Produtores de aço ameaçam rever investimentos se não houver mudança na importação de produtos siderúrgicos -  (crédito: Wiliam de Paula/Usiminas/Divulgação – 4/2/17)

Produtores de aço ameaçam rever investimentos se não houver mudança na importação de produtos siderúrgicos

crédito: Wiliam de Paula/Usiminas/Divulgação – 4/2/17

O aumento das importações da China de produtos de aço estão criando um embaraço para o governo federal, uma vez que siderúrgicas brasileiras apontam a existência de concorrência desleal e reivindiquem a elevação da tarifa de importação dos atuais 12,5% (tarifa média) para 25%, a exemplo do que fizeram Estados Unidos e México. Mas o governo afirma avaliar essa possibilidade, sem que, no entanto, dê uma solução. Isso porque se de um lado as siderúrgicas se queixam, por outro as indústrias consumidoras de aço refutam aumentos de preços, criando um impasse para o governo.

Desde o ano passado o governo vem reajustando as tarifas de importação do setor siderúrgico. Em setembro decidiu antecipar o fim da redução tarifária para produtos de aço implantada em 2022, quando o governo baixou em 10% o imposto de uma série de insumos industriais, incluindo o aço. Com a decisão, as tarifas voltaram a ser de 9% a 14,4%. Na semana passada, mais uma vez o governo recompôs a tarifa de importação de aços (vergalhões e tubos de aço), com as tarifas saindo de um patamar de 10,8% até o teto de 16%.

O patamar ainda está distante da reivindicação do setor siderúrgico, mas foi o suficiente para o setor da construção ligar a luz amarela em relação aos custos. Em nota, a Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) criticou a elevação ao afirmar que ela não seria necessária porque as importações no mercado de vergalhões de aço representam apenas 4% da demanda da construção civil e pesada. “A elevação para 12% foi ruim, mas se tivesse sido de 25% teria sido desastroso para o setor. A medida em vigor já acarretará em impactos no custo das moradias, prejudicando principalmente o acesso à habitação para a população de menor renda”, disse, em nota, o presidente da Abrainc, Luiz França.

Grande consumidora de aços planos, a indústria automotiva acompanha de perto as discussões, sendo ela também afetada pelo aumento das importações de veículos, principalmente elétricos. Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio Lima, o setor é parceiro das siderúrgicas no desenvolvimento de produtos, mas ele ressaltou, em coletiva para divulgar os números de janeiro, que “0 que não pode é o aço brasileiro custar mais caro”.

O cuidado do governo é com esse impacto que a elevação de tarifas de importação pode ter, principalmente sobre os preços. O setor siderúrgico, no entanto, alega não ter como competir do aço importado, principalmente da China, onde a retração da economia gerou um excesso de oferta de produtos siderúrgicos, colocados no mercado mundial com valores mais baixos. O setor já fala em rever investimentos, com consequente impacto na geração de empregos.

No ano passado, a produção brasileira de aço teve queda de 8,1% em relação a 2022, enquanto as importações cresceram 54,8% no mesmo período, expondo o impacto do aço vindo principalmente da China sobre as siderúrgicas brasileiras. Em 2023 as importações devem ter chegado a 4,98 milhões de toneladas de produtos siderúrgicos e saltaram para 5,98 milhões de toneladas neste ano. Com isso, o aço importado, que historicamente representava uma fatia de 12% do mercado nacional, subiu para 23%, chegando a 30% em alguns meses.

O efeito imediato foi a paralisação de usinas, abafamento de altos-fornos e a demissão de funcionários pelas siderúrgicas brasileiras, que ameaçam rever o plano de investimentos entre 2024 e 2027, que soma R$ 48 bilhões, valor pouco superior ao já confirmado pelo setor automotivo (R$ 41,7 bilhões). O governo diz estar debruçado sobre o pleito das siderúrgicas, sendo que o que está pesando sobre a possibilidade de se elevar as tarifas é o efeito transbordamento que a elevação pode ter sobre a inflação. É sempre bom lembrar que um dos instrumentos do governo para conter alta de preços no mercado interno é flexibilizar as importações. O provável é que o governo adote tarifas observando produto por produto e caso a caso.

Bebidas 

R$ 33,4 bilhões foi o dinheiro movimentado com bebidas alcoólicas no ano passado no Brasil, segundo dados do IPC Maps

Tecnologia

O Itaú Unibanco já modernizou 60% da sua plataforma tecnológica, multiplicando por 15 a velocidade de implantação tecnológica em cinco anos, segundo informou o banco. As medidas incluem a integração de sistemas, migração para nuvem e agilidade na automação de processos. Entre as mudanças, o Itaú usou as soluções DialMyApp para converter chamadas de call center em menus visuais de autoatendimento para os clientes.

Energia

O Brasil está registrando um cenário de chuvas abaixo da média e aumento da demanda. Boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS) mostra que os reservatórios das hidrelétricas do Norte estão com 88,5%, o Nordeste com 66,8%, o Sudeste/Centro-Oeste com 61,6%. Já o consumo este mês deve ter aumento de 6,4%, com alta de 11,6% no Sul, 13,2 % no Norte, 7,9% no Nordeste e 3,3% no Sudeste/Centro-Oeste.