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MÚSICA

Ana Cañas volta a exercitar o lado compositora em "Vida real"

Novo álbum da cantora e compositora paulista, que dedicou um período da carreira à obra de Belchior, chega nesta sexta-feira (4/4) às plataformas

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Ana Cañas passou os últimos três anos envolvida com o projeto em que deu sua interpretação à obra de Belchior – foram três álbuns (um de estúdio e dois ao vivo) e cerca de 180 shows pelo Brasil. Agora, sete anos após o último trabalho autoral, ela retoma a verve de compositora com “Vida real”, que chega às plataformas nesta sexta-feira (4/4). Trata-se, conforme diz, de um álbum que reflete sua autonomia artística com plenitude.

Ela não hesita em dizer que “Vida real” foi o disco cuja feitura mais lhe trouxe felicidade na vida, ao ponto de tratá-lo como um début fonográfico. Ana assina música e letra de 10 das 11 faixas registradas – a que completa o repertório é “O que eu só vejo em você”, de Nando Reis.

A artista convidou Dudu Marote para produzir o álbum, que tem forte teor autobiográfico e demandou 14 meses de estúdio, tempo de que nunca dispôs para gestar nenhum de seus trabalhos anteriores.

“Esse novo disco é quase um renascimento, no sentido de apontar o caminho que quero seguir artisticamente”, diz. Ela acredita que conseguiu reunir em “Vida real” as diferentes camadas artísticas que a compõem, das influências de Bob Dylan e a vocação para a trova ao seu envolvimento com o pop contemporâneo. “Isso de apresentar as diversas 'Anas' está muito bem resolvido neste álbum, de uma forma que eu ainda não tinha conseguido antes”, afirma.

Experiências

A cantora e compositora afirma que “Vida real” é uma viagem por seu percurso e suas experiências. Todas as letras, ela diz, trazem, poeticamente, relatos verídicos.

A faixa que dá título ao disco, por exemplo, é um resumo de sua trajetória desde antes de se lançar na carreira musical, falando, por exemplo, de quando distribuía panfletos em sinais de trânsito em São Paulo ou de quando morou em um pensionato onde a maioria das hóspedes eram profissionais do sexo.

A canção que fecha o repertório, “Do lado de lá”, fala de forma pungente da morte de seu irmão, em 2013. “Fui amante de um cara casado durante seis meses e foi um inferno, daí escrevi 'Amiga se liga' e chamei Roberta Miranda para cantar comigo.

A faixa 'Vida real' estabelece um diálogo com 'Fotografia 3 x 4', do Belchior, em que ele também conta sua vida. Esse novo trabalho é 100% autobiográfico, de cabo a rabo. Todas as letras são verídicas, falam de mim, do que eu penso ou do que eu sinto”, diz.

Ela observa que mesmo a música de Nando Reis expressa bastante de si. “Temos muito em comum, isso de buscar um eu lírico poético nas canções. Nando é uma pessoa que adoro e, do ponto de vista artístico, temos similaridades. É como se ele fosse um convidado do disco, não como cantor, mas como compositor”, diz.

Além de Roberta Miranda, “Vida real” conta com as participações especiais de Ney Matogrosso, no single “Derreti”, e de Ivete Sangalo, em “Brigadeiro e café”.

Ana diz que são não apenas artistas, mas pessoas que admira, pela forma como se relacionam com seus respectivos públicos.”Eles não têm deslumbramento, são muito pé no chão. Roberta é uma precursora da composição feminina dentro do sertanejo, assim como Ivete é na música baiana de festa, de carnaval. Elas se relacionam com suas plateias com amor. E o Ney é o Ney, é meu padrinho, meu oráculo, com ele não tem erro e não há o que dizer para agregar ao que já se sabe dele”, diz.

Além das letras, outro traço que evidencia o caráter personalista de “Vida real” são os arranjos, elaborados em torno do violão que a própria Ana empunha em algumas faixas e deixa a cargo de Vini Nallon em outras.

Esse protagonismo, ela diz, se deve ao fato de ser o instrumento com o qual compõe. “Eu quis manter a essência, preservando as características originais das músicas, a forma como elas nasceram. Foi uma decisão nossa, minha e do Dudu, deixar os violões conduzirem”, destaca.

Violão

Ela observa que também é uma forma de poder, eventualmente, fazer shows solo sem se afastar da identidade do álbum. “As músicas estão no disco da forma como as compus. O violão é um instrumento que aceita os analfabetos, e eu costumo dizer que sou uma analfabeta musical, finjo bem, mas, de qualquer forma, arte não é sobre perfeição, é sobre verdade”, diz.

A propósito de ter Dudu Marote como produtor, ela afirma que foi uma decisão intuitiva e muito acertada.

Ana conta que o convidou à revelia de seu empresário, Fernando Furtado, que trabalhou com o Skank desde os primórdios da banda. “Na minha cabeça, Dudu Marote era um DJ. Um dos meus músicos falou que ele foi o produtor dos discos do Skank. Eu já estava com o Fernando, mas liguei para o Dudu sem ele saber. Fui no estúdio dele, mostrei minhas músicas, foi uma noite maravilhosa, ficamos ambos felizes com o encontro, e só aí fui falar com o Fernando que tinha encontrado um produtor”, conta.

“VIDA REAL”

• Ana Cañas
• Independente (11 faixas)
• Disponível nas principais plataformas a partir desta sexta-feira (4/4)

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