Autor de mais de 350 músicas gravadas, Toninho Geraes diz que a participação na Sinfônica Pop é importante para o samba mineiro
 -  (crédito: Beth Freitas/Divulgação )

Autor de mais de 350 músicas gravadas, Toninho Geraes diz que a participação na Sinfônica Pop é importante para o samba mineiro

crédito: Beth Freitas/Divulgação 

O projeto Sinfônica Pop, no qual o Coral Lírico e a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais recebem como convidados nomes de expressão do cenário da MPB, leva ao palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, nesta quinta-feira (8/2), uma edição especial, de abertura do Carnaval da Liberdade. O homenageado da vez é o cantor e compositor mineiro Toninho Geraes.

Ele vai dividir a cena com outros artistas do universo do samba, todos a serviço de sua música. Quem soma forças no concerto são Aline Calixto, Fabinho do Terreiro e a carioca Teresa Cristina. O programa será aberto com o Coral Lírico executando à capela marchinhas clássicas.

Em seguida, Toninho, seus convidados, a Sinfônica, um coro formado pelas cantoras Marina Gomes, Selminha do Samba e Manu Dias, mais um sexteto de apoio, composto por percussões, cavaquinho, baixo e violão – a cargo de Thiago Delegado –, vão mostrar obras da lavra do homenageado já gravadas por nomes como Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.

O programa inclui músicas como “Aquarela da Amazônia”, em parceria com Toninho Nascimento, “Samba guerreiro”, com Serginho Beagá, “De maré”, com Roque Ferreira, e “Toda hora”, com Moacyr Luz, no encerramento da apresentação, quando todos os convidados se reúnem no palco. Toninho Geraes diz que o convite é uma emoção e um privilégio.

“Tenho 350 músicas gravadas, o que é pouco em comparação com outros compositores que têm mais de mil, mas acho que esse convite veio por merecimento mesmo, pela minha história no cenário do samba. É um momento muito importante não só para mim, mas para o samba de Minas Gerais”, afirma. Ele lembra que algumas de suas composições já foram apresentadas em formato orquestral – com Zeca Pagodinho, por exemplo –, mas que esta será a primeira vez que ele próprio mostra um recorte de sua produção com essa roupagem.

Por que não samba?

“Penso que a música começa com a música, independentemente de gênero. A Sinfônica de Minas Gerais é capaz de tocar qualquer ritmo, então, por que não samba? É só uma questão de entendimento para os arranjos acontecerem”, diz. Ele conta que a seleção do repertório foi feita a quatro mãos com seu diretor artístico, o jornalista Zu Moreira, criador do projeto Almanaque do Samba.

“Quando fomos definir que músicas iriam compor o programa, pensamos naquelas que caberiam bem num formato de orquestra, como a que fiz com Moacyr Luz ou 'Aquarela da Amazônia', com o Toninho Nascimento, que emplacou muitos sucessos na voz de Clara Nunes. Também privilegiamos aquelas mais conhecidas, populares, como 'Mulheres', que, além de Martinho da Vila, foi gravada por Mart'nália, Chitãozinho e Xororó e outros artistas”, explica.

Ele não poupa elogios aos outros nomes que marcam presença no concerto. Fabinho do Terreiro, por exemplo, foi chamado a participar pelo que representa para o samba de terreiro, o “samba da quebrada”, conforme aponta. “Ele é um emblema dessa cultura bem pé no chão, do povão, das favelas, dos becos e vielas. É um artista muito popular, que frequenta as rodas todas, então tinha que estar nesse espetáculo”, aponta.

Sobre Aline Calixto, diz que teve o prazer de conhecê-la logo quando ela começou a cantar samba em Belo Horizonte. “Ficamos amigos logo de cara. Aline gravou uma música que fiz com o Toninho Nascimento no primeiro disco dela pela (gravadora) Warner e, a partir daí, sempre inclui composições minhas em seu repertório. É uma voz única, muito singular, e por isso achamos por bem convidá-la também.”

A cantora Teresa Cristina

A carioca Teresa Cristina virá do Rio parao show e deve cantar quatro músicas

Paulo Lacerda/Divulgação

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

Teresa Cristina, que vem do Rio de Janeiro para uma participação maior na apresentação – ela deve fazer quatro músicas, enquanto os outros convidados somam vozes em uma ou duas –, é uma conhecida das rodas de samba cariocas. “Já nos encontramos na casa da Beth Carvalho, no Carioca da Gema e em muitos shows. É uma amizade que vem também da atuação política. Ela é muito engajada e eu também. Temos nossas bandeiras progressistas para balançar”, diz Toninho Geraes.

Além de seu debute no projeto Sinfônica Pop, o artista está às voltas com outras frentes de atuação. Ele disponibiliza, na sexta-feira (9/2), o single “Seu Zé”, que antecipa um novo álbum, “Reviravolta”, com previsão de lançamento para março. “Esse single vai sair junto com um clipe, gravado na Lapa, que mostra Seu Zé, uma entidade da umbanda, representada pelo malandro, com todas as pombas giras. Ficou lindo o trabalho”, comemora.

Toninho conta que, a partir do lançamento do disco, vai adaptar o show “Aluayê – Os novos afro-sambas”, que vem apresentando desde 2022. “Foi um disco produzido pelo Jaime Alem, que por muitos anos foi o diretor artístico da Bethânia. Vou encaixar as músicas do novo álbum nesse show que temos feito, que foi inspirado nos 'Afro-sambas' de Vinicius de Moraes e Baden Powell e que já tem pelo menos cinco datas agendadas”, afirma.


ENSAIO ABERTO

Regente titular e diretora musical da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Ligia Amadio conduzirá a apresentação desta quinta-feira. O público também terá a oportunidade de acompanhar um ensaio geral e aberto, hoje (7/2), ao meio-dia, no Grande Teatro do Palácio das Artes, com entrada gratuita, sujeita à lotação
do espaço.

SINFÔNICA POP CONVIDA TONINHO GERAES
Abertura do Carnaval da Liberdade, com participações especiais de Teresa Cristina, Aline Calixto e Fabinho do Terreiro, nesta quinta-feira (8/2), às 20h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro – 31.3236-7400). Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).