Kate Winslet é a premiê desajustada de um indefinido país europeu que tende à autocracia em

Kate Winslet é a premiê desajustada de um indefinido país europeu que tende à autocracia em "O regime", exibida também na Max

crédito: HBO/DIVULGAÇÃO

Kate Winslet tem um histórico de grandes minisséries na HBO. No caso, o drama de época “Mildred Pierce” (2011) e o policial “Mare of Easttown” (2021), talvez o melhor título lançado durante a pandemia. Por ambas ela venceu o Emmy de melhor atriz. Recém-chegada à HBO e à MAX, a nova plataforma da Warner Bros., “O regime” traz Winslet, aqui também como produtora-executiva, em grande momento.


Só que, diferentemente das produções anteriores, esta ainda é uma incógnita. Apenas o primeiro dos seis episódios foi lançado. E mesmo com a presença mesmerizante da atriz britânica, ainda não dá para saber se a produção vai ser um sucesso ou uma decepção.

 


Criada por Will Tracy, roteirista do filme “O menu” e da série “Succession”, ambas produções que versam sobre os desvarios do poder desmedido, traz na ficha técnica o cineasta britânico Stephen Frears assinando três episódios, e o compositor francês Alexandre Desplat, dois Oscars no currículo, na trilha sonora. O primeiro episódio já mostra que o ator belga Matthias Schoenaerts será o coprotagonista da trama.


“O regime” é também apresentado como uma sátira ao poder. O cenário é um palácio tão opulento quanto decadente em uma república das bananas na Europa Central (o país não tem nome). Winslet é a chanceler Elena Vernham, que deixou para trás uma carreira como médica para liderar este país.


HIPOCONDRÍACA


Hipocondríaca absolutamente neurótica, Elena vive com medo de sucumbir à mesma doença que matou seu pai, um ano antes – ela, inclusive, mantém no palácio o corpo do pai embalsamado, para fazer visitas constantes. O palácio contrata o cabo Herbert Zubak (Schoenaerts) como uma pena por ele ter participado de um massacre a mineiros que protestavam contra as más condições de trabalho. A função dele é única e simplesmente andar na frente dela por todo o palácio para testar o ar – ela tem obsessão por mofo.

 


Herbert é totalmente fiel aos desmandos de Elena – sua dedicação é tamanha que ele acaba caindo em desgraça com ela. Só que, ao provar seu valor durante uma tentativa de assassinato à chanceler, ele volta às boas com a mandatária. Isto é um horror para o alto escalão do país, que tenta fazer com que Elena saia da política isolacionista em que os colocou. Vindo da classe trabalhadora e com uma infância abusiva, Herbert tem ideias claramente do populismo de direita. E sua influência junto à chanceler só faz crescer. Não pode sair nada bom desta situação, é a premissa da série.


Isto tudo é apresentado no primeiro capítulo. Winslet é impagável quando franze os lábios mostrando quando Elena está confusa. Também é ótima a sequência em que ela canta, numa festa cujo principal convidado é um poderoso americano, uma versão bizarra (e altamente desafinada) de “If you leave me now”, canção setentista da banda Chicago.

 


Mas isto não consegue fazer gargalhar, coisa que outra líder inepta, Selena Meyer (Julia Louis-Dreifuss) na comédia “Veep”, também da HBO, fazia com facilidade. Não dá para saber onde “O regime” vai parar. Mas, diante dos envolvidos, vale dar uma chance.


“O REGIME”
Minissérie em seis episódios. O primeiro está disponível. Novos episódios aos domingos, às 22h, na HBO e na plataforma MAX.