
A peça foi criada em apenas 24 dias, o que é revelador da técnica e do talento de seu autor, destaca o maestro Tibiriçá.
Texto da “Bíblia”
Händel (1685-1759), alemão que se naturalizou britânico, mostrou sua verve desde muito cedo. Viveu a primeira parte da carreira em Hamburgo, como violinista e maestro da orquestra da casa de ópera local. Depois seguiu para a Itália, onde consolidou sua fama, estreando várias obras com grande sucesso. “Messias” foi composto a partir do texto compilado da “Bíblia” por Charles Jennens.
Quando estreou em Dublin, em 1742, o oratório teve recepção modesta, mas rapidamente ganhou reconhecimento e popularidade. Apesar de se basear na crença cristã, “Messias” se tornou universal por tratar do tema da redenção.
"MESSIAS"
Oratório de Händel. Com Coral Lírico, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e solistas convidados, sob regência de Roberto Tibiriçá. Nesta terça e quarta-feira (15 e 16/4), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), à venda na plataforma Eventim e na bilheteria do teatro.