a atriz Malu Falabella  E Thomaz Cannizza, que é também diretor do espetáculo, se preparam para a oitava temporada de

a atriz Malu Falabella E Thomaz Cannizza, que é também diretor do espetáculo, se preparam para a oitava temporada de "Fred e Laura" em BH

crédito: Marconi Henrique/divulgação

Criado a partir do trabalho de conclusão do curso de artes cênicas do diretor Thomaz Cannizza na UFMG, o espetáculo “Fred & Laura” acompanha a chegada à vida adulta e os encontros e desencontros dos dois personagens-título, desde a entrada na universidade até o fim da vida.

A peça inicia nesta quarta-feira (31/1) sua oitava temporada na capital mineira, permanecendo em cartaz até o próximo domingo (4/2), na programação da 49ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. As apresentações na Sala Juvenal Dias, do Palácio das Artes, ocorrem às 19h, de hoje a sexta, e uma hora mais cedo, no domingo. No sábado, não haverá sessão.

Thomaz Cannizza é paulistano, radicado há 11 anos em Belo Horizonte. Segundo ele, a dramaturgia tem traços autobiográficos e foi inspirada em conversas virtuais que teve com uma amiga próxima. “Esse espetáculo surgiu em uma época em que eu estava nessa mesma fase dos personagens, de me tornar adulto. Eu tinha muitas crises existenciais sobre o que é esse processo. Ninguém nunca prepara a gente para isso, não existe esse manual”, afirma o diretor, que interpreta Fred na montagem.

Em meio às suas inquietações, o diretor decidiu reler todo o histórico de mensagens com a amiga, trocadas ao longo de um período de quatro anos, entre 2011 e 2015, em busca de encontrar temáticas para o roteiro. “Não tinha nenhuma discussão filosófica ali, eram coisas tipo ‘hoje acordei na correria e escovei meus dentes com sabonete líquido, não com pasta de dentes’”, comenta.

“Esse foi o processo inicial para eu entender sobre o que eu ia falar, quais eram os assuntos, achar trechos de diálogos que eu achava que seriam interessantes. Foi um processo de criação dramatúrgica bem contemporâneo.”


EXPECTATIVAS FRUSTRADAS

A partir daí surgiram o estudante de música com enfoque em clarinete Fred e a estudante de letras Laura, papel de Malu Falabella. Os dois se conhecem no início dos 20 anos, quando se mudam da casa dos respectivos pais para morarem juntos na mesma república. Nesse período, são cheios de sonhos e ambições que giram em torno do que querem ser na vida e do que querem trazer para o mundo.

Porém, com o passar dos anos, eles vão se desiludindo com a realidade da vida e com as frequentes quebras de expectativas. Deparam-se com a imagem do que queriam ser em contraste com o que se tornaram, na síntese do diretor, “um espetáculo sobre virar adulto”.

Além de Thomaz Cannizza e Malu Falabella, integram o elenco Bernardo Rocha, Igor Fonseca e Marina Tadeu, estes três atuando como figuras que passeiam por todo o espetáculo administrando o que está em cena e caracterizando a passagem do tempo, o chamado contrarregra na linguagem teatral.

Embora a história soe como um drama, a peça foi vencedora do prêmio Sinparc de 2019 na categoria melhor comédia. Para Thomaz, o humor está precisamente nos altos e baixos da vida. “Nenhum bom drama sobrevive sem um pouco de comédia. A gente tem essa mistura agridoce de momentos bons e ruins. Os personagens não acham nada do que acontece com eles engraçado, mas a gente acha, porque a gente se identifica. Não é um espetáculo que vai te fazer rir dos personagens necessariamente, mas vai fazer você rir de si mesmo”, comenta.

Recurso do humor

Para o diretor, lançar mão do recurso do humor “é uma ótima forma de sobreviver, de se reencontrar com a sua humanidade como um ser vulnerável, um ser imperfeito na vida. É conseguir ter um jogo de cintura”.

O fio condutor do espetáculo são canções de jazz das décadas de 1940 e 1950. Thomaz Cannizza conta que a escolha se deve ao fato deste ser o gênero musical da improvisação. “Ele desafia a métrica. Duas sessões de jazz nunca acontecem da mesma forma. Em um espetáculo que fala justamente sobre a imprevisibilidade da vida, nenhum gênero saberia abarcar essa história tão bem quanto o jazz”, diz.

Ainda de acordo com o diretor, a montagem leva o público a refletir sobre os vínculos afetivos que criamos ao longo da vida. “São as pessoas que fazem da gente quem a gente é. Não importa se a gente encontra a pessoa e depois desencontra, nunca mais vê. Aquela pessoa modifica a gente, acho que é um espetáculo que fala muito sobre essa ressignificação dos vínculos afetivos que a gente faz ao longo da vida e como eles são preciosos para nós.”

“FRED & LAURA”
Espetáculo integrante da 49ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança. Desta quarta-feira (31/1) a domingo (4/2), na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 - Centro). De quarta a sexta, às 19h, e domingo, às 18h. No sábado, não haverá sessão. Ingressos a R$ 25, no site da Campanha, no aplicativo e nos postos do Sinparc (nos shoppings Cidade e Pátio Savassi); R$ 52, na bilheteria do teatro.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes