Veterano rapper de BH, Monge é um dos destaques da coletânea mineira

Veterano rapper de BH, Monge é um dos destaques da coletânea mineira "92 BPM"

crédito: Aiano Mineiro/divulgação

 

Em 2023, a cultura hip hop completou cinco décadas de história e 40 anos de Brasil. Porta-voz das periferias e símbolo da resistência à injustiça social e ao racismo, o gênero musical prossegue ganhando homenagens.

 

O álbum “92 BPM”, com 12 faixas, reúne artistas da cena mineira: P.drão, Pedro Valentim (PDR), Destro Ocelli Biagio, Talita Silva, Neghaum, Roger Deff, Shabê, Ndpcon, Ed-Mun, EME, Flávia Tangrins e Dmorô.

 



“As músicas falam dos primórdios da nossa batalha de resistência até chegar aos dias de hoje. Fala sobre autovalorização da mulher dentro do hip hop, ocupando o espaço dela, e também sobre o rap como cultura urbana de Belo Horizonte”, afirma o DJ Preto C, um dos responsáveis pelo projeto.

 


Produtor das 12 faixas, Preto C, de 45 anos, criou “92 BPM” a partir de uma conversa casual com Totty Soraya, ex-produtora cultural, de 47, e Pedro Valentim, de 40, organizador do Duelo de MC’s no Viaduto Santa Tereza.

 


“Eu, Totty Soraya e PDR estávamos assistindo a um show. PDR falou para a gente que estava fazendo muitos eventos e tinha perdido sua essência, que era ser MC. Não gravava música há bastante tempo, coisa que ele mais gostava de fazer. Isso acendeu a luz na nossa cabeça”, relembra.

 

 

Rapper Flavia Tangrins

Flavia Tangrins representa a força feminina no hip hop da capital

Dablew2/divulgação

 


Figurinhas carimbadas do rap mineiro abraçaram a ideia. O projeto uniu diferentes gerações de MC’s e também resgatou artistas da cena do hip hop de BH que estavam fora de atividade.

 


“Voltamos nosso olhar para artistas mais novos e para iniciantes também, principalmente as MC’s mulheres, como Talita Silva (de 31 anos), Flávia Tangrins (de 43) e a Ndpcon (de 25), meninas que estão desenvolvendo muita arte na cena atual”, afirma Preto C.

 

Boom bap na pista

 


O ponto de convergência foi o mais nostálgico som do rap: o boom bap, subgênero dominante nas décadas de 1990 e 2000. O nome do álbum veio das noventa e duas batidas por minuto desse estilo, ou 92 bpm.

 


Atualmente, outros subgêneros, sobretudo o trap (que pode chegar a 140 bpm), dominam as paradas musicais, enquanto o boom bap se mantém nas movimentações underground e nas batalhas de rima.

 

 

Rapper PDR

PDR, organizador do Duelo de MCs, volta a cantar na coletânea mineira

Alexandre Guszanshe/EM/D.A Press

 


“Hoje em dia, artistas mais novos estão buscando produções de boombap. A grande diferença de antigamente é que era muito difícil ter participações especiais, por causa da velocidade e da forma de recitar a poesia. A geração mais nova, principalmente com as batalhas, consegue fazer isso em cima do boom bap. Em BH, por exemplo, surgiram grandes referências, como o FBC e o Djonga, que também cantam nessas batidas”, explica.

 


O single “Gratidão”, com Destro Ocelli Biagio, de 40, tem videoclipe disponível no YouTube. A novidade do álbum é EME, um dos intérpretes, personagem de Monge MC, de 40, que aposta na distorção de voz como ponto chave da nova etapa de sua carreira.

 


O show de lançamento de “92 BPM” está marcado para 10 de maio, no Duelo de MC’s, debaixo do Viaduto Santa Tereza, no Centro de Belo Horizonte.

 


“As expectativas são grandes. Inclusive, acredito que será uma das poucas vezes que o PDR vai cantar para o público. Ed-Mun e o P.drão nunca cantaram no Duelo. Teremos também os experientes Roger Deff, Dmorô, Shabê e Neghaum. Vamos abrir portas para todo mundo”, conclui Preto C.


“92 BPM”


Álbum com artistas do rap de BH
Independente
12 faixas
Disponível nas plataformas digitais

 

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria